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Certificação da Cachaça
Os produtores mineiros de cachaça de alambique, também chamada de artesanal, estão otimistas com a possibilidade de a certificação nacional criada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) favorecer a divulgação do produto. A criação do certificado foi anunciada este mês, na tradicional região produtora de Salinas, Norte de Minas. Várias entidades mineiras, gaúchas e baianas do setor assinaram um acordo para adequar a produção de cachaça de alambique dentro da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) do governo federal.
Para atestar a qualidade e o padrão do produto artesanal, algumas associações e cooperativas de alambiques criaram selos de qualidade para orientar o consumidor. Contudo, a certificação do Inmetro dará um padrão nacional à bebida. Os apreciadores da cachaça artesanal podem ficar tranqüilos: a intenção não é deixar todas com o mesmo gosto, mas com um padrão de qualidade industrial, apesar da origem artesanal.
"Vou mandar a minha cachaça para a certificação (do Inmetro). Já tenho tudo o que a lei de produção exige, mas uma certificação é bem-vinda e pode abrir mercado", disse o produtor Manoel Teixeira de Souza, que fabrica a cachaça Monte Alvão, na região de Itatiaiuçu. O empresário aposta na mudança do hábito de consumo do brasileiro, que reconhece a cachaça artesanal como uma bebida que pode substituir o conhaque, vodca e uísque. Os 500 litros produzidos por ele todos os dias têm como destino o Ceará, Pará, Piauí, Bahia, Região Sul, além de outras cidades mineiras.
Dos 500 milhões de litros de cachaça artesanal fabricados anualmente no Brasil, metade vem dos alambiques mineiros. A Cooperativa da Cachaça de Minas Gerais (Coocachaça) estima que existam 8,5 mil produtores da bebida no Estado. Apesar do grande número de alambiques, a taxa de informalidade é alta, sendo que 60% são clandestinos. Apenas 600 marcas de cachaça mineiras têm registro. "A informalidade é um problema sério do setor atualmente, por isso várias entidades têm trabalhado para mudar isso", disse Aureliano Pires, diretor-comercial da Coocachaça.
No programa de certificação da cachaça estão previstos investimentos de R$ 5 milhões, com recursos angariados entre as entidades que assinaram o acordo, para a estruturação de laboratórios de análise. A intenção é manter três em Minas, um no Rio Grande do Sul e outro na Bahia. Durante a cerimônia de assinatura do acordo, o diretor do Inmetro, Alfredo Lobo, disse que o certificado de qualidade deve melhorar a aceitação da bebida no exterior. "Ainda há uma insegurança dos importadores", disse na ocasião. As vendas externas de cachaça chegam a 11 milhões de litros.
Estado de Minas18/07/2005