Notícias
Notícias
Avanço da metrologia
A palestra do prof. Jornada, diretor do Inmetro, no Enqualab 2003 - Encontro para a Qualidade de Laboratórios, promovido pela Rede Metrológica do Estado de São Paulo, gerou matéria na Revista Controle & Instrumentação. Leia a íntegra da matéria.
Nascem novas diretrizes para o avanço da metrologia brasileira
Não há como negar que, além de essencial para a vida humana, a metrologia é diversificada, abrangente, envolve várias disciplinas e um amplo leque de necessidades dos usuários - com grande número de particularidades. No atual mundo industrializado as operações metrólogicas representam cerca de 5% do PIB.
Com o objetivo de prover confiança para as medições, a metrologia também tornou-se um dos assuntos mais abordados no Brasil. Para debater as principais inicitivas da área, recentemente, especialistas do setor reuniram-se no Enqualab 2003 - Encontro para a Qualidade de Laboratórios, promovido pela Rede Metrológica do Estado de São Paulo. “Atualmente existe uma conscientização muito maior sobre a importância da metrologia no Brasil, fruto principalmente da necessidade de se demonstrar confiabilidade nas medições em um grande número de situações, que impactam a economia, a saúde do cidadão, os direitos do consumidor e a preservação do meio ambiente, por exemplo”, diz o diretor de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro, professor João Alziro Herz da Jornada, um dos palestrantes do evento.
Segundo Jornada, o fenômeno da globalização gerou uma grande demanda por uniformidade nas medições, e portanto por referências metrológicas aceitas internacionalmente. “No comércio exterior, as antigas barreiras tarifárias estão sendo drásticamente reduzidas e a proteção de mercados nacionais é, muitas vezes, feita pelas chamadas barreiras técnicas, onde sutilezas com relação a aspectos metrológicos desempenham papel importante”, ressalta.
Considerada a base física da qualidade, a metrologia é também fundamental para a competitividade, tanto como ferramenta para a qualidade como um importante fator de inovação tecnológica - quer em processos produtivos, quer em produtos. O governo também mostrou que está engajado: o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MIDC) e outras importantes instâncias do Governo Federal, elaboraram recentemente o Roteiro para Agenda de Desenvolvimento, onde a metrologia aparece com destaque.
Mas, nem sempre, este assunto foi tão reconhecido e discutido como hoje. Nos últimos anos, houve uma considerável melhora na infra-estrutura metrológica brasileira, tanto no Inmetro - que completa 30 anos este ano-, como no grande número de laboratórios prestadores de serviços de calibração e ensaios, além daqueles do chão de fábrica, nas empresas. “Com relação especificamente ao Inmetro, logrou-se uma substancial melhora nos laboratórios, com recursos dos fundos setoriais e da própria instituição”, diz o professor. Entre as mudanças que se destacam estão: a implantação da Divisão de Metrologia Química, que já está funcionando com padronização primária de pH e importantes trabalhos com as técnicas de cromatografia e espectrometria de absorção atômica; a entrada em operação da Divisão de Metrologia de Materiais; a instalação de um radiômetro criogênico permitindo padronização primária em intensidade luminosa; a recente aquisição de um gonio-fotômetro para padronizações primárias na área de fotometria - fundamental para prover rastreabilidade às avaliações de desempenho de lâmpadas e luminárias; a instalação do laboratório de torque; entre outros. Quando o assunto é Metrologia Industrial observa-se uma considerável ampliação no número de grandezas, que exigem um maior rigor metrológico para seu controle, especialmente no domínio da química. Por outro lado, segundo o professor, observa-se também uma redução das incertezas da medição em praticamente todas as grandezas demandadas pela indústria. “Um aspecto também digno de nota é o maior rigor exigido no trato das incertezas de um aspecto fundamental das medições, que é a avaliação das incertezas. Um outro é a crescente importância de ensaios de proficiência como instrumentos para estimular e demonstrar a qualidade de laboratórios responsáveis por calibrações e ensaios. A extensão da abordagem metrológica para as áreas da biologia e saúde é um processo muito importante que agora está se estruturando em sua plenitude”, ressalta. Há uma outra coisa que não se pode negar: a metrologia brasileira está se firmando rapidamente no cenário internacional, e o país está cada vez mais presente em importantes fóruns internacionais ligados ao assunto. Segundo Jornada, além do BIPM, cabe destacar a ativa participação brasileira no SIM (Sistema Interamericano de Metrologia), que congrega os institutos nacionais de metrologia das Américas. Juntamente com o México, o Brasil exerce uma reconhecida liderança em metrologia na América Latina. “O Inmetro, como um órgão fundamental para a metrologia brasileira, tem realizado um intenso trabalho no sentido de se desenvolver segundo os paradigmas consagrados nos países mais avançados, onde o Instituto Nacional de Metrologia não é apenas um depósito de padrões, mas um lócus de conhecimento avançado e um poderoso instrumento de política industrial e de desenvolvimento”, diz. Recentemente foi aprovado o documento Diretrizes Estratégicas para a Metrologia Brasileira 2003/2007 , que segundo Jornada, teve uma excelente repercussão. “O que não é de causar surpresa, tendo em vista que ele foi gerado num amplo processo de participação, onde aparecia claramente a necessidade de um instrumento dessa natureza, não apenas para orientar ações e estimular sinergias, mas também para estabelecer uma clara base conceitual, orientada pelas mais consagradas experiências da comunidade internacional”.
O diretor do Inmetro faz questão de ressaltar que esta base conceitual clara é fundamental para evitar ambigüidades e viabilizar ações coordenadas e eficientes neste universo complexo da metrologia, que além de sua abrangência temática natu