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ABNT entrevista Mariante
O presidente do Inmetro, Armando Mariante Carvalho, revela nesta entrevista que o Inmetro e a Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT) são almas gêmeas nas questões da qualidade no Brasil.
Durante a solenidade de entrega de troféus e diplomas do Brasil Premium às empresas que mais se destacaram, pelo seu nível de qualidade, no mercado internacional, evento apoiado pela ABNT e realizado no dia 9 de junho em São Paulo com a participação do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, o presidente do Inmetro, Armando Mariante Carvalho, concedeu entrevista exclusiva ao Boletim da ABNT. Ele falou sobre o tema qualidade como arma fundamental para o sucesso das empresas que ambicionem conquistar mercados externos, enfatizou a parceria Inmetro/ABNT, demonstrou seu otimismo na revitalização do Mercosul e nas produtivas relações dos países que compõem o bloco e alertou, ainda, para a necessidade das entidades certitificadoras e normalizadoras preparem-se para a forte demanda que vem por ai.
Boletim ABNT – Como as empresas brasileiras devem se posicionar no mercado externo, já que temos uma participação muito pequena nas exportações mundiais?
Mariante – O Brasil precisa cada vez mais se impor nas questões das trocas com o exterior. Essa imposição mais que quantitativa tem de ser qualitativa. Ou o País dispõe de um elenco de produtos de qualidade internacionalmente reconhecida, respaldado por um fluxo regular de exportações, ou estará alijado do grande bazar internacional.
Boletim ABNT – Já temos condições de encarar as grandes potências exportadoras, em mercados altamente competitivos?
Mariante – O compasso da música, hoje, é ditado pela forte participação dos países desenvolvidos do primeiro mundo e o ingresso para o baile é a questão da qualidade. Infelizmente, o que se assiste com freqüência são os países do terceiro mundo literalmente barrados no baile, pela falta de qualidade.
Boletim ABNT – Entidades como o Inmetro e a ABNT têm como contribuir para capacitar o empresariado brasileiro a consolidar sua posição nos mercados internacionais?
Mariante – O Inmetro e a ABNT são almas gêmeas nas questões da qualidade no Brasil. O Inmetro contribuindo com a metrologia (padrões nacionais), o credenciamento de organismos de certificações e a definição dos procedimentos de avaliação da conformidade. A ABNT com as normas técnicas que têm de ser, de um lado, genuinamente brasileiras e, de outro, concatenadas com as exigências do cenário internacional. Essa atuação conjunta Inmetro/ABNT é fundamental para todas as questões que permitem qualidade de produtos no Brasil. Exemplo é o Ceflor ou a certificação florestal, em que a ABNT, com o apoio do Inmetro, elaborou o conjunto de normas técnicas e, a partir daí, foram elaborados os procedimentos de avaliação da conformidade e credenciados os organismos certificadores. Detalhe importante nesse contexto é o reconhecimento internacional, de que desfruta o Inmetro atualmente, o que faz com que as certificações, assim como os ensaios de laboratórios feitos no Brasil por entidades credenciadas pelo Inmetro, tenham aceitação no exterior.
Boletim ABNT – Qual sua visão sobre uma revitalização das negociações entre os países do Mercosul, principalmente após a consolidação dos novos governos do Brasil e Argentina?
Mariante – É fato incontestável que a negociação entre blocos econômicos é um caminho inexorável. Vejo o Mercosul, mesmo com todas as eventuais dificuldades, como caminho sem volta e transcendendo o próprio bloco. Essa negociação tende a integrar toda a América do Sul. Essa mensagem tem sido claramente dada pelo governo Lula. Nesse sentido, a parceria Inmetro/ABNT é fundamental até porque as duas entidades têm histórico e densidade sem paralelo no continente. Prova disso é que países irmãos têm nos procurado de forma crescente em busca de harmonização do instrumental. Na administração de Pedro Buzzato, a parceria Inmetro/ABNT ficou mais fácil e mais óbvia. Primeiro, porque o Pedro conhece bem o Inmetro, tem bom conhecimento da necessidade de integração e a ela vem conferindo prioridades. Segundo, porque Pedro, como presidente do Conselho deliberativo da ABNT, tem visão global, facilita muito o entendimento.
Boletim ABNT – Como manter a harmonização do Mercosul, com a existência, ainda, de diferenciação dos níveis tecnológicos entre os países do bloco?
Mariante – O Brasil já vem dando assistência aos países que não têm o mesmo nível de desenvolvimento. Para a formação de um bloco, não é preciso que os estágios de desenvolvimento sejam similares. O necessário é complementaridade, o conhecimento do cenário internacional e a vontade política de realização. O conhecimento internacional é importante para não nivelar por baixo, não pode ser um bloco terceiromundista, mas um bloco preparado para uma visão mundial. Nesse contexto, deve-se preservar a soberania de normas, mas normas que tenham aceitação no países mais adiantados, o q