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O ciclo da vida na floresta: INMA apresenta ao público da SBPC o pau-brasil, árvore que deu nome ao país, suas interações, seu estado de conservação e as ameaças à espécie
Plantio de pau-brasil, destaque para flor e fruto
O pau-brasil é uma espécie em perigo de extinção, que serve de suporte para espécies de plantas, como bromélias, alimenta abelhas polinizadoras, garante a riqueza do solo e é importante nos processos de restauração de Mata Atlântica, principalmente em plantios de enriquecimento para promover biodiversidade. Árvore que deu nome ao nosso país, é o eixo central do estande do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) na Avenida da Ciência, mostra de ciência e tecnologia organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece de 24 a 30 de julho, na Universidade de Brasília.
O tema da SBPC este ano é “Ciência, independência e soberania nacional”. Por isso, o INMA elegeu o pau-brasil como eixo de sua exposição, por sua relação com a história do Brasil e sua importância científica. Espécie endêmica da Mata Atlântica, integra pesquisas multidisciplinares no INMA sobre o ciclo de vida na floresta. Os estudos realizados atualmente sobre a espécie subsidiam a proposta de reavaliação de risco e o estabelecimento de um plano de ação para a proteção e restauração dos fragmentos florestais com ocorrência de pau-brasil.
No Brasil, 1.173 espécies de fauna e 2.953 espécies de flora encontram-se ameaçadas de extinção. Com relação à fauna, 50,5% dessas espécies ocorrem na Mata Atlântica e 56,6% das espécies da flora, sendo esse o bioma com o maior número de espécies nesta condição. Entre as espécies de flora ameaçada está o pau-brasil – Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, Lima & Lewis.
As principais ameaças ao pau-brasil são a perda de habitat, a superexploração da madeira durante os últimos 500 anos, tanto para tintura como para construção civil, e, recentemente, para a produção de arco de instrumentos de corda. Tais impactos causaram um intenso declínio na qualidade do habitat, na extensão de ocorrência, na área de ocupação e na drástica extinção de subpopulações. Essas extinções locais foram responsáveis pela fragmentação na distribuição da espécie, causando redução da variabilidade genética, com fluxo gênico cada vez mais limitado entre as subpopulações.
Embora apenas uma espécie seja reconhecida, as pesquisas demonstraram que as populações de pau-brasil apresentam diferenças genéticas e morfológicas, por isso, sustentam a distinção de três morfotipos: pau-brasil-folha-grande, pau-brasil-folha-média e pau-brasil-folha-pequena, esse último existindo somente no Espírito Santo, estado onde o INMA está instalado.
Pesquisadores do INMA apresentarão ao público as características dessa espécie e suas interações que contribuem para o ciclo da vida na floresta. A floresta é formada por um conjunto de interações dos organismos vivos – plantas, animais e microorganismos – com elementos como água, ar, solo e minerais. A esse conjunto chamamos ecossistema. Essas interações garantem a continuidade da floresta e de todos os serviços ecossistêmicos por ela fornecidos.
As flores do pau-brasil são perfumadas e com corola amarela, atraindo os polinizadores que garantem a migração genética entre as populações esparsas de poucos indivíduos. Os principais polinizadores são abelhas de médio a grande porte dos gêneros nativos Centris e Xylocopa - em declínio devido a alterações nas paisagens, que geram perda de habitat. Appis mellifera, outro importante polinizador, é uma espécie introduzida, compete por néctar e pólen, contribuindo na redução das populações de abelhas nativas.
Os frutos do pau-brasil são vagens revestidas de acúleos, semelhantes a pontas agudas, que evitam a predação, principalmente por aves. Quando amadurece, o fruto seca e sua abertura explosiva lança as sementes à distância, que podem germinar e se estabelecer. Ao longo desse processo, tanto as sementes quanto as novas plantas podem servir de alimento para diversos tipos de animais.
A SBPC
Após dois anos de atividades virtuais por conta da pandemia de coronavírus, a Reunião Anual da SBPC será realizado presencialmente, nos quatro campi da Universidade de Brasília (UnB) – Darcy Ribeiro, Ceilândia, Gama e Planaltina. O maior evento científico da América Latina acontece de 24 a 30 de julho e terá como tema "Ciência, independência e soberania nacional", em alusão ao ano que marca o bicentenário da Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna.
Com uma programação recorde, esta 74ª edição traz também uma grande novidade: ela terá formato híbrido, com 117 atividades presenciais e 110 online, com transmissão pelo YouTube. O objetivo é ampliar ainda mais o público participante deste grande evento.
O evento contará também com atrações como a SBPC Jovem (exposição voltada para estudantes do ensino básico e público em geral), a ExpoT&C (mostra de ciência e tecnologia), a SBPC Cultural (apresentação de atividades artísticas regionais e discussões sobre temas relacionados às artes e à cultura), além da SBPC Afro e Indígena, SBPC Educação e a SBPC Inovação.
A 74ª edição da Reunião Anual será encerrada com o Dia da Família na Ciência, em um sábado dedicado à integração entre cultura, ciência e recreação para crianças, jovens e seus familiares.
Confira aqui informações sobre o evento: https://ra.sbpcnet.org.br/74RA/.
AVENIDA DA CIÊNCIA
Tenda UNB - Centro Comunitário Athos Bulcão - Campus Universitário Darcy Ribeiro
Universidade de Brasília (UnB)
24 a 30 de julho de 2022
8 às 18 horas
Entrada gratuita