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Comitê de Busca
Diretor do INMA é reconduzido ao cargo para mandato de 4 anos
Diretor do INMA, Sergio Lucena Mendes, é reconduzido ao cargo para um mandato de 4 anos
O ecólogo Sérgio Lucena Mendes foi reconduzido para um novo mandato de quatro anos como diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A nomeação, publicada hoje no Diário Oficial da União, é assinada pelo Ministro do MCTI Paulo Alvim. A escolha foi feita a partir de lista tríplice encaminhada pelo Comitê de Busca para Diretor do INMA, instituído pelo Ministério e presidido pela diretora do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Mônica Tejo Cavalcanti.
Nesta entrevista, Sérgio Lucena faz um balanço de sua gestão, iniciada em dezembro de 2017, e apresenta planos para o novo mandato.
Quais foram as principais conquistas do INMA nos últimos quatro anos?
Desde 2018 temos procurado alinhar as ações do INMA a três programas estruturantes: (1) rede para o compartilhamento de informações sobre a Mata Atlântica; (2) pesquisa integrada de ecossistemas e desenvolvimento sustentável; e (3) divulgação e popularização da ciência em biodiversidade. Esses programas associam-se aos temas da Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação, especialmente aqueles relacionados a água, biomas, ciências, clima e saúde. Diante da escassez de servidores permanentes, procuramos fortalecer nosso Programa de Capacitação Institucional (PCI/INMA) criando seis projetos, executados sobretudo por bolsistas de alta qualificação, que são essenciais para o cumprimento dos objetivos estratégicos do INMA. Com isso, já aumentamos significativamente a produção científica do Instituto, com a publicação de diversos artigos em revistas internacionais e três livros sobre a história de Augusto Ruschi. Por intermédio de uma ação vigorosa na área de divulgação científica temos conseguido levar a ciência produzida pelo INMA ao público geral. Cabe destacar, também, nossos investimentos na conservação e segurança das coleções científicas, bem como a adoção de uma série de medidas visando melhor ordenamento e fluidez nas questões de natureza administrativa. Uma conquista muito importante foi a elaboração, em 2021, de nosso Plano Estratégico (2021-2030), destacando que o INMA deve buscar a sua excelência atuando nas lacunas de conhecimento, contribuindo para a integração, síntese e difusão dos saberes relacionados à Mata Atlântica brasileira.
Quais os desafios enfrentados?
A pandemia de COVID-19 impôs um desafio muito grande para o programa de estruturação do INMA, impactando metade do período de nosso mandato. Certamente mais do que instituições já bem estabelecidas, o INMA teve dificuldade de manter suas atividades técnico-científicas, além de ter interrompido a recepção de visitantes, atividade de grande relevância para o Instituto. Independente da pandemia, o maior desafio para o INMA foi e continua sendo a constituição de equipe de trabalho adequada. Nos últimos anos investimos na busca de servidores de outras unidades do MCTI e de outros ministérios, visando constituir equipe de trabalho minimamente apropriada, já que não foram autorizados concursos públicos. Mas há uma carência generalizada de servidores em todo o MCTI e a movimentação de servidores entre ministérios tem muitos obstáculos administrativos. De qualquer forma, conseguimos alguns servidores essenciais para manter a instituição funcionando e assumir novas responsabilidades inerentes a um instituto nacional de ciência e tecnologia. Outro grande desafio tem sido a demanda de infraestrutura. A área física do INMA é constituída por um parque zoobotânico arborizado, com edificações de valor histórico, mas com poucas opções de expansão da infraestrutura. Nos últimos anos foram feitas adaptações para melhorar a disposição das coleções biológicas, porém os espaços disponíveis são insuficientes. Além disso, os ambientes de trabalho estão em imóveis antigos, como a Casa de Augusto Ruschi, que não atendem adequadamente a essa finalidade. Recentemente o INMA elaborou um estudo que detalha as demandas de espaço paras as diferentes instalações do Instituto, ficando clara a necessidade de um novo campus, destinando as instalações atuais às atividades educativas e de divulgação da ciência. Os novos desafios serão a busca de um terreno para esse campus nas imediações da atual sede do INMA, a elaboração de projetos arquitetônicos e executivos e a captação de recursos financeiros para a realização de obras.
Quais são os planos para este novo mandato?
Dentre os planos que apresentamos ao Comitê de Busca para Diretor do INMA, alguns podem, efetivamente, ser executados em quatro anos, outros são planos continuados e outros devem ser iniciados para execução em gestões futuras. Como exemplo cabe destacar o inventário e monitoramento da biodiversidade e suas funções ecológicas na região central-serrana do estado do Espírito Santo; a articulação de um programa nacional de compartilhamento de dados sobre a Mata Atlântica brasileira; a Iniciativa Regenera Brasil, componente Mata Atlântica, que investiga a melhor ciência disponível para a restauração de ecossistemas; a continuidade das ações de divulgação da ciência, sobretudo envolvendo escolas e visitantes do INMA; a criação do “Museu Casa Augusto Ruschi”, abordando a história do naturalista e da instituição por ele criada; a publicação regular de obras e do periódico “Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão – Série INMA”; a realização e apoio a eventos científicos, especialmente a organização bienal do “Seminário Nacional da Mata Atlântica”; e o estabelecimento de uma rede de parceiros e colaboradores para a criação de uma plataforma digital intitulada “Observatório da Biodiversidade da Mata Atlântica”, buscando tornar o conhecimento existente sobre esse bioma mais acessível e utilizável para estudantes, gestores e tomadores de decisão. Essas últimas ações focam em demandas que ficaram ainda mais claras com o Plano Estratégico do INMA, que aponta para sua consolidação como instituição de impacto nacional, atuando em rede e produzindo sínteses para que o conhecimento disponível sobre a Mata Atlântica subsidie políticas públicas e melhore a vida das pessoas.
Que caminhos o Sr. vislumbra para driblar a falta de pessoal e orçamento restrito?
Para a falta de pessoal precisamos buscar apoio político visando à autorização de concursos públicos e à liberação de funções gratificadas pelo Ministério da Economia para a adequação da estrutura de gestão do Instituto. Além disso, criaremos um grupo de trabalho com servidores do INMA e profissionais convidados com o objetivo de mensurar as demandas institucionais, identificar as principais carências de pessoal e de estrutura de gestão e propor soluções, seja por intermédio de parcerias, contratações ou mesmo arranjos institucionais, que permitam que o INMA tenha uma equipe e estrutura de trabalho eficiente e eficaz. No campo orçamentário temos que continuar buscando, junto ao MCTI, recursos suplementares para custear os projetos e estabelecer parcerias com outras instituições públicas, de maneira a compensar a carência de recursos orçamentários. Com o desbloqueio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) novas oportunidades estão surgindo, a exemplo dos editais FINEP de infraestrutura, aos quais o INMA deve concorrer. Também é importante manter parceria com o estado do Espírito Santo, onde o INMA está sediado, visando à execução de projetos de interesse comum, como fez nos últimos quatro anos. Seguindo prioridades definidas em seu Plano Estratégico, o INMA tem como um dos seus focos de interação as empresas do setor florestal. O Instituto já iniciou parceria com esse setor na temática da restauração da Mata Atlântica e deverá avançar nesse diálogo, visando ao apoio na realização de ações de conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Para as demandas de infraestrutura, o INMA deverá, também, continuar a se empenhar na busca de recursos por intermédio de emendas parlamentares.