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Atlantic Ants: pesquisadores listam a biodiversidade de formigas da Mata Atlântica
Uma equipe composta por cerca de 200 pesquisadores de 127 instituições brasileiras e internacionais que realizam pesquisas na Mata Atlântica, dentre eles o pesquisador do INMA Ricardo E. Vicente, juntaram esforços para listar a diversidade de formigas conhecidas até o momento para esse bioma. O esforço da equipe gerou um banco de dados intitulado “ATLANTIC ANTS: a data set of ants in Atlantic Forests of South America”, que foi publicado na conceituada revista internacional Ecology, contendo 153.818 registros de formigas de 7.636 locais de estudo na Mata Atlântica. Os registros listaram uma diversidade de formigas da Mata Atlântica pertencentes a 10 subfamílias, 99 gêneros, 1.114 espécies de formigas identificadas e 2.235 morfoespécies (provavelmente espécies ou variações a serem descritas).
Para gerar esse banco de dados, os pesquisadores compilaram 18.713 registros em coleções, 29.651 registros não publicados fornecidos pelos autores do artigo e 106.910 registros de 1.059 referências publicadas entre 1886 a 2020. Além dos registros compilados dos trabalhos publicados, pesquisadores especialistas checaram material depositado nas coleções, em busca de corrigir possíveis erros e tentar dar nome aos morfotipos das espécies não identificadas.
“Esse fabuloso banco de dados reduz a lacuna de conhecimento das espécies nesse bioma (déficit Linneliano), revelando a grandiosa biodiversidade de formigas da Mata Atlântica, além de minimizar as lacunas de distribuição das espécies de formigas (déficit Wallaceano), pois o estudo cobre uma ampla extensão do continente sul-americano”, explica o pesquisador Ricardo Vicente. “Esse banco de dados pode servir de base para pesquisadores desenvolverem estratégias para lidar com diferentes questões macroecológicas e regionais. Por fim, os dados ainda podem ser usados para avaliar as consequências das mudanças no uso da terra na Mata Atlântica em diferentes processos ecológicos”, completa. A utilização desse conjunto de dados não tem restrição de direitos autorais, sendo recomendado somente que o documento seja citado como referência.
Dois estudos estão sendo feitos por pesquisadores do INMA com a utilização do banco de dados Atlantic Ants. Um deles, realizado pelo pesquisador Jorge Souza, visa determinar a eficácia do uso de substitutos taxonômicos na conservação da biodiversidade de formigas na Mata Atlântica. "Monitorar a biodiversidade é uma tarefa importante, mas requer um grande investimento de recursos. Uma forma de diminuir os recursos e o tempo gasto na pesquisa tem sido a utilização de táxons substitutos, e gêneros de formigas têm-se revelado substitutos taxonômicos eficientes para o estudo de vários aspectos ecológicos de comunidades", explica Jorge. O estudo está em fase de finalização do artigo para submissão a uma revista científica.
Outro trabalho, liderado pelo pesquisador Ricardo E. Vicente, busca entender como estão distribuídos os estudos nos ecossistemas da Mata Atlântica, de forma a mapear a representatividade dos ecossistemas rupícolas nas pesquisas realizadas até agora, apontando lacunas de amostragem e impactos ambientais nesses ecossistemas. “Os ecossistemas rupícolas da Mata Atlântica compreendem campos de altitude, campos rupestres e inselbergs, mas menos de 1% dos estudos realizados até agora foram nestes ecossistemas!”, afirma Ricardo. Por esse motivo, o trabalho também compreende realizar coletas e receber formigas de pesquisadores que trabalham nesses ecossistemas, de forma a ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade presente nesses ambientes, bem como conhecer a história natural dessas espécies e aumentar a representatividade da biodiversidade de invertebrados desses relictos nas coleções de referência da Mata Atlântica, como a do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão.
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