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Lançamento de livros e apresentações culturais integram programação
INMA celebra aniversário do cientista Augusto Ruschi
Pesquisador Augusto Ruschi alimenta beija-flor na varanda da casa que atualmente faz parte do Museu de Biologia Professor Mello Leitão no Instituto Nacional da Mata Atlântica, em Santa Teresa-ES
No próximo dia 17, o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) promove uma programação especial para celebrar o aniversário de nascimento do cientista Augusto Ruschi, fundador do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, instituição gerida pelo INMA.
Na ocasião, serão lançados três livros. “A militância conservacionista de Augusto Ruschi: práticas científicas e estratégias políticas para a conservação da natureza no Brasil”, da historiadora Alyne dos Santos Gonçalves, resulta de sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em que a pesquisadora analisou as atividades científicas e políticas de Ruschi. Para tanto, ela se baseou principalmente em documentos de arquivo (cartas, ofícios, anotações de campo, relatórios de pesquisa, entre outros), analisados ao longo de seu trabalho de organização do Arquivo Augusto Ruschi.
O livro “O homem, a mata e o beija-flor: Augusto Ruschi e a conservação da natureza no Brasil”, escrito pela advogada e socióloga Juliana Capra Maia e pelo historiador José Luiz de Andrade Franco, também resulta de tese de doutoramento, defendida na Universidade de Brasília (UnB). Orientada por José Luiz, inicialmente Juliana tinha como objeto a legislação ambiental, mas, durante o curso, mudou de tema e dedicou-se a estudar a obra de Ruschi e seu trabalho pela conservação da natureza, a quem conhecia devido à sua ampla projeção.
A terceira obra é “Síntese da biodiversidade em unidades de conservação no estado do Espírito Santo”, publicada pelo INMA, resultado do projeto “Rede de Compartilhamento de Dados e Divulgação da Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo (RIMA-ES)”, realizado em parceria com o governo capixaba, por intermédio da SEAMA, IEMA e FAPES. O projeto fez um amplo estudo envolvendo 20 Unidades de Conservação no Espírito Santo. Os dados da publicação servem de base para o planejamento de estratégias e ações no intuito de implementar a proteção da biodiversidade deste bioma.
O evento presta uma homenagem ao cineasta Orlando Bomfim Netto, que faleceu em julho deste ano, no Rio de Janeiro. Teresense como Ruschi e um dos maiores representantes da cultura capixaba, Netto lançou, em 1979, o documentário “Augusto Ruschi Guainunbi” – beija-flor, na língua tupi –, apresentando a atuação de Ruschi na defesa incansável da natureza.
A programação inclui ainda a apresentação de Paulo de Barros, curador da mostra itinerante “Família Pomerana: Francisco Seibel – Fotografias [1930 – 1960]”, que está em exibição no INMA; e, completando a aproximação com a cultura pomerana, haverá a apresentação do grupo folclórico Os Pomeranos, de Santa Maria de Jetibá.
O evento começa às 17 horas e é aberto ao público, estando sujeito à capacidade do auditório considerando as regras sanitárias em virtude da pandemia do novo coronavírus.
Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia no Brasil
Augusto Ruschi nasceu em 12 de dezembro de 1915, em Santa Teresa/ES. Foi o oitavo dos doze filhos do agrimensor Giuseppe Ruschi e da dona de casa Maria Roatti Ruschi. Ainda criança, manifestou paixão pela biologia, tornando-se colecionador de orquídeas, bromélias e insetos, espécies encontradas na rica região de Mata Atlântica em que ele morava, onde hoje está instalado o INMA.
Em 1940, Ruschi formou-se em agronomia pela Escola Superior de Agricultura, Veterinária e Química Industrial de Campos. Dez anos depois, concluiu sua segunda graduação, Ciências Jurídicas, na Faculdade de Direito do Espírito Santo, hoje, a UFES.
As boas relações de sua família o levaram ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, cujas portas lhe foram abertas pelo zoólogo Cândido Firmino Mello Leitão. No Museu Nacional, Ruschi realizou diversas excursões científicas, mapeando regiões pouco exploradas do Brasil, especialmente do Espírito Santo, e procedeu ao colecionamento biológico de diversos exemplares de fauna e flora.
O professor Mello Leitão faleceu em dezembro de 1948. Para homenageá-lo, Ruschi batizou com o nome do mestre e amigo o museu que fundou em 26 de junho de 1949. O museu foi instalado na propriedade doada por sua mãe, onde o cientista deu continuidade às atividades ligadas ao colecionamento biológico, aos estudos de zoologia, botânica, ecologia e conservação da natureza.
À frente do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Ruschi teve projeção mundial. Seu maior reconhecimento se deu pelas pesquisas com beija-flores, especialmente pelas técnicas que desenvolveu para captura, transporte, criação e reprodução em cativeiro.
Ruschi participou de diversas associações científicas, como a Academia Brasileira de Ciências. Pelo seu destacado papel na produção de conhecimentos sobre o ambiente natural e na defesa da vida, foi agraciado com diversos prêmios e medalhas. Postumamente, em 1994, recebeu o título de Patrono da Ecologia no Brasil.
O cientista Augusto Ruschi faleceu no dia 3 de junho de 1986, em decorrência de uma doença no fígado. Seu legado se mantém vivo e é expandido com a atuação do INMA, com ações e pesquisas inspiradas em suas descobertas, atividades e pensamento em prol da biodiversidade e da conservação da Mata Atlântica.
PROGRAMAÇÃO
Augusto Ruschi - 106 anos
17 de dezembro de 2021, às 17 horas
Local: Museu de Biologia Prof. Mello Leitão - Instituto Nacional da Mata Atlântica
Avenida José Ruschi, 4 – Centro, Santa Teresa/ES
Lançamento dos livros
Síntese da Biodiversidade em Unidades de Conservação no Estado do Espírito Santo – INMA
A Militância Ambiental de Augusto Ruschi – Alyne dos Santos Gonçalves
O Homem, a Mata e o Beija-Flor: Augusto Ruschi e a Conservação da Natureza no Brasil – Juliana Capra Maia e José Luiz de Andrade Franco
Exibição de documentário
Augusto Ruschi Guainunbi – Orlando Bomfim, netto
Mostra itinerante
Família Pomerana: Francisco Seibel - Fotografias [1930-1960] – Curadoria Paulo de Barros
Apresentação cultural
Grupo Folclórico Os Pomeranos