Tradução e Interpretação de Libras/Português
O ato tradutório em Libras, usando os aspectos da visualidade e validando o processo transcriativo no texto
Rafael Monteiro da Silva
A Teoria da Transcriação tem como objetivo recriar o texto original em outro texto na língua de chegada, usando em sua totalidade, todos recursos que a língua de chegada apresenta; e se oferecer como ferramenta durante o processo de reconstrução desse novo texto reproduzido na língua de chegada. Potencializando um olhar intermodal e intramodal, entendemos que, nesse jogo, se encontram as línguas, pois assim se faz o ato tradutório e interpretativo. No âmbito das Línguas de Sinais pode-se dizer que ela é a corporificação no texto de maneira semiótica, compreendendo os significados e exigindo a recriação de gestos e sinais. Além disso, nas línguas orais e sinalizadas, são colocadas em paralelo pelo ato tradutório e interpretativo, durante esse momento o profissional que assume seu papel de se colocar entre as línguas para a realização de tal, selecionando de maneira crítica a sua produção. Campello (2008) apresenta que o Surdo precisa ler através do uso da língua de sinais (que é visual), possuindo uma direção intermodal e alternando com aspectos intramodais destacados durante a construção dos significados. Rodrigues e Ferreira (2019), com o conceito de intermodalidade, explica que eventos que reúnem surdos e sinalizantes de diferentes línguas de sinais têm requerido a atuação de intérpretes surdos, os quais realizam, principalmente, a interpretação interlingual e intramodal gestual-visual, assim durante o processo de interpretação entre línguas de sinais, onde a atividade de tradutores e de intérpretes surdos ganha contornos muito singulares com destaque para processos e características não tão comuns à atuação de intérpretes interlinguais como, por exemplo, a atuação em direcionalidade direta, conhecida também como versão voz. Essa atuação intramodal tem um foco maior nas peculiaridades entre as modalidades sinalizadas, trazendo à tona diferentes sinais e expressões e se aproveitando em diversas vezes do uso das descrições imagéticas.
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Entre as memórias do passado e os desafios da pesquisa no tempo presente: entrevistas com alguns dos primeiros intérpretes de Libras do Brasil, realizadas durante a pandemia
Ana Paula Jung
Neiva de Aquino Albres
A presente comunicação se propõe a registrar o percurso metodológico utilizado durante a realização de entrevistas narrativas com alguns dos primeiros Intérpretes de Libras e Português que atuaram profissionalmente no contexto brasileiro nos anos 1980-1990 e que junto à comunidade surda vivenciaram momentos históricos importantes nas lutas e movimentos deste grupo. Estas entrevistas, parte fundamental no desenvolvimento dos estudos de Mestrado em andamento na PGET/UFSC, necessitaram de várias adaptações para sua efetivação. Considerando o contexto mundial de pandemia, nos interessa relatar quais foram as estratégias utilizadas para a construção do corpus em período de distanciamento social, visto que, inicialmente, tínhamos a intenção de realizar as entrevistas de maneira presencial e que a partir das restrições para a contenção da transmissão da Covid-19 este planejamento necessitou ser modificado. Neste sentido, foi preciso buscar outras formas de desenvolver as entrevistas, nas quais variadas ferramentas tecnológicas foram experienciadas para viabilizar a realização deste passo importante da pesquisa. Além de ser a forma necessária neste momento, segundo Janghorban, Roudsari e Taghipour (2014), a utilização de ferramentas virtuais de realização de videochamada é o que torna viável que as entrevistas ocorram nas condições mais convenientes aos participantes, além de possibilitar que estes encontros sejam gravados. Outras discussões, atreladas a história oral, relatam que a utilização “de entrevistas online foram [...] indispensáveis, assumindo que a ausência física do corpo não impede o êxito de uma entrevista” (, p. 3). Assim, definiram-se as ferramentas com as quais iniciamos os contatos com os participantes e no decorrer do desenvolvimento das entrevistas fomos aprimorando o uso dos recursos, optando por aqueles que possibilitaram maior conforto e comodidade aos participantes, sem perder de vista o rigor necessário ao desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica.
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Expressões idiomáticas: do Português para Libras
Amanda dos Santos
Valeria Fernandes Nunes
Investiga-se a tradução-interpretação de cinco expressões idiomáticas (mala sem alça, lavar as mãos, segurar vela, quebrar o galho e chutar o balde) do Português para Língua Brasileira de Sinais – Libras. Em relação às escolhas metodológicas, o presente trabalho é uma pesquisa qualitativa e tem como objetivo investigar escolhas de tradução-interpretação de expressões idiomáticas da Língua Portuguesa Brasileira para Libras. Como base teórica, analisam-se os seguintes estudos: Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF, JOHNSON, 1980; NEIVA, 2012); tradução-interpretação de expressões idiomáticas (QUADROS, 2004; OLIVEIRA, 2011; SEGALA, 2010; SAEED, 1997). Os resultados preliminares apontam que como estratégia linguística a tradução-intepretação em Libras optou por explicação das expressões idiomáticas ao invés da busca por possíveis expressões linguísticas equivalentes em português e Libras.
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Criação de sinais-termo na área da educação bilíngue
Tathiana Targine Nogueira
Tanya Amara Felipe
Por vários fatores sociais e políticos, os surdos tinham pouco acesso às universidades e ao não reconhecimento de uma língua patrimonial, que pode ter sido um dos fatores para a não utilização dessa língua como objeto de estudo e pesquisa. Sobretudo, a não criação de glossários ocasiona a soletração manual ou datilologia da terminologia, sem uma reflexão sobre o conceito. Por isso, o objetivo da pesquisa é proporcionar visibilidade aos dois grandes instrumentos linguísticos, a saber, dicionários e gramáticas, a fim de contribuir para que professores, intérpretes e discentes (surdos e ouvintes) tenham acesso a glossários específicos em Libras na área da Educação Bilíngue. Segundo Faulstich (2010), o glossário é um documento terminográfico que cataloga a criação de terminologias, destinado a atender um público que busca por informações lexicais precisas e que visam melhorar o seu desempenho linguístico, através do conhecimento de termos específicos de determinada área, que são, por vezes, apresentados em ordem sistêmica ou alfabética. Baseada em pesquisas atuais, sobre obras Lexicográficas e Terminográficas em Língua Brasileira de Sinais (TUXI, 2016), nossa pesquisa tem por objetivo refletir sobre esses conceitos e apresentar a dificuldade do processo tradutório através da equivalência. O corpus foi organizado pelo GT de discentes do curso e contém catorze sinais-termo de terminologias apresentadas no artigo Bilinguismo e Educação Bilíngue: questões teóricas e práticas pedagógicas (FELIPE, 2007). A reflexão proporcionou aos discentes surdos uma compreensão textual através da criação dos sinais-termo e das expressões-termo por áreas de conhecimento. Os resultados parciais demonstram que as pesquisas acadêmicas que apresentam glossários terminológicos com sinais da Libras ainda são pouco divulgadas e, por isso, a necessidade de elaboração de glossários para cada área específica é latente para as comunidades surdas acadêmicas, professores e intérpretes.
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O uso do resumo expandido em libras como ferramenta de facilitação de aprendizagem
Leonardo Ribeiro de Barros
Tanya Amara Felipe de Souza
O registro das informações acadêmicas tem sido elaborado através de vários gêneros acadêmicos, como: resumo e resumo expandido, resenha, trabalho de conclusão de curso – TCC, dissertação, tese, artigo, ensaio, livro, entre outros. O acesso através de resumo e resumo expandido é importante para que todos os docentes e discentes universitários, surdos e ouvintes, tanto em nível de graduação como de pós-graduação se familiarizem e produzam esses tipos textos. Mas essa produção acadêmica tem sido impressa em língua portuguesa, o que tem dificultado a acessibilidade para discentes surdos e, também, a criação de sinais-termo e o desenvolvimento de um know-how acerca de como um artigo em Libras pode ser elaborado, o que contribuiria para a redefinição de normas para a ABNT. A elaboração desses resumos expandidos tem exigido a criação de terminologias (KRIEGER, M.G. e FINATTO, M. 2004), específicas em libras e também tem propiciado a iteração de discentes surdos e ouvintes nesse processo de criação de glossário (FAULSTICH, 2010) a partir da discussões de artigos (FELIPE, 2018, 2012, 2012), que são referências bibliográficas da disciplina obrigatória do Mestrado que motivou a criação de sinais-termo (FAULSTICH, 2016; MOREIRA, 2020) para a elaboração da tradução dos textos para a libras, realizado por grupos de discentes surdos e ouvintes. É preciso refletir sobre as características e tamanho de um texto acadêmico em Libras, objetivos e quais os entraves para a não utilização e elaboração de textos acadêmicos em língua de sinais. A partir da proposta metodológica da Disciplina educação bilíngue (INES-mestrado), a elaboração de resumos expandidos e versão em libras de artigos estão propiciando a criação de sinais-termo específicos, que estão substituindo a datilologia de sinais-termo em língua portuguesa e tem promovido debates entre os discentes e docente com relação aos sinais-termo criados que podem ser mais adequados.
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