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Oficina para responsáveis de alunos do INES estreita laços por meio do bordado
A Divisão de Qualificação e Encaminhamento Profissional (Diepro), em parceria com professoras do grupo de pesquisa ArteGestoAção , do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), está oferecendo neste trimestre a oficina "Transbordados: Encontro entre Gestos e Arte" para responsáveis e familiares de alunos do Colégio de Aplicação (CAp/INES). O objetivo é incentivar a conversação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ancorada na prática do bordado. Para mães, avós, cuidadores e demais pessoas que precisam aguardar o término das aulas das crianças surdas ou estudantes com diferentes comprometimentos matriculados nas turmas de Educação Básica, é uma oportunidade de ocupar o tempo dentro do instituto com uma atividade que, além de prazerosa e agregadora, pode futuramente se tornar um ofício.
As aulas deste ano tiveram início em maio e acontecem toda terça-feira em duas turmas, pela manhã e à noite, guiadas pelas professoras do INES Lucia Vignoli, Joana Lyra, Lívia Buscácio e Bárbara Camila, além da psicóloga Lucila Lima, que também é servidora da casa. Segundo o grupo de pesquisa, a oficina é uma proposta de partilha de sensibilidades a partir da técnica do bordado, a fim de estabelecer maior apropriação da língua de sinais e a promoção de um espaço de convivência e acolhimento. São apresentados diversos tipos de bordado para estimular a criação e customização de produtos têxteis como bolsas, almofadas e roupas. "A ideia é criar um ateliê, que possa acolher essas famílias e também ajudar na relação não só entre elas, mas delas com os alunos", afirma a professora de Artes Lucia Vignoli.
Atualmente, há uma média de 15 pessoas frequentando a oficina. Entre os mais assíduos estão Joelson Souza, avô de Theyllon, e Allane Jardim, mãe de Ayla, que estuda na Educação Infantil (Sedin) do CAp/INES. "Sinto que aqui compartilhamos nossas preocupações e frustrações. E acho que também ajuda muito na interação entre mãe e filha, por exemplo, na alfabetização. É importante para nós, que antes não tínhamos tanto contato com a Libras, e de repente recebemos uma criança surda em nosso convívio, explorarmos melhor essa comunicação", conta Allane, formada em Pedagogia, enquanto mexe em linhas e agulhas e espera a filha de 3 anos sair da aula para voltarem juntas a São João de Meriti, cidade onde moram.
Segundo as professoras Lucia Vignoli e Joana Lyra, a oficina foi inspirada no trabalho da artista mineira Thereza Portes. "A ação de Thereza consiste em propor atividades com jovens e suas mães que estão aguardando atendimento no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte", explica Lucia. A iniciativa, portanto, além de estimular o potencial criativo dessas pessoas e a geração de uma rede de colaboração a partir da prática de trabalho coletiva, ampara a rotina dos estudantes com os familiares ou cuidadores. "A oficina é uma iniciativa emocionante, em que eles expressam sua criatividade por meio do bordado, enquanto fortalecem os laços com os alunos e a comunidade escolar", destaca a chefe de gabinete do INES, Patrícia Rezende.
As docentes planejam uma mostra na semana de 10 a 14 de julho, antes do período de férias escolares do colégio, para expor os trabalhos desenvolvidos durante as aulas na Diepro. Em maio, o grupo de pesquisa ArteGestoAção já havia participado de uma atividade baseada no conceito da oficina durante a 15ª edição da Festa Literária de Santa Teresa (Flist), conforme divulgado aqui .