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INES promove atividade de extensão em homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada há cinco anos
O Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) promoveu na última quarta-feira, dia 22 de março, a atividade de extensão "Não serei interrompida: memórias com Marielle", uma homenagem à vereadora, socióloga e ativista dos direitos humanos Marielle Franco, que foi assassinada há cinco anos, no dia 14 de março de 2018. Aberto ao público, o evento foi realizado em dois turnos, pela manhã e à noite, no auditório central do instituto. Entre os convidados, estavam pessoas próximas da parlamentar, como a mãe, Marinete Silva, e a deputada estadual Renata Souza, que resgataram memórias de sua atuação política em defesa dos direitos humanos no Rio de Janeiro.
Na mesa de abertura do evento, o professor do Ensino Superior do INES José Renato Baptista, que também conhecia pessoalmente Marielle, se emocionou ao apresentar Dona Marinete à plateia. "Minha filha assumiu um ativismo muito cedo, sempre quis ocupar espaços de poder. Tinha uma determinação enorme e teve projetos de lei aprovados mesmo depois de morta", contou a mãe. Para a coordenadora de extensão do INES, Marisa Gomes, sua admiração se conecta a questões identitárias: "Eu, como mulher preta e periférica, vejo em Marielle Franco uma importante figura de representatividade". Além dos citados, participaram da homenagem a diretora-geral Solange Rocha, e a diretora do Departamento de Ensino Superior, Elizabeth Serra. "Essa é uma aula de cidadania aos nossos alunos. Faz-se necessário discutir essa violência contra uma parlamentar barbaramente assassinada", observou Solange.
A deputada Renata Souza, ex-assessora de Marielle, destacou o baixo percentual de pessoas negras e mulheres em locais de poder, como o Congresso Nacional, e a importância da política na vida de cada cidadão. "A política define sobre nossa vida e nossa morte. É a política pública que define se você vai ter acesso a uma educação inclusiva, a serviços de saúde, se vai ter comida no prato... A política que Marielle nos ensinou traz como essencial o direito à dignidade humana", afirmou ela, que relembrou outras figuras femininas de destaque assassinadas, como a missionária Dorothy Stang e a juíza Patrícia Acioli. "Mulheres que se colocam na linha de frente da luta pela transformação social sofrem feminicídio político", concluiu, ressaltando ainda que o número de mulheres pretas assassinadas no Brasil aumentou cerca de 30% nos últimos anos.
À noite, foi a vez da socióloga Lia Rocha e do ativista Sidney Telles, que atuou com Marielle na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, falarem sobre sua amizade e trabalhos com a vereadora. Como pesquisadora acadêmica, ela estudou a militarização nas favelas cariocas. Em 2018, Marielle (postumamente) e Sidney receberam a Medalha Tiradentes, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Durante o evento, houve, ainda, a leitura e interpretação, em Língua Brasileira de Sinais (Libras), de um poema de autoria de Larissa de Paula Couto (confira no vídeo ao lado) e a inauguração de um mural em memória da parlamentar, para cobrar que os envolvidos no crime sejam encontrados e devidamente responsabilizados. " Nós nos unimos aos movimentos que enaltecem sua memória e reivindicam por justiça", explicou Elizabeth Serra em convite feito pela direção de Ensino Superior do INES.