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União de famílias em assentamento capixaba traz bons resultados para produção
Solange, Juarez e Carlos Henrique trabalham juntos nas lavouras de café plantadas no lote da família - Foto: Incra/ES
A máxima popular de que família que trabalha unida permanece unida é seguida por muitos beneficiários no assentamento Pip-Nuck (criado em 1987, com 50 famílias), localizado no município de Nova Venécia e distante cerca de 250 quilômetros da capital Vitória. Tarefa que ficou mais fácil com a recente titulação dos beneficiários nessa área da reforma agrária, em virtude da garantia de direitos e da possibilidade de acesso a financiamentos em instituições bancárias. Caso dos irmãos Juarez Luchi e Arlaete Angelo Luchi, cujas famílias se apoiam na condução dos processos produtivos em seus lotes.
Café plantado em família
No lote desde 2015 e regularizados como beneficiários da reforma agrária em 2017, Juarez Luchi (56 anos) e Solange Trevizani do Nascimento Luchi (44 anos) iniciaram sua história de sucesso no final de 2016, com o plantio de aproximadamente 15 mil pés de café no sítio. A fim de obter recursos para investir na formação do lote conforme o desejo e planejamento da família, Solange chegou a fazer faxinas na cidade e Juarez a plantar em sociedade com um agricultor da região.
De lá para cá, muita coisa mudou. Atualmente eles têm o apoio do filho Carlos Henrique Luchi (23 anos) e da nora Mônica Pereira Luchi (20 anos), que trabalham juntos e também já tiram o seu sustento a partir da comercialização da produção local. O sonho de Carlos Henrique para o futuro é que eles possam plantar um pouco de pimenta e obter outra renda agrícola na parcela da família.
Em 2022, a safra de café alcançou a marca de 150 sacas piladas / beneficiadas (estimada em R$ 105 mil), mas a maioria da colheita está estocada na cooperativa parceira dos agricultores à espera de melhores preços ou aguardando alguma necessidade para cobrir custos de produção, bem como aquisição de bens para a família. Entre os planos do casal titular do lote está o aumento da produção de café, a partir do plantio de três mil mudas em 2022, quatro mil mudas em 2023 e sete mil mudas em 2024. Quando esse cultivo atingir sua plena capacidade, a expectativa é que a safra alcance ao menos 350 sacas piladas / beneficiadas ou R$ 245 mil, nos valores de hoje. A liberação do crédito Apoio Inicial para o casal ocorrida em 2021 (no valor de R$ 5,2 mil) e o acesso, em breve, ao Fomento Mulher (no valor de R$ 5 mil) contribuem a esse propósito.
Inicialmente construída no lote com recursos públicos a casa deles foi reformada em 2022, a partir de melhorias pontuais decorrentes de investimento próprio de quase R$ 20 mil. A comercialização do café propiciou outra conquista: a reforma da casa do filho e da nora com recursos próprios, no valor de R$ 30 mil. Nos planos do filho está construir uma nova casa em uma área próxima do cultivo de café.
A respeito da titulação, Juarez afirma que “para quem trabalhava a meia e agora está morando em cima do que é próprio está bom demais”, enquanto a esposa Solange destaca que “tudo o que a gente precisava era do título para poder investir mais no lote e melhorar a produção cada vez mais”.
Café, pimenta e hortaliças
O casal Dulcileni Ferrari Luchi (53 anos) e Arlaete Angelo Luchi (62 anos) estão desde 2000 no assentamento Pip-Nuck e também receberam o Título de Domínio (TD) de seu lote em 2022. Nos anos de 2005 e 2007, haviam recebido recursos do Crédito Instalação – na modalidade Recuperação de Material de Construção, no valor de R$ 2,5 mil em cada uma das parcelas –, e em 2021, a agricultora Dulcileni teve acesso ao crédito Fomento Mulher, no valor de R$ 5 mil, para investimento na produção do lote.
Com cerca de 20 mil pés de café e 1,5 mil covas de pimenta-do-reino plantados no lote, a renda anual obtida desses cultivos é bastante significativa e garante boa qualidade de vida a eles. Somente o café, que em outros anos já chegaram a colher quase 500 sacas do produto pilado, em 2022 rendeu 300 sacas ou quase R$ 210 mil – uma parte desse montante está estocada para comercialização conforme os planos da família. Este ano o agricultor Arlaete passou a reformar as lavouras mais antigas e quando as novas estiverem em produção a estimativa é atingir pelo menos 400 sacas do produto pilado. Já a safra de pimenta-do-reino este ano alcançou a marca de duas toneladas do produto seco e sua comercialização resultou em R$ 22 mil.
Todavia, uma das paixões desse assentado é lidar com hortaliças e frutas; atividade justificada em razão de fazer girar mais facilmente a entrada de recursos ao orçamento mensal da família e que ele consegue conciliar muito bem com as culturas principais (café e pimenta). A comercialização de vários cultivos plantados no sistema de estufa e de forma convencional (como taioba, couve, cebolinha, quiabo, vagem, jiló, salsa, almeirão, coco e banana) na feira livre de Nova Venécia e no fornecimento a restaurantes da região rende algo em torno de R$ 2,4 mil ao mês. Em virtude da época do ano e da estiagem enfrentada no município, a produção na horta tem passado por manejos regulares no plantio conforme a sazonalidade da safra.
Satisfeito por ter sido recentemente contemplado com a titulação de seu lote, Arlaete ressalta que gostou de receber o documento e assim que puder pretende quitar logo os valores devidos à União. “Adoro o assentamento e falando com minha mulher no domingo disse a ela como é bom no final de semana poder confraternizar com os vizinhos. Em outros lugares não se vê isso. Temos muito trabalho por aqui, mas é divertido também”, comenta.
Assessoria de Comunicação Social do Incra no Espírito Santo
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