Turma de estudantes de Agronomia pelo Pronera participa de seminário em Goiás

Educadores e educandos do curso de Agronomia, realizado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), por meio de parceria entre o Incra e a Universidade Federal de Goiás (UFG), reuniram-se dia 2 de março para debater as primeiras experiências dos estudantes durante o Tempo Comunidade, período integrante da ementa do curso, fundamentado na Pedagogia da Alternância.

Denominado de V Seminário do Curso de Agronomia do Pronera, o encontro ocorreu durante todo o dia no auditório de Pós-Graduação em Agronomia, no Campus II da UFG, no setor Itatiaia, em Goiânia (GO).

Obedecendo à Pedagogia da Alternância, o Tempo Comunidade, no qual a formação acontece nos locais onde moram os estudantes, foi efetuado após o Tempo Escola, quando as aulas ocorrem de forma intensiva e presencial no ambiente da universidade.

A metodologia estimula os discentes a vivenciarem tanto a experiência universitária dentro da academia quanto a prática em seus locais de origem. Neste sentido, os professores propuseram trabalhos referenciados nas disciplinas teóricas ministradas no primeiro semestre para que os estudantes executassem, em seguida, no período em que estivessem em suas comunidades.

Para a professora da Escola de Agronomia da UFG, Dinalva Donizete Ribeiro, que coordenou o debate sobre o Tempo Comunidade, um curso baseado na Pedagogia da Alternância é um desafio. “O Pronera tira todo mundo da zona de conforto. E isso é muito bom porque é urgente nos repensarmos para atender as demandas e anseios da sociedade”, considerou. “Essa primeira experiência é um laboratório para avançar nas próximas rodadas”, complementou a docente.

Os educandos dividiram-se em quatro grupos para apresentar os resultados da experiência. Foram unânimes em apontar como desafios o acesso à internet no campo e o tempo exíguo para execução das tarefas. “Como ficamos muito tempo longe da nossa comunidade, não podemos chegar e ficar trancados no quarto ou na sala, fazendo as atividades. Precisamos ajudar a família no lote”, explicou o estudante Idson Oliveira dos Santos.

Segundo manifestaram, também desejam trabalhos que sejam mais compatíveis com a realidade vivida por eles no campo. Por outro lado, alguns disseram que começaram a ver com outros olhos tudo o que acontece na roça, como a educanda Micaelem Souza Araújo, que contou que a disciplina de Morfologia a ajudou a identificar flores e árvores do quintal de casa.

Os discentes relataram ainda terem sido bem recebidos pela comunidade e que passaram a ser melhor vistos pelos vizinhos devido ao fato de estarem cursando Agronomia. “A comunidade entende que ter a gente no curso pode ser uma forma de ajudar no nosso desenvolvimento”, avaliou o estudante Quércio Mamede dos Reis.

Sobre o curso

Para ingresso no curso de Agronomia foram ofertadas 40 vagas para o público do Pronera oriundo de qualquer estado brasileiro: famílias beneficiárias dos assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra; quilombolas e acampados cadastrados na autarquia; e famílias do Programa Nacional do Crédito Fundiário (PNCF).

A seleção ocorreu por meio de vestibular preparado pela UFG, realizado em 2 de junho de 2019, contendo prova objetiva, redação e elaboração de um memorial descritivo a ser redigido pelo candidato narrando sua vivência no campo.

A duração do curso é de cinco anos e dez meses, sendo parte deste tempo na Escola de Agronomia da UFG, em Goiânia, e outro período na comunidade de origem do estudante para atividades curriculares supervisionadas pelos docentes. Os professores são, preferencialmente, os mesmos do curso regular de Agronomia da universidade.

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