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Geração de renda
Tecnologia traz novos contornos à produção da reforma agrária no Espírito Santo
Ordenha mecânica otimizou a produção de leite na parcela da família Souza. Foto: Incra/ES.
A agricultura familiar tem fundamentado muitas atividades na ciência, responsável por transformar também a vida de famílias nas áreas de reforma agrária. Elas passaram a adotar novas técnicas como instrumento para produzir mais e melhor, de modo a elevar a renda advinda de seus lotes. Projetos produtivos em terras capixabas ilustram esse cenário. Casos que mostram como estão sendo conduzidas, por exemplo, a modernização dos lotes e a sucessão familiar diante de uma nova realidade propiciada pelo uso das tecnologias disponíveis.
Josimar Nepel de Souza e Karina Louback de Souza demonstram isso. O casal vive no assentamento Celestina, em Nova Venécia, e apostou na produção de leite em virtude da experiência do pai dele na atividade. Assentado no final de 2008 e regularizado no ano seguinte, Josimar abandonou o trabalho na mineração para tocar o lote com o pai e se especializar no segmento. O propósito foi qualificar o rebanho, tecnificar a produção (ordenha) e potencializar os lucros da parcela em razão da força de trabalho familiar.
Em 2009, o agricultor iniciou a construção do curral e formou dois hectares de pasto para abrigar os primeiros animais até chegar ao atual plantel de 14 vacas em lactação. Pensando em obter uma renda anual que desse fôlego para a atividade leiteira crescer, no mesmo ano acessou um financiamento. Com os R$ 18 mil recebidos por meio do Pronaf A plantou 12 mil pés de café em sistema irrigado.
Com exceção de 2016, quando colheu apenas 40 sacas do produto pilado por conta de uma crise hídrica na região, nos últimos anos os resultados ficaram acima da média local (40 sacas por hectare). Em 2019, foram 320 sacas. No ano seguinte, 220 sacas. E, em 2021, os atuais 11 mil pés produziram 150 sacas de café pilado (cerca de R$ 75 mil). Essa última safra encontra-se estocada na cooperativa até que ele decida comercializá-la.
No inverno deste ano, a produção diária beirava os 210 litros de leite - ou 6,3 mil litros ao mês. A expectativa de que em setembro a ordenha pudesse alcançar os 300 litros diários, ou 9 mil litros por mês, se concretizou (302 litros diários, com média de 21 litros por animal).
Por questões contratuais o agricultor não divulga os valores repassados pela cooperativa (laticínio). Mas um cálculo aproximado permite inferir que a renda média mensal bruta com a atividade seja de pelo menos R$ 12 mil.
Segundo Josimar, a parceria com o laticínio ajudou muito os produtores locais. “Principalmente em questões como assistência técnica, acompanhamento e melhoria dos índices que medem a qualidade do leite e cessão do resfriador para armazenamento e conservação do produto até ser levado à indústria.” Satisfeito, destaca que fora do assentamento não conseguiria renda similar à que tem hoje com a produção de café, leite e a venda de bezerros e vacas para renovação do rebanho.
Conquistas
De 2008 para cá, a família Souza alcançou conquistas importantes. Habitam uma casa ampla e confortável, próximo ao local de ordenha, construída em 2012 e reformada em 2018, com recursos próprios. Na agrovila do assentamento, também ergueram uma casa para os pais dele, mais uma vez, com recursos próprios. A moradia se soma à casa antiga (reformada em 2008 com dinheiro do Crédito Instalação, do Incra), que atualmente serve de hospedagem a visitantes.
Em relação à principal atividade econômica da família o progresso tem sido visível. Adquiriram uma ordenhadeira mecânica em 2015, no valor de R$ 5,6 mil, e fizeram novo curral em 2021, ao custo de R$ 20 mil, ambos com recursos próprios. Já a seleção e o melhoramento do rebanho resultam da atuação de Josimar em duas frentes. Fez um curso da Embrapa sobre inseminação em 2010 e adquiriu material genético (sêmen sexado) da Secretaria Estadual da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), ao custo de R$ 15 a dose.
Entre 2013 e 2015, o produtor obteve 70 doses junto ao programa e viu nascer 22 crias (cinco vacas ainda estão na propriedade). Um projeto de transferência de embriões, desenvolvido pelo Sebrae/ES e o laticínio parceiro, rendeu a ele o acréscimo de mais quatro fêmeas ao plantel em 2018 e outros três animais em 2019 (um macho e duas fêmeas). Em 2020, por meio do Crédito Instalação, na modalidade Fomento Mulher (R$ 5 mil), a esposa, Karina, comprou uma vaca de boa qualidade para agregar mais valor ao rebanho.
A vocação do casal para os negócios pode ser observada em uma experiência vivenciada em 2019. Ao participar do 30º Concurso Leiteiro de Nova Venécia uma de suas vacas foi eleita campeã e os dois receberam de prêmio uma novilha. Pelo interesse despertado no animal vencedor da competição conseguiram vendê-lo, ainda no local, por R$ 8,5 mil. Lá mesmo compraram duas novilhas por R$ 8 mil. Ou seja: chegaram à cidade com uma vaca e voltaram para o sítio com três novilhas e R$ 500 no bolso.
Para 2022, os planos são de renovar a cultura do café. Também investirão no plantio de 200 pés de pimenta e de um hectare de milho para alimentar as vacas, somando-se ao meio hectare de cana já existente, utilizada na silagem.
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