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Ato festivo marcou retomada de lavouras cultivadas por 290 famílias. Crédito: Ascom Incra/RS
Quase um ano após o Rio Grande do Sul enfrentar enchentes históricas, a Festa da Colheita do Arroz Agroecológico voltou a reunir milhares de pessoas para celebrar a produção da reforma agrária. A 22ª edição do evento ocorreu na quinta-feira (20) no assentamento Viamão/Filhos de Sepé e contou com a presença da Secretária-Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Fernanda Machiaveli, e do presidente do Incra, César Aldrighi, além de parlamentares, lideranças regionais e agricultores.
“Depois de todo o processo triste que foi a enchente no Rio Grande do Sul, nós estamos hoje celebrando a colheita, a força e a vitalidade da reforma agrária no estado”, afirmou o presidente do Incra.
Para ele, a festa marca um momento de reflexão sobre duas das principais questões atuais do país: mudanças climáticas e produção de alimentos de forma sustentável. “Esta é a hora de lembrar que o Brasil está numa encruzilhada, no momento de definir qual é o modelo de produção e qual o papel da agroecologia”, citou. Nesse sentido, o manejo adotado pelos assentados ligados ao arroz orgânico é um exemplo de respeito às características do ambiente, em especial do solo, que evita problemas como o assoreamento dos rios e suas consequências.
Aldrighi também saudou a organização dos agricultores na apresentação de demandas após as enchentes de 2024. Levantamentos realizados pelo Incra em contato com os movimentos sociais subsidiaram a publicação de três medidas provisórias liberando R$ 351 milhões em caráter extraordinário para a reestruturação dos assentamentos no estado. “Estamos falando de reconstrução de estradas, de assistência técnica, do crédito Fomento de R$ 16 mil por família”, relatou.
Na mesma linha, Machiaveli ressaltou o diálogo e o caráter popular das ações do governo federal. “Nossa missão lá no MDA é fazer essa voz ecoar cada vez mais forte e a gente ter, cada vez mais, as políticas públicas, reforma agrária e alimento saudável chegando na mesa de todas as famílias brasileiras”. A dirigente listou medidas da pasta construídas a partir de necessidades ouvidas dos agricultores. Entre elas, estão ações de amparo à agricultura familiar no Rio Grande do Sul após as cheias, o Plano Nacional de Redução dos Agrotóxicos (Pronara) e o Desenrola Rural, que permite a quitação de dívidas dos agricultores familiares em condições facilitadas até o final de 2025.
No caso dos assentados, há muito a comemorar conforme Nelson Krupinski, da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) e do Grupo Gestor do Arroz. “A gente aqui não celebra só a festa da colheita do arroz, mas o conjunto das ações e da produção de alimentos que o movimento (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) tem construído nos últimos anos. Hoje temos a certeza que o trabalho solidário, o trabalho cooperado, vai nos levar além. Estaremos com o silo cheio este ano”.
Produção
A safra 2024 / 2025, envolveu 290 famílias de 17 assentamentos em onze municípios gaúchos. A expectativa é colher cerca de 14 mil toneladas, cultivadas em 2.850 hectares. A média de produtividade é de 100 a 120 sacas por hectare, considerada normal pelo Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, entidade formada por técnicos e assentados para gerir a cadeia.
Os resultados reabilitam o sistema produtivo após o ciclo 2023/24, em que uma cheia atrasou o plantio e a enchente histórica de abril e maio inviabilizou parte da colheita. Naquele contexto, a tradicional festa da colheita foi substituída por um seminário para refletir sobre o impacto das mudanças climáticas na agroecologia.
A retomada das lavouras foi alicerçada sobre o clima favorável, o manejo tecnológico e o uso de bioinsumos, segundo os agricultores.
Eles também mobilizaram apoios externos na reestruturação. Dois convênios firmados entre o Incra/RS e as prefeituras municipais de Eldorado do Sul e Nova Santa Rita vão apoiar a reconstrução da infraestrutura para as próximas safras. As parcerias foram celebradas em dezembro de 2024 e vão destinar ao todo R$ 4,3 milhões - recursos abertos pelo Governo Federal em crédito extraordinário pela Medida Provisória 1.260, de 30 de setembro de 2024.
Em outra frente de auxílio do Governo Federal, em outubro de 2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) doou 718,8 toneladas de sementes de arroz para viabilizar a safra.
O grão colhido na safra atual será beneficiado pelas cooperativas dos assentados e comercializado em feiras, supermercados, na rede de lojas Armazém do Campo, além do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Uma das propostas é repetir a parceria com 30 cozinhas solidárias da Região Metropolitana de Porto Alegre que utilizaram o arroz dos assentamentos para distribuírem refeições a pessoas em vulnerabilidade social no ano passado.
Contexto
A 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico ocorreu no maior assentamento do Rio Grande do Sul, onde está a lavoura mais extensa de arroz orgânico da reforma agrária: 1,6 mil hectares. Criado em 1998, em uma área de 9,5 mil hectares com 375 famílias, o projeto Filhos de Sepé tem uma condição especial. Está localizado integralmente dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande. Além disto, 2,5 mil hectares do assentamento foram cedidos pelo Incra ao estado do Rio Grande do Sul para a criação do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos – uma unidade de conservação de uso restrito.
Por esta configuração, a produção sem venenos é também exigência da legislação ambiental. “Temos 35 grupos organizados, com mais de 200 famílias que compõem os núcleos de certificação”, revela o presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Filhos de Sepé (AAFISE), Huli Zang. Além do arroz, os agricultores produzem hortaliças, frutas e oferecem itens de origem animal dentro das normas da agricultura orgânica.
O cuidado constante com a agroecologia e a sustentabilidade foi reforçado pela inauguração, em 2023, da Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi - a primeira biofábrica do Grupo Gestor do Arroz para produção de fertilizantes biológicos.
A celebração da cadeia produtiva do arroz agroecológico contou com apresentações artísticas, almoço festivo e comercialização de produtos de assentamentos na Feira da Reforma Agrária.
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