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Reconhecimento
Quilombolas piauienses da comunidade Potes acessarão políticas da reforma agrária
A área habitada por famílias remanescentes de quilombos é cortada pela Transamazônica. Foto: Interpi
O território quilombola Potes, localizado no município piauiense de São João da Varjota, foi reconhecido para fins de acesso às políticas públicas do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA), por meio da Portaria nº 521, publicada no Diário Oficial da União de 7 de junho. O documento autoriza o início do processo de análise para inclusão das 44 famílias da comunidade como novas beneficiárias.
Certificada pela Fundação Palmares como remanescente de quilombo desde 2012, a área quilombola Potes é titulada pelo Instituto de Regularização Fundiária e Patrimônio Imobiliário do Estado do Piauí (Interpi). A proposta de reconhecimento das unidades familiares foi aprovada pelo Incra/PI e autorizada pela Diretoria de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento da autarquia.
Sobre a comunidade
Com 69,5 hectares, Potes está dividido em duas partes, por causa da rodovia federal Transamazônica (BR-230) que atravessa a área. De acordo com o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do território, elaborado pelo Interpi em outubro de 2023, no local vivem 63 famílias, totalizando cerca de 180 pessoas.
A comunidade recebeu esse nome devido à fabricação de utensílios em argila como panelas, jarros, alvenarias, telhas, adobe e, principalmente, potes, produzidos da mesma forma há mais de 100 anos. Em quintais produtivos do Projeto Viva o Semiárido (PVSA) – parceria entre o Governo do Estado do Piauí e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) –, as famílias cultivam hortaliças, mandioca, caju, abacaxi, mamão, limão, banana e cana-de-açúcar, e também trabalham na criação de ovinos, caprinos, suínos e aves. A produção é de subsistência, logo a renda da comunidade gira em torno da venda de peças artesanais de argila.
Segundo o RTID, mais de 800 peças são fabricadas mensalmente. O lucro da venda é rateado de acordo com a produção de cada família. Os itens são comercializados na loja da comunidade para visitantes que trafegam pela Transamazônica, e nas feiras da capital e em estados vizinhos. Os moradores seguem algumas tradições culturais, como a capoeira, benzedeiras/raizeiras, roda de São Gonçalo, umbanda/terreiro e a comemoração do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro.
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