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Quilombolas gaúchos recebem alimentos e água do Incra
A distribuição de alimentos e água pelo Incra à população quilombola do Rio Grande do Sul encerrou a primeira semana de atividades em 24 de maio (sexta-feira), com 1.970 cestas entregues em 14 comunidades.
Com o objetivo de garantir segurança nutricional frente às chuvas no estado, o trabalho tem parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério da Igualdade Racial (MIR), Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e Conselho Estadual de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra (Codene/RS).
Segundo o responsável pelo Serviço Quilombola do Incra/RS, Sebastião Henrique Lima, todas as 147 comunidades remanescentes de quilombos do estado solicitaram ajuda alimentar. Destas, 112 possuem processo de regularização fundiária aberto junto ao instituto. “Algumas também pediram itens de higiene, limpeza e remédios”, informa.
O mapeamento apontou que 136 comunidades quilombolas estão situadas em municípios declarados em estado de calamidade ou de emergência. Com base nos dados, a expectativa é direcionar 20 mil cestas a este público. A distribuição iniciou com a entrega de três unidades por família, mas a dinâmica pode mudar para conseguir levar mantimentos a um maior número de grupos com mais rapidez.
A primeira comunidade contemplada foi a Família Machado, localizada no bairro Sarandi, em Porto Alegre. O local oferece ponto de apoio a outros núcleos populacionais, como a Vila Respeito, e recebeu 650 cestas em 20 de maio (segunda-feira). A ação contou com uma carreta disponibilizada pelo Incra/SC e deve ser ampliada pelo envio de toldos para a instalação de uma farmácia emergencial.
Também na região metropolitana da capital gaúcha, foram atendidos os territórios Luiz Ireno, Chácara das Rosas, Família Fidélix, Família Lemos, Família de Ouro, Mocambo, Família Flores, Família Silva, Vila Kédi e Alpes. No interior do estado, a ação percorreu as comunidades quilombolas Unidos do Lajeado, em Lajeado e Cruzeiro do Sul; São Roque, no município de Arroio do Meio; e Costa da Lagoa, em Capivari do Sul.
Alívio
“Estamos vivendo de doações. Nos mercados nem tem alimentação e, quando tem, é muito caro”, conta a presidente da Associação Vovô Teobaldo, da comunidade São Roque, em Arroio do Meio, Eliana Luciane Voigtlander. As 30 famílias quilombolas dividem 11 hectares, onde plantações para consumo doméstico e residências foram afetadas. “Estamos juntando os troquinhos (moedas) para pagar gasolina”, conta.
Sem água nas torneiras, o abastecimento é feito por entidades e por doadores. Parte das 90 cestas levadas pelo Incra precisou ser carregada a pé pela mata porque a estrada interna foi bloqueada por um deslizamento de terra.
Já na Família Lemos, em Porto Alegre, os alimentos diminuíram os problemas da comunidade, após ter passado uma semana com acesso somente de barco. “Não teve como trabalhar naquele período. As famílias foram para as casas de parentes e, quando voltaram, não tinham reservas”, relata o morador, Sandro Lemos.
Abrangência
A ação emergencial de entrega dos gêneros de primeira necessidade ocorre em paralelo à incumbência do Incra/RS de estabelecer uma programação no âmbito do Grupo de Trabalho (GT) Emergência Rio Grande do Sul. Instituído pela Portaria Incra nº 481, de 06/05/2024, o coletivo visa propor ações articuladas para garantir a regularidade dos serviços e preservar os direitos de todos os públicos da autarquia.
No setor quilombola, a intenção é assegurar a execução de políticas públicas, em especial a inclusão para acesso às ações concedidas a beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). A regional gaúcha solicitou reforço temporário de servidores, viaturas e equipamentos de outras superintendências para viabilizar este objetivo.
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