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Pronera inspira programas educacionais voltados ao campo no Rio Grande do Sul
Aulas práticas e teóricas compõem currículos dos cursos. Fotos: Incra/RS
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) pressupõe o ambiente escolar como espaço público de investigação e articulação de projetos pedagógicos adequados às populações rurais. Essas linhas motivam estabelecimentos de ensino a introduzirem metodologia e procedimentos semelhantes para facilitar o acesso de agricultores aos ambientes educacionais.
No Rio Grande do Sul, o curso de Tecnologia em Agropecuária inaugurou o atendimento a beneficiários do Crédito Fundiário pelo Pronera a partir de 2014. Nas duas primeiras turmas, foram formados 62 agricultores em nível superior. Em turma atualmente em execução, outros 36 devem concluir os estudos até o final de 2023.
A graduação se enquadra ao contexto socioeconômico da metade norte do estado – área constituída por expressivo número de propriedades familiares –, e se adapta às necessidades do público relacionado à agricultura.
“As aulas alternadas facilitam a participação, pois os educandos estão diretamente ligados ao trabalho em sua unidade de produção e não poderiam se ausentar por mais que dois dias”, comenta o coordenador do curso de Agronomia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Gelson Pelegrini.
Os estudantes são oriundos da região e residem em localidades a, no máximo, 100 quilômetros de distância do campus situado em Frederico Westphalen (RS). “A alternância e a dinâmica do curso estimularam os agricultores a voltar aos bancos escolares. Se não fosse o Pronera, não cursariam ensino superior”, completa o coordenador.
A parceria entre o Incra e a universidade se alinhou a propostas de qualificação profissional de agricultores já desenvolvidas pela instituição. A URI foi a primeira de caráter comunitário no país a operacionalizar recursos do programa e, a partir da iniciativa, vem construindo outras turmas nos mesmos moldes.
“O Pronera nos desafiou e nos ensinou a buscar parcerias com outros entes. Também cristalizou a alternância de períodos de ensino dentro da universidade”, explica Pelegrini, que ministra disciplinas no curso e atuou na implementação e coordenação do programa na URI.
Hoje, a universidade mantém convênio com 17 municípios para a graduação de agricultores familiares. Ao todo, são 150 estudantes em Tecnologia em Agropecuária, sendo 36 na turma especial do Pronera e os demais em grupos subsidiados por suas municipalidades.
A experiência educacional é relatada no livro “A alternância no ensino superior e a formação de agricultores” , lançado pela instituição em 2020.