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Pronera: 23 anos levando educação para o campo brasileiro
Turma de alfabetização do Pronera no assentamento Grossos, em Canindé (CE)
Em 23 anos de existência, já são mais de 191 mil jovens e adultos em todo o Brasil atendidos pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Os milhares de beneficiários tiveram – e continuam tendo – acesso ao conhecimento em diversos níveis de ensino, por meio de parcerias do Incra com instituições de ensino públicas e privadas sem fins lucrativos, governos estaduais e municipais.
Ao longo desse tempo, foi alcançada a marca de 529 turmas de estudantes, de norte a sul do território brasileiro. São formações nas modalidades Educação de Jovens e Adultos (EJA), nível médio profissionalizante, graduação, especialização e mestrado. Também são realizados cursos de capacitação e escolarização de educadores para o ensino fundamental, além de formação inicial e continuada de professores sem formação, ambos em áreas de reforma agrária.
Criado em 1998, o programa é direcionado a moradores de assentamento criados ou reconhecidos pelo Incra, quilombolas, trabalhadores acampados cadastrados na autarquia, além de beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF).
Atualmente, o Pronera está atendendo 1.741 educandos. Desde 2020, os cursos em execução adaptaram-se ao período da pandemia de covid-19, garantindo as aulas remotas síncronas – quando acontecem ao vivo –, e assíncronas – quando o educador disponibiliza a aula gravada.
Como instrumento de democratização do conhecimento no campo, o Pronera contribui para transformar a realidade social e econômica de diversos atores no campo, tornando o meio rural mais abundante tanto em sua capacidade produtiva, quanto em seus níveis educacionais.
Inclusão social
Para o professor Gelson Pelegrini, que coordena o curso de Tecnologia em Agropecuária pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), no Rio Grande do Sul, o programa é uma oportunidade importante de acesso à educação pelos agricultores e agricultoras. “Ao comemorar seus 23 anos, podemos afirmar que o Pronera é uma das principais políticas públicas de inclusão social do Brasil”, diz.
“O ensino por alternância e o vínculo direto com a realidade, seguindo a proposta de elaboração e implantação do projeto profissional e de vida, são os eixos centrais do processo de educação: o que faz os educandos melhorarem as condições de vida na terra que adquiriram juntamente com sua família”, complementa o educador.
Ação precursora
Uma das asseguradoras do programa pelo Incra em Pernambuco, Giovana Silva, considera a ação a primeira grande política de educação do campo no país. “O programa foi um campo fértil para várias outras serem pensadas, com a possibilidade de que os sujeitos do campo tivessem formação e eles mesmos pudessem construir outras formas de fazer educação”, lembra.
Para ela, o Pronera propicia o fortalecimento dos beneficiários no campo, ao criar circunstâncias que possibilitam aos assentamentos conseguirem se desenvolver plenamente. “É diferente ter um técnico (ou uma professora) que vai à comunidade e outro que é da própria comunidade, que conhece o lugar e sabe das suas necessidades. E o programa favorece isso: ter profissionais pensando os seus territórios, atuando neles e formando outros para tornar o campo diferente”, pondera.
Igualdade
Compartilha do mesmo pensamento a estudante mato-grossense Bianca Letícia Machado Pereira (foto à esquerda), do curso de Agronomia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), campus de Iturama (MG). Ela conta que o programa permitiu a ela desenvolver suas atividades na comunidade, tornando a sua parcela mais produtiva. “Eu consigo trazer o conhecimento adquirido dentro da universidade, em aulas práticas e teóricas, para melhorar o meu lote e mostrar para a comunidade que a gente pode produzir de uma forma sustentável, correta e tendo uma assistência adequada”, afirma.
Filha de agricultora assentada, a jovem vê o programa como um instrumento de democratização do conhecimento. “Poder ajudar todos a produzir, a tirar a sua renda do seu trabalho e assim viver ali de forma harmoniosa é importante para minha vida. O Pronera veio beneficiar a mim e a quem mora perto de mim também, por isso sou muito grata por fazer parte do programa e poder contribuir com a minha comunidade”, diz.
Planos para o futuro
O jovem pernambucano Erick Lima da Silva (foto à direita), morador do assentamento Antônio Conselheiro I, em Tacaratu (PE), afirma ter muita gratidão pela oportunidade. “A minha experiência com o Pronera foi ótima. Estudei com professores de alta qualidade, que passaram o conhecimento deles de uma forma muito boa, deram sua aula com carinho e atenção”, disse.
Formado recentemente no curso de Técnico em Agropecuária, com ênfase em Agroecologia, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)/ Unidade Acadêmica de Serra Talhada (Uast), ele já planeja os próximos passos. “O programa abriu portas para a gente, os filhos de assentados, e eu só tenho a agradecer. Meu plano agora é servir à minha comunidade e trabalhar na área em que eu me formei, que é ovino e caprino”, anuncia.
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