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Meio ambiente
Projeto promove restauração ecológica de assentamento em Curitibanos (SC)
Os agricultores foram envolvidos no trabalho de preservação da mata nativa. Foto: Incra/SC
Se plantar uma árvore é um dos símbolos de legado positivo para as gerações futuras, o que dizer da restauração de uma floresta nativa? Para isso, mais do que um projeto individual, é preciso um trabalho de equipe, com conscientização e envolvimento de toda uma comunidade, como vem acontecendo desde 2021 no assentamento Índio Galdino, localizado entre os municípios de Curitibanos (SC) e Frei Rogério (SC), no Meio Oeste catarinense.
Neste 26 de janeiro, Dia Mundial da Educação Ambiental, o projeto REFORMA merece destaque. Tendo o Incra como uma de suas instituições parceiras, a iniciativa objetiva a recuperação da vegetação da reserva legal e de Áreas de Preservação Permanente (APP) da área da reforma agrária.
“No caso do assentamento Índio Galdino, isso representa uma extensão coletiva superior a 200 hectares, destinada para a conservação dos recursos naturais, principalmente serviços sistêmicos, como água, fixação de carbono, polinizadores. O trabalho que a gente está fazendo pressupõe uma ação colaborativa com os assentados nesse processo, até porque eles vão ser os principais beneficiários desta conservação”, explica o professor Alexandre Siminski, coordenador do REFORMA.O projeto é desenvolvido por 13 docentes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Diagnóstico e ações
Com previsão de duração de quatro anos, a iniciativa teve início com o levantamento da situação da área e planejamento. Após esse período, foram realizadas oficinas de capacitação e intercâmbios envolvendo os agricultores, ocorridos na universidade, centros comunitários, agrofloresta e viveiros já produtivos.
Nessa etapa, segundo Siminski, identificar os interesses das famílias, como o cultivo da erva-mate, criação de abelhas e sistemas agroflorestais, foi essencial para garantir a participação. “Também realizamos entrevistas com vários agricultores solicitando a indicação de espécies para plantio, que serão escolhidas pelo seu potencial ecológico, mas também pelo interesse deles”, conta o professor.
Hoje a equipe atua em duas atividades essenciais: o cercamento da reserva legal para evitar o acesso de animais e a implantação de dois viveiros para a produção das mudas nativas nas comunidades, que auxiliarão no resgate de espécies ameaçadas e poderão, futuramente, ser alternativa de renda para as famílias.
Para o assentado e técnico do projeto, Neomar Pinto Ribeiro, é gratificante contribuir com o trabalho. “É importante preservar e recuperar a mata nativa pensando no ecossistema como um todo: água, flora e fauna. Nós assentados só temos a ganhar com essa preservação, inclusive com a legalização das áreas ambientais do assentamento”, pontua.Regularização
As ações do REFORMA foram apresentadas durante reunião realizada em dezembro de 2023 na sede do Incra em São José (SC). “Na ocasião, discutimos formas de auxiliar e dar o suporte necessário ao projeto, além de atuar em questões nas quais haja alguma irregularidade, por exemplo”, revela o engenheiro florestal da regional da autarquia, Guilherme Freitas Depra.
A conscientização dos agricultores promovida pelo projeto é garantia não só de conformidade com a legislação ambiental, mas também de futuro para o assentamento. Somente preservando o meio ambiente é possível manter os recursos naturais necessários para a produção agrícola, que pode e deve ser sustentável.