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Geração de renda
Produção diversificada garante renda em assentamentos capixabas
Agricultores de dois assentamentos capixabas comprovam a tese de que, quanto maior a diversificação, maior a probabilidade de sucesso dos projetos produtivos dos beneficiários da reforma agrária. As famílias que investiram no empreendedorismo e apostaram em alternativas de produção alcançaram bons resultados, garantindo mais renda e qualidade de vida.
As histórias descritas a seguir, de um assentamento na região sul e outro no norte do Espírito Santo, são exemplos para outras famílias e representam os agricultores que buscam alternativas e novas experiências para diversificar a produção e assegurar diferentes fontes de renda. É o caso da aposta nas culturas do café e da pimenta, simbólicas e significativas em termos econômicos em terras capixabas.
Monte Alegre
Criado em 1999, com 60 famílias distribuídas em uma área de 606 hectares, o assentamento Monte Alegre está localizado no município de Muqui - na região Sul do Espírito Santo e distante cerca de 170 quilômetros da capital Vitória. O projeto é um exemplo positivo e é com o espírito de fortalecimento dos laços familiares que muitos assentados organizam a produção em seus lotes.
É o caso de Brezolin Gonçalves de Oliveira e da esposa Andressa de Souza Monteiro Oliveira que, juntos, encontraram no cultivo de hortaliças em estufas (nos sistemas hidropônico e tradicional) uma alternativa para diversificar e incrementar a produção no lote conforme a sazonalidade de diversas espécies, que propiciam renda ao longo do ano. Ou como ele mesmo declara: “apostar na diversificação é isso, onde se pode assegurar o pagamento de suas contas, pagar uma energia, ter a gasolina do carro”.
Essa história de produção de hortaliças começou em 2006, estimulada por uma parceria do Incra com o Sebrae que, à época, desenvolvia nacionalmente o projeto denominado Unidade Familiar de Produção Agrícola Sustentável (Ufpas), que contemplou alguns assentamentos no Espírito Santo. A iniciativa incentivou a exploração sustentável dos lotes e uma mudança de filosofia de vida, de modo a tornar o aproveitamento das áreas de forma mais racional, sob o ponto de vista da integração com o meio ambiente e da gestão do empreendimento, pensando em termos de organização da cadeia produtiva e suas técnicas (do cultivo à comercialização). Segundo Brezolin, “participar do projeto foi a solução encontrada para buscar uma alternativa que nos gerasse mais renda no lote”.
Desde então muita coisa mudou no sítio da família Oliveira, com o plantio de cinco mil pés de café (dos quais apenas dois mil estão em fase de produção) que geraram este ano 35 sacas do produto e uma renda estimada de R$ 10,5 mil. Boa parte da safra ainda está estocada, aguardando melhores preços de comercialização. Enquanto não estiver em plena produção, esse cultivo responderá por uma parte da renda.
A estrela do lote é mesmo a produção de hortaliças em estufas, nos sistemas hidropônico e tradicional, que toma boa parte do tempo do casal com as tarefas que envolvem, por exemplo, o ciclo produtivo em sistema hidropônico (de 45 a 50 dias) - preparo da semente, germinação, armário, berçário e fase adulta (colheita). O resultado foi otimizado a partir da construção das estufas existentes na parcela, em 2016, ao custo de R$ 70 mil, sendo R$ 45 mil desse montante advindos de financiamento via recursos do Pronaf A. Eles produzem de tudo um pouco: alface-crespa (o principal cultivo), alface lisa e morango (ambos em teste), couve, salsinha e beterraba. Nos períodos frios do ano, cultivam chicória, almeirão, rúcula e chuchu, entre outros. Em tempos normais, a produção de hortaliças garantia uma renda média mensal de R$ 3 mil, sendo que apenas de alface-crespa era de R$ 1,6 mil. Com a pandemia os valores da horta como um todo foram reduzidos a R$ 600 por semana.
Zumbi dos Palmares
Com 151 famílias em uma área de 1,3 mil hectares, o assentamento Zumbi dos Palmares (criado em 1991) localiza-se no município de São Mateus - região Norte do Espírito Santo, distante pouco mais de 200 quilômetros da capital capixaba.
Um caso de sucesso é o do casal de assentados Adenis Fornasiari e Maria Aparecida Ferreira Fornasiari, que diversificam a produção no lote com o cultivo de café, pimenta-do-reino e seringueira (látex) para conquistar seus objetivos, como a confortável casa com piscina construída. “A agricultura é uma empresa de céu aberto. Todos me perguntam como construí meu patrimônio, mas esquecem de observar que trabalhei duro para isso. Quando cheguei no assentamento tinha apenas uma bicicleta como meio de transporte”, diz o agricultor.
Com nove mil pés de café, Adenis colheu na safra de 2020 cerca de 500 sacas do produto pilado, o que rendeu aproximadamente R$ 150 mil. Dos cinco mil pés de pimenta-do-reino, foram colhidas 15 toneladas, com renda de mais R$ 157,5 mil. Já com o látex da seringueira, foram obtidos em média por mês 700 quilos, que renderam de janeiro a outubro deste ano mais R$ 24,5 mil. Em relação a este último, a expectativa é que no próximo ano ele volte a irrigar a área de plantio e adubação - o que, de acordo com a empresa à qual fornece o látex, deve aumentar em 30% a produção do lote.
Mesmo diante de bons resultados com a diversificação, a forte seca que atingiu a região entre os anos de 2014 e 2015 causou uma série de prejuízos aos agricultores familiares locais que, ao contratarem financiamento para custear a produção, contraíram dívidas com os bancos por causa dos maus resultados da produção. Os valores foram renegociados e estão sendo pagos parceladamente. No caso de Adenis e Maria Aparecida, os prejuízos da safra coincidiram também com a construção da nova casa: “Na verdade, a situação melhorou a partir de 2016 com a regularização do ciclo de chuvas e agora estamos recuperando tudo novamente ao pagar nossas dívidas”, destacou.
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