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Alimento Orgânico
Práticas agroecológicas despertam conscientização no Rio Grande do Sul
Alice Audibert prioriza o cultivo orgânico junto com a família no assentamento Integração Gaúcha em Eldorado do Sul. Foto: Arquivo Pessoal
Das 3,8 mil experiências no Rio Grande do Sul com qualidade orgânica garantida (seja por auditoria ou por sistema participativo), cerca de 660 têm o protagonismo de agricultores assentados. São produtores de todas as regiões do estado que também estão sendo representados na 17ª Semana dos Alimentos Orgânicos. O evento, nacional, foi iniciado no domingo (27) e tem programações até 3 de julho.
A edição sul-rio-grandense da campanha adotou o tema “Alimento orgânico: nosso presente para as gerações futuras!”. Encontros e debates sobre o assunto ocorrem virtualmente, em função da pandemia, mas devem estender-se ao longo do ano. As atividades são coordenadas pela comissão orgânica regional, composta por 52 entidades públicas e privadas.
Após cursos e experimentos pessoais, a família Audibert é uma das que atualmente possui credenciamento pelo sistema participativo da Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs). Os agricultores, do assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, vendem frutas e hortaliças cultivados sem agrotóxicos ou insumos sintéticos em feiras, mercados da região metropolitana e no Armazém do Campo, inaugurado este mês em Porto Alegre.
Alice Audibert, de 21 anos, assistiu a família ingressar no segmento orgânico há 18 anos, devido à preocupação com saúde e meio ambiente. Segundo destaca, ela, os pais, Daniel e Lucia, e a irmã Laura, trabalham de forma integrada em todas as etapas. “Gosto de ir às feiras para conversar e vender nossos alimentos, que geram saúde, com muito amor. Geralmente faço parte da colheita e do plantio. Cada ciclo que temos se fecha na feira ou no mercado, quando o produto vai até a mesa de alguém”
A graduanda do sexto semestre de Geografia cita uma frase da agroecologista Ana Primavesi que orienta a atuação da família. “O homem somente terá saúde se os alimentos possuírem energia vital. Os alimentos somente possuem energia vital se as plantas forem saudáveis. As plantas somente serão saudáveis se o solo for saudável”.
E conclui reforçando a admiração pela opção agroecológica adotada pelos pais. “Cada alimento que levamos à feira, sabemos de onde veio e como foi produzido. O contato com as pessoas para explicar todo o processo transmite confiança (para os consumidores) e transpassa nosso caráter”, declara.
A 240 quilômetros de Porto Alegre, em Sananduva, Lairton Parzianello já possuía relação com agricultura familiar quando, em 2008, foi beneficiado com um lote no assentamento Três Pinheiros. A assistência técnica do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) e, mais tarde, da Emater/RS- Ascar, permitiu aprimorar as técnicas de cultivo especialmente dos alimentos mais consumidos na região, como batata-doce e verduras.
No último ano, a pandemia restringiu os pontos de venda nas pequenas cidades do entorno e adiou o processo de certificação da produção orgânica. “Atrapalhou nossos planos na questão burocrática”, revela o agricultor.
Mesmo assim, Parzianello manteve a agricultura livre de agrotóxicos por conta de uma justificativa simples: “é saúde; para quem produz e para quem se alimenta”. Acima de tudo, ele define a agroecologia como um legado que decidiu deixar para a filha Clara Vitória, de 9 anos.
Opções consolidadas
O aumento do mercado consumidor de gêneros alimentícios orgânicos se reflete no interesse pela certificação desse tipo de produção. A Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) verifica um incremento de 30% nos pedidos de sua auditoria na última década.
“Basicamente por causa do valor agregado, em torno de 20% do preço convencional, e pelo aumento da procura em feiras. Notamos que hoje o público se interessa pelo conhecimento do produto e do agricultor”, explica o coordenador do setor de certificação da cooperativa, Patrik da Silveira.
Entre as iniciativas consolidadas no Rio Grande do Sul está a produção de arroz agroecológico, que congrega 344 unidades familiares certificadas pelo sistema de controle da Cootap. A área total chega a 3.565 hectares distribuídos em 12 assentamentos gaúchos.
A Cootap também faz o acompanhamento técnico de 140 famílias assentadas na região metropolitana da capital dedicadas ao cultivo orgânico de hortigranjeiros. Essa certificação participativa é coordenada pela Coceargs, responsável por atestar diversas unidades produtivas em todo o estado.
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