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Piauí homenageia Nêgo Bispo durante Mesa Quilombola
O evento, promovido pelo Incra, debateu sobre as ações voltadas para as comunidades quilombolas do estado. Foto: Incra/PI
A V Mesa Estadual de Acompanhamento da Política de Regularização Fundiária Quilombola foi realizada pelo Incra no Piauí, em 29 de abril (segunda-feira), em parceria com a Coordenação Estadual de Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq), a Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc) e o Instituto da Regularização Fundiária e do Patrimônio Imobiliário do Estado do Piauí (Interpi). O evento aconteceu das 8h às 18h, no Centro Guadalupe, em Teresina.
Durante o encontro, foram discutidos os serviços quilombolas disponibilizados pelo Incra e pelo Interpi. Os integrantes das comunidades foram distribuídos em três blocos de debates sobre Educação Quilombola; Regularização de Territórios Quilombolas; e Gestão Territorial, Produção e Assistência Técnica, fazendo o levantamento das solicitações e encaminhamentos.
A última edição da mesa no estado havia ocorrido em 2016. “A retomada da roda de diálogo serve para compreender que nós não precisamos mais de intermediários para levar a nossa mensagem a quem está à frente da gestão das políticas públicas”, considerou a coordenadora da Cecoq/PI, Maria Rosalina dos Santos. “Foram mais de 500 anos com outros falando, pensando e decidindo por nós, e nós na invisibilidade. Por mais que o outro tivesse a boa vontade de fazer, ele só imaginava, mas não tinha o sentimento de pertencimento”, complementou.
Nesta quinta edição, a Mesa homenageou o pensador e liderança quilombola piauiense Nêgo Bispo, falecido em dezembro de 2023. “É de muita satisfação a energia, as vibrações e a colheita de tudo o que Nêgo Bispo semeou. Ele dedicou a vida para a luta quilombola, pela conquista da terra e pelos nossos direitos e esse trabalho continua, como ele bem nos ensinou: ‘nós somos começo, meio e começo’”, disse sua filha, Joana Maria de Oliveira.
A coordenadora geral de Regularização Fundiária de Territórios Quilombolas do Incra, Mônica Borges, celebrou o retorno das mesas quilombolas nos estados. “Estávamos há mais de cinco anos sem a possibilidade de dialogar e hoje estamos aqui para fazer essa escuta, identificar quais são as prioridades e compatibilizar com a nossa programação enquanto gestores”, pontuou.
Demandas
Para o superintendente do Incra/PI, Lailson Guedes, foi de suma importância reunir instituições e órgãos parceiros para debater e encaminhar as reivindicações das comunidades. “Em março de 2024, realizamos a oficina de planejamento com a participação dos movimentos sociais e da Cecoq, que levou uma série de demandas das comunidades quilombolas, algumas já incluídas no plano", informou o gestor.
Segundo o diretor geral do Interpi, Rodrigo Cavalcante, existe um direcionamento para esse público sendo pensado em vários órgãos do estado. “A regularização fundiária quilombola é uma política social e de reparação histórica, mas também de desenvolvimento, porque as pessoas não querem ser só reconhecidas, elas querem ter uma vida com dignidade onde vivem, onde já moravam seus pais e querem criar os seus filhos”, disse.
Também estiveram presentes no encontro, representantes do Departamento de Reconhecimento, Proteção de Territórios Tradicionais e Etnodesenvolvimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); do Ministério Público Federal (MPF/PI); das Defensorias Públicas da União (DPU/PI) e do Estado do Piauí (DPE); da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF); e da Superintendência da Igualdade Racial e Povos Originários (Suirpo/PI).
Baobás nos quilombos
Na ocasião, o Coletivo Baobás do Piauí distribuiu mudas de baobás para plantio em comunidades quilombolas participantes. Trata-se de uma espécie encontrada em quase todo o continente africano, tendo chegado ao território brasileiro por trabalhadores escravizados ainda no período colonial. A árvore é considerada sagrada em religiões de matriz africana, como o candomblé.
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