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Parcerias firmadas pelo Pronera no Ceará beneficiaram 11.316 jovens e adultos
Alunos do curso superior de Serviço Social em parceria com a Univeridade Estadual do Ceará. Foto: Acervo Pessoal
Ao construir relações sólidas no meio rural entre instituições de ensino e movimentos sociais e sindicais, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) apresentou resultados significativos no Ceará.
Ao longo dos 25 anos de existência do programa, 11.316 jovens e adultos foram atendidos no estado. Propondo uma metodologia diferenciada, o Pronera baseia-se na pedagogia da alternância, a partir da qual os educandos se dedicam aos estudos, durante o chamado Tempo Escola, e ao desenvolvimento de atividades curriculares nas áreas rurais onde vivem, no Tempo Comunidade.
Nessa perspectiva da construção de saberes compartilhados, o programa ofereceu, no Ceará, os seguintes cursos: alfabetização, ensino fundamental (1º e 2º segmento), Magistério da Terra, superior em Serviço Social; Jornalismo da Terra; Pedagogia da Terra; licenciatura em História e Geografia; escolarização de nível médio e especialização em Residência Agrária.
Asseguradora do Pronera no Incra do Ceará, a servidora aposentada Maria das Dores Ayres Feitosa, carinhosamente conhecida por todos como Dorinha, revela que trabalhar com o programa marcou a sua vida profissional. “Por mais de 12 anos (2003 a 2015) fui asseguradora e o Pronera mudou minha visão de mundo em vários aspectos, principalmente no tocante à valorização das parcerias realizadas”, relata.
Dorinha explica que mesmo com algumas dificuldades no decorrer da execução do programa, as parcerias construídas entre o Incra, as universidades e os movimentos sociais propiciaram a oferta de diversos cursos. “Estávamos sempre muito presentes nas discussões sobre as demandas de cursos, desde a elaboração inicial dos projetos até a avaliação”, recorda.
Conhecimentos
A professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE) Liana Brito de Castro Araújo coordenou o curso de Serviço Social fruto da parceria do Pronera com a instituição de ensino. Ela considera a ação enriquecedora. “A UECE cresceu com a presença dessa turma de Serviço Social. Suas místicas eram formas de sensibilizar quem ali estava e denunciar a questão da luta pela terra e a condição camponesa”, lembra.
Também compondo o quadro de docentes da UECE, a professora Sandra Gadelha coordenou os cursos do Ensino Fundamental (1º e 2º segmentos). Sandra ressalta que foi uma vivência significativa para os professores, educandos e bolsistas, na medida em que possibilitou à universidade desenvolver novas metodologias no ensino de jovens e adultos.
“Criamos materiais didáticos de forma interdisciplinar e fortalecemos os laços da universidade com os movimentos sociais. Foi uma experiência muito rica e hoje vários alunos são professores de universidade trabalhando com educação do campo”, frisou Sandra.
No estado, o Pronera realizou cursos em conjunto com a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Movimento de Educação de Base (MEB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece).
Resultados
A importância do Pronera para o desenvolvimento da educação rural de qualidade não é destacada somente pelos professores. Educandos e bolsistas também reconhecem a relevância dessa política pública.
É o caso de Marcos Paulo Campos, que foi aluno de extensão do Pronera em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). No primeiro ano do curso de Ciências Sociais, ele participou de uma seleção e foi aprovado para ser bolsista do programa. “Passei praticamente o curso inteiro como bolsista e era responsável por dez salas de aulas em assentamentos no município de Independência, no interior do Ceará”, comenta.
Segundo conta, durante esse período, participava de um grupo de estudo, no qual eram discutidos temas envolvendo a questão agrária e a situação rural brasileira.
“Foi a partir dessa experiência e das visitas às comunidades rurais que eu fui me interessando por temas da educação rural e que acabaram sendo o tema dos meus trabalhos de graduação, do mestrado e do doutorado. No meu pós-doutorado em Políticas Públicas, também”, relembra orgulhoso, afirmando que se tornou um pesquisador da política pública para o campo em função de ter sido bolsista de extensão do Pronera.
A jornalista Aline Costa de Oliveira foi uma das 46 educandas e educandos atendidos pelo Pronera em parceria com a Universidade Federal do Ceará, no curso de Jornalismo da Terra.
Nascida no município de Sobral, Aline morava no assentamento Flores. Hoje vive na capital, Fortaleza, e coordena o setor de Comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará, além de fazer parte da Executiva Nacional do movimento, representando a comunicação da Região Nordeste.
“Com o curso de Jornalismo da Terra os movimentos sociais do campo tiveram um salto de qualidade muito grande. Fico feliz de ter feito parte da primeira turma e poder contribuir com a construção da comunicação popular, no MST e dos movimentos camponeses, de modo geral”, enfatiza.
Aline considera o Pronera muito importante para a formação da juventude camponesa. “Nosso papel é ajudar na construção da reforma agrária, mostrando de fato quem somos e o que fazemos, através de uma comunicação verdadeiramente popular”, finaliza.
Memória
O Pronera foi criado em abril de 1998 e, desde então, 191.234 estudantes ingressaram em 531 cursos, em todos os estados brasileiros. É uma política pública direcionada a jovens e adultos moradores de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra, quilombolas, professores e educadores que exerçam atividades educacionais voltadas às famílias beneficiárias, além de pessoas atendidas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF).
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