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Novas alternativas de produção melhoram renda de famílias no Espírito Santo
Ampliar a criação de cabras para comercializar o leite está entre os planos de assentados. Foto: Incra/ES.
As 40 famílias instaladas em 461,1 hectares do assentamento Paraíso, no Sul do Espírito Santo, têm buscado alternativas aos prejuízos provocados pelas frequentes estiagens ocorridas na região e aos estragos causados pela chuva de granizo que atingiu o município de Alegre, a cerca de 200 quilômetros de Vitória, em julho de 2021. A diversificação da produção, o plantio do café e a produção de leite são algumas das alternativas adotadas pelos assentados.
Eli Antônio Rodrigues cria vacas leiteiras. Com a ajuda de um dos filhos cuida de 20 animais adultos e outros 20 filhotes e novilhas. As nove vacas em período de lactação são responsáveis atualmente por uma média de 1,5 mil litros de leite por mês, armazenados em um resfriador instalado no assentamento para uso coletivo.
A produção garante uma renda média mensal de mais de R$ 2,6 mil somente com fornecimento do produto à empresa de laticínios. Os recursos obtidos na comercialização do leite e também de bezerros machos propiciaram, por exemplo, a aquisição de um carro de passeio para a família em 2020. Em 2021, somente a venda de 16 bezerros agregou R$ 16 mil ao orçamento. Além disso, as mais de 70 galinhas também trazem alguma renda extra à família no excedente de ovos."
Mesmo tendo a produção estabelecida, ele investe em outras culturas a fim de reduzir possíveis prejuízos com estiagens ou chuvas torrenciais que assolam a região e ocasionam danos à pastagem. Em 2015 ele plantou cerca de três mil pés de café, que já estão em fase de produção. Para 2022, a expectativa é colher pelo menos 15 sacas do produto pilado (pronto para venda), ou cerca de R$ 15 mil de retorno ao bolso do agricultor.
Rodrigues também iniciou a criação de cabras ao adquirir um macho e duas fêmeas. O objetivo é expandir o plantel e, no futuro, passar a trabalhar com a entrega desse tipo de leite – bastante valorizado no mercado.
Horta
Na possibilidade de ver prejudicada sua atividade principal, a produção de hortaliças, o agricultor José Pedro da Silva, morador da área de reforma agrária desde o ano 2000, antecipou-se às intempéries.
Para reduzir as perdas decorrentes da chuva de granizo ocorrida em 2021, que devastou os canteiros e o sistema de irrigação, ele não pensou duas vezes e mudou o rumo dos cultivos. Com a ajuda da esposa, Maria de Lourdes Alves da Silva, do casal de filhos – assentados no mesmo local –, do genro e da nora, José Pedro intensificou o plantio de café no lote.
Embora a vocação do agricultor seja a horticultura, com experiência de mais de 23 anos, o café apresenta-se como boa alternativa para complementar o orçamento familiar e garantir uma poupança no pagamento das despesas correntes.
O que seria uma opção interessante frente às dificuldades vivenciadas pela família tomou força e agora os filhos também participam ativamente da produção no lote. Segundo relata, já havia uma área antiga com dois mil pés de café e, em 2019, um dos filhos plantou três mil novas mudas. A filha e o genro seguiram a ideia e, no mesmo ano, foram outras duas mil. “As quatro mil mudas plantadas por mim em 2020 já renderam 10 sacas piladas ou cerca de R$ 3 mil. Isso ajuda e já começa a fazer a diferença, sem contar que os filhos passaram a ter uma renda própria com o café que cultivam”, explica.
Além disso, é produzido na parcela um pouco de milho, a fim de manter a alimentação de animais como galinhas, patos e porcos criados para subsistência e comercialização do excedente.
Objetivo
Entretanto, o foco do agricultor ainda é a horticultura. Para o assentado, é sua vida e ele não abre mão. Há sete anos, por exemplo, fornece hortaliças à prefeitura de Alegre pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Em razão da pandemia, no ano passado o valor máximo do contrato nessa modalidade foi estipulado em R$ 3 mil – quantia recebida pela família com a venda de couve, cebolinha e salsinha. Já em 2022, a participação no projeto do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que entrega cestas básicas a famílias carentes do município com recursos repassados pelo governo federal, deve garantir ao assentado R$ 6 mil, resultado do fornecimento de hortaliças diversas ao programa, como taioba, abobrinha, couve, cebolinha, salsa e quiabo.
Aos poucos a família tenta recuperar a horta que em outros tempos rendia um bom dinheiro e assegurava o sustento de todos. E já traçam planos. O acesso da esposa à modalidade Fomento Mulher, do Crédito Instalação, disponibilizado pelo Incra, tem facilitado o alcance desse objetivo. O financiamento conseguido em janeiro de 2022, no valor de R$ 5 mil, possibilitou a aquisição de adubo, carrinho de mão e mangueira para restaurar o sistema de irrigação, destruído com a chuva de granizo de julho de 2021. “Sem dúvida, esse crédito vem em boa hora. É o primeiro passo rumo à renovação”, afirma dona Maria de Lourdes.
*Matéria atualizada em 04/05/22
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