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Liberação de créditos diversifica produção de famílias assentadas no ES
Entre março e abril deste ano a Superintendência Regional do Incra no Espírito Santo efetuou a liberação de créditos de várias modalidades em benefício de 46 famílias assentadas nos municípios de Mimoso do Sul e de Montanha, com recursos da ordem de R$ 237,6 mil. A liberação de créditos é uma oportunidade para que as famílias assentadas possam diversificar sua produção e incrementar a renda obtida a partir de novos projetos ou de ampliação de atividades já estabelecidas.
No caso de Mimoso do Sul, a 180 quilômetros de Vitória, o crédito liberado diz respeito à modalidade Fomento, no valor de R$ 6,4 mil e que pode ser dividido em duas operações, foi destinado a apenas uma família do PA Cachoeira das Garças que não havia sido contemplada com o referido recurso. Esse tipo de crédito tem por objetivo viabilizar os projetos produtivos que promovam a segurança alimentar e nutricional e que sirvam de estímulo à geração de trabalho e renda, tendo sido elaborado e acompanhado pelo servidor Adelson Denoni Leite.
Já os créditos destinados a famílias assentadas no município de Montanha (localizado na região Norte do estado) estão distribuídos nos assentamentos Adriano Machado (9 famílias), Oziel Alves (14 famílias) e São Sebastião (22 famílias), nas modalidades Apoio Inicial – utilizado na aquisição de itens de primeira necessidade, de bens duráveis de uso doméstico e equipamentos produtivos no valor de até R$ 5,2 mil por família – e Fomento Mulher – no valor de até R$ 5 mil, com o objetivo de implantar projeto produtivo sob a responsabilidade da titular do lote. Os créditos nestas duas modalidades beneficiam 45 famílias e somam R$ 231,2 mil.
No Apoio Inicial os créditos foram concedidos a 31 novas famílias assentadas pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) em substituição a outras que abandonaram os seus lotes ou não atendiam as condições de beneficiários dessa política do governo Federal, a partir de ação de fiscalização promovida pela autarquia em terras capixabas. E em relação ao Fomento Mulher, 14 famílias foram beneficiadas com a concessão de créditos remanescentes.
Nas duas modalidades, o técnico Sérgio Cardoso elaborou os projetos produtivos e aguarda a superação da pandemia de Covid-19 para fiscalizar in loco a aplicação dos créditos pelas famílias – que em sua maioria aproveitou os valores recebidos para adquirir animais e iniciar ou intensificar a atividade leiteira ou mesmo na ampliação da lavoura de café em seus lotes. Outras famílias preferiram a diversificação da produção por meio de projetos como a piscicultura, a panificação e a avicultura.
Segundo o servidor Alexandre Geaquinto Ferri, que integra a equipe responsável pela liberação desses recursos, há também a previsão de aplicação de créditos na modalidade Fomento aos beneficiários que receberam o Apoio Inicial e que ainda não tenham sido contemplados com esse tipo de crédito.
Diversificando a produção
Aproveitando os recursos provenientes da liberação do crédito Fomento Mulher, a viúva Maria Édina de Lima Ladislau, (56 anos), agricultora do assentamento Adriano Machado resolveu investir na atividade de avicultura de corte e ovos. Em uma primeira fase construiu as instalações e adquiriu duzentos frangos caipiras para abate e comercialização que ela mesma realiza em seu lote. A primeira leva resultou em uma renda bruta de cerca de R$ 7,2 mil. “Depois disso, comprei mais duzentas cabeças de frangos e frangas que estão em ponto de abate, sempre deixando as fêmeas para a produção de ovos destinada ao consumo”, diz. A produção garante o sustento da família, composta por dois filhos e os pais dela, que vive e explora em conjunto o lote. Além, da criação, a família também cultiva cinco mil pés de café que estão em fase de “apanha” e que gera uma renda anual.
Envolvida nas atividades de fruticultura, de criação de animais diversos (galinhas, porcos e ovelhas) e de produção de derivados do leite, a assentada Ivonete Alves dos Santos, que está no PA São Sebastião desde 2015, decidiu ampliar seu plantel de vacas leiteiras ao adquirir mais dois animais e seus filhotes – dobrando a capacidade diária de produção do lote (cerca de 40 litros). Com as quatro vacas em plena lactação metade do leite produzido é destinado para entrega a um laticínio da região. O restante é utilizado na alimentação dos filhotes e na produção de requeijão e de manteiga. Os produtos asseguram uma renda mensal de cerca de R$ 1.220,00. Além disso, no trabalho diário junto ao companheiro e os dois filhos, a agricultora familiar dedica-se na produção de frutas e comercialização de animais como galinhas, porcos e ovelhas. Com o crédito Fomento (no valor de R$ 6,4 mil), a família planeja aumentar a irrigação da propriedade na área de pasto e adquirir novas cabeças de gado de leite com vistas a otimizar ainda mais a produção. “Eu estou com 41 anos e sempre vivi na roça como se diz. Estamos a dez quilômetros de Montanha e o lugar é muito tranquilo e de gente trabalhadora. A gente precisa desse apoio e é o que o Incra está nos dando agora. Assim podemos produzir e melhorar a nossa condição de vida”.
Zildete Pereira Lopes dos Santos (44 anos) e seu marido Valci Jesus dos Santos, também do PA Adriano Machado, optaram por ampliar a produção de café no lote e iniciar a cultura de pimenta-do-reino em sistema irrigado. No ano passado o casal conseguiu colher 82 sacas nos três mil pés de café já plantados no início de 2019. O recurso do Fomento Mulher possibilitou instalar o sistema de irrigação tanto para o cultivo da pimenta, com mil mudas adquiridas, quanto da nova área de café para as 1,5 mil novas mudas compradas. Terminada a colheita do café, o casal, que está desde 2014 no lote, prepara a área e aguarda a chegada das chuvas para plantio dessas culturas. “Já está tudo arrumadinho. Com a água no lugar vai dar tudo certo”.
O técnico Sérgio Cardoso, responsável pela elaboração dos projetos produtivos das famílias assentadas no município de Montanha, está confiante com relação à diversificação das atividades produtivas e a intensificação da participação das mulheres em termos de empreendedorismo nos assentamentos. “Esse projeto para as famílias em boa hora diversifica a produção do lote e aumenta a renda familiar”, comenta. Já para o superintendente regional substituto Evans Leandro da Silva, a liberação de crédito é simbólica e importante no atual contexto do país. “Simbólica pelo fato de mais do que trazer segurança às famílias assentadas em relação ao desenvolvimento de sua atividade produtiva trata-se de reconhecimento dos direitos das mesmas enquanto política pública do governo Federal. E importante porque esse tipo de crédito possibilita a diversificação da atividade produtiva do lote à medida que pode gerar renda o ano inteiro e menor dependência da sazonalidade do café e a instabilidade do mercado, embora o reconheçamos como cultura de vocação do Espírito Santo”, defende.
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