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Jovens de assentamentos gaúchos analisam realidade local em pesquisa escolar
A assentada Vanessa Weirich auxilia na produção familiar e busca identificar incentivos para as novas gerações no espaço rural. Foto: Arquivo Pessoal
No município de Joia, no Rio Grande do Sul, o engajamento de jovens da reforma agrária passa pela sala de aula. Um grupo de 16 estudantes assentados está desenvolvendo trabalhos escolares que abordam desde a produção agrícola local e alimentação saudável à tecnologia e questões sociais como gênero.
A atividade estimula o debate sobre perspectivas atuais e futuras e faz parte da disciplina de Língua Portuguesa, ministrada para alunos de 16 e 18 anos do ensino médio da Escola Estadual Joceli Corrêa, situada no assentamento Rondinha.
A partir de temas escolhidos conforme o interesse próprio e relacionados ao meio onde estão inseridos, os jovens estão desenvolvendo o trabalho de conclusão do 3º ano utilizando a referida abordagem. Desta forma, são desafiados a investigar a realidade local, aliando o aprendizado teórico de áreas tradicionais do conhecimento com as vivências pessoais e comunitárias.
No Rio Grande Sul, em 15 de julho é comemorado o Dia da Juventude Rural. A Lei estadual nº 11.361/1999 instituiu a data, considerando jovem rural o filho de agricultor, proprietário, meeiro, arrendatário, ocupante assalariado ou assentado rural, com até 35 anos de idade.
Vanessa Weirich (foto), de 17 anos, transferiu para seu artigo a empolgação com a permanência no campo. Preocupada com a sucessão familiar no lote da família, também no assentamento Rondinha, ela busca identificar, entre colegas e vizinhos, os incentivos (ou a falta deles) para as “novas gerações” no espaço rural.
Caçula de cinco irmãos – todos envolvidos com agricultura –, a jovem conserva o gosto pela vida no campo auxiliando a família nas lidas diárias e na pesquisa para aperfeiçoar a produção de soja e de leite, entre outras. “Quero dar continuidade às atividades e melhorar o que já tem, com mais tecnologia, para preservar as conquistas dos meus pais”, diz.
Oportunidades
Na opinião dela, a qualidade de vida e as condições socioeconômicas são os principais atrativos para a continuidade de sua história no assentamento onde nasceu. Vanessa reconhece a importância da qualificação profissional, mas sem se afastar de onde mora. Ela pretende cursar Agronomia ou Veterinária.
Também faz comparações para mostrar às amigas que a estabilidade financeira almejada na cidade pode ser alcançada no assentamento por meio da diversificação. “Basta programar uma renda anual, uma mensal e algo extra. Se uma falhar, a outra sustenta. Por exemplo, um salário na cidade fica em torno de R$ 2 mil, aqui pode chegar a cerca de R$ 3,5 mil por mês conforme a quantidade e o preço do leite”, analisa.
Diálogo
Segundo a professora de Língua Portuguesa, Marivani da Silva Martins Adler, o objetivo é despertar o pensamento crítico entre os educandos. “Eu digo a eles: vocês têm de se basear nas suas redes de falas e no que provoca suas atenções, porque as questões a serem pesquisadas devem estar contextualizadas onde estamos inseridos. É uma maneira deles sentirem-se chamados a participar e serem sujeitos parte do contexto”, completa.
A Escola Joceli Corrêa possui 226 estudantes dos níveis infantil, fundamental e médio – todos oriundos dos assentamentos Rondinha, Barroca, Tarumã e 31 de Maio, em Joia, e Banrisul/Estrela que Brilha, do município limítrofe de Tupanciretã.
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