Incra é imitido na posse de imóvel em território quilombola no Rio de Janeiro

O Incra no Rio de Janeiro foi imitido na posse de mais um imóvel pertencente ao território Quilombola de Santana, situado no município de Quatis, no Vale do Paraíba, sul do estado. Nesta terça-feira (03), a superintendente Maria Lúcia de Pontes esteve no local para realizar as diligências e receber a posse imóvel denominado Sitio do Laio, que possui uma área de 3,9 hectares.

O território do Quilombo de Santana contém uma área de aproximadamente 723 hectares na qual estão inseridos doze imóveis de proprietários ou ocupantes não quilombolas. Desse total, o Incra já recebeu a posse de quatro imóveis, incluindo o maior deles, a Fazenda Santana, com aproximadamente 273 hectares.

Os demais estão na fase judicial de desapropriação. Outra ação necessária para a titulação do território em nome da comunidade é a desintrusão de ocupantes não quilombolas.

Com 32 famílias, a comunidade quilombola de Santana é uma das mais antigas em processo de regularização pelo Incra. Está localizada no município de Quatis, no distrito de Ribeirão de São Joaquim, no interior do estado do Rio de Janeiro, a 144 km da capital.

Histórico

No século XVIII, a região da comunidade de Santana fazia parte do trajeto de bandeirantes e tropeiros que circulavam entre Minas Gerais e o litoral do Rio de Janeiro. A região também foi muito explorada durante o ciclo do café, que entrou em crise com a abolição da escravidão no século XIX.

Em 1867, o comendador Manoel Marques Ribeiro mandou construir em suas terras uma capela dedicada à Sant’Anna, que serviria de túmulo para sua família. Após a morte do comendador, em 1869, suas terras passaram a ser administradas pela sua única filha, Maria Isabel de Carvalho.

Em 1878, dez anos antes da assinatura da Lei Áurea, Maria Isabel distribui lotes de terras em volta da Capela de Sant’Anna para os escravos de sua fazenda. Mas, ao longo dos anos, muitos santanenses precisaram abandonar suas terras devido a dificuldades financeiras.

Alguns atuais moradores ainda guardam na memória as histórias contadas por seus avós sobre o tempo em que eles eram escravos. No Território Quilombola de Santana ainda existe a Capela de Sant’Anna e os túmulos do comendador e de sua esposa e do marido de Maria Isabel.

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