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Estudante de Agroecologia pelo Pronera recebe prêmio acadêmico em Alagoas
A agricultora Maria José Cavalcante é beneficiária do assentamento Flor do Bosque, em Messias (AL). Foto: Incra/AL
A estudante Maria José Cavalcante, do curso de Bacharelado em Agroecologia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), da parceria entre o Incra e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi premiada com Excelência Acadêmica pelo trabalho de pesquisa “Quero PANC: um aplicativo para a popularização de Plantas Alimentícias Não Convencionais no Estado de Alagoas”.
A solenidade de divulgação aconteceu online, em 8 de fevereiro (quarta), e foi presidida pelo reitor da Ufal, Josealdo Tonholo. Agricultora do assentamento Flor do Bosque, no município de Messias (AL), Maria José recebeu o convite para compor a pesquisa por já ter experiência no cultivo de PANCs no seu lote e na comercialização dos alimentos na feira de produção agroecológica da Praça do Centenário, em Maceió (AL).
O trabalho faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) da universidade e foi apresentado no 15º Congresso Acadêmico de Iniciação Tecnológica (CAIT), ocorrido em novembro de 2022, junto a outras 102 pesquisas.
A premiação alcançada pela beneficiária é direcionada a atividades de iniciação científica (Pibic) e tecnológica (Pibiti) e teve mais de 200 trabalhos contemplados. Os bolsistas são indicados ao prêmio por apresentarem os melhores relatórios e serem classificados ou condecorados em congressos acadêmicos, salões ou seminários realizados nas instituições de ensino e pesquisa.
Segundo a estudante, a aceitação da bolsa do Pibiti ocorreu por ser uma área com a qual se identifica e por ter participado do processo de articulação para encontrar os produtores e comerciantes dos alimentos. A maioria dos contatos foram feitos com feirantes nas cidades de Messias, Branquinha e Murici. “As PANCs serão uma alternativa alimentar nutricional e existem na maioria dos quintais dos agricultores de Alagoas”, acredita.
PANCs
Ora-pro-nóbis, taioba, banana verde, bredo, vinagreira, hibisco, jambo, alfavaca, coentrão, chaya, mastruz, cúrcuma e coração de bananeira: muitos desses vegetais já eram conhecidos e faziam parte da cultura camponesa. Hoje, entretanto, possuem sua capacidade nutritiva reconhecida. "Antes, para muitas pessoas, comer banana verde era sinônimo de estar passando fome, mas com pesquisas, quantificação e qualificação dos benefícios, isso mudou", acrescentou a estudante e agricultora.
A ideia é, por meio de um aplicativo, possibilitar aos produtores de PANC ajudarem o consumidor no preparo, pois este tem interesse em comer mas desconhece o modo de fazer, enquanto o agricultor tem a experiência. Com a ferramenta, o interessado vai poder entrar em contato e até receber o produto pronto para alimentação.
A pesquisa para esse propósito teve início em 2021, tendo sido o relatório entregue relativo ao primeiro ciclo do Pibiti. O trabalho já iniciou o segundo ciclo e ainda estão sendo colhidas informações para o aplicativo, com caracterização das plantas por meio do contato com agricultores extrativistas parceiros. Até o momento, os produtores já indicaram os tipos de plantas comercializadas e os locais de cultivo, bem como informações ecológicas e botânicas, além de formas de preparo desses vegetais.
O objetivo do aplicativo é disponibilizar uma ferramenta para quem produz ter novos meios para comercializar as plantas, muitas vezes levadas para as feiras e não vendidas. O primeiro ano da pesquisa foi para identificar quem, onde e o que é produzido. Neste segundo ano, quando o aplicativo deve entrar em funcionamento, a meta é encurtar a distância entre consumidores e produtores.
Para a orientadora do trabalho, Patrícia Muniz Medeiros, a escolha do tema se deu pela observação de trabalhos anteriores com PANC no grupo de pesquisa, onde se identificou uma falta de sincronia entre os consumidores e produtores. Pretende-se criar esse entendimento e permitir ao consumidor poder encomendar o produto, fazendo contato direto com o agricultor.
Segundo Patrícia, o aplicativo pode aumentar o alcance e a valorização das PANC. Além disso, a maior utilização desses alimentos tem importância ecológica, pois possuem espécies mais ajustadas ao ambiente; além de valor nutricional, com a diversificação alimentar; e relevância social, com o fortalecimento da agricultura familiar, levando novas fontes de renda para agricultores e extrativistas.
Assentamento
A área de reforma agrária Flor do Bosque foi criada em 2007 e possui 28 famílias numa área de 350 hectares, em Messias, distante 35 quilômetros da capital alagoana. Além das Plantas Alimentícias Não Convencionais, os moradores cultivam, principalmente, frutas e verduras.
O curso
Maria José faz parte da primeira turma do curso de Bacharelado em Agroecologia pelo Pronera da parceria entre o Incra e a Ufal. Teve início em novembro de 2018, com 50 estudantes, assentados e filhos de assentados. Em outubro de 2022, por meio de termo aditivo, a parceria foi renovada até 2024.