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Equinocultura gera renda extra para família assentada no Espírito Santo
Elisa divide seu tempo entre os estudos nas faculdades de administração e de medicina veterinária com o cuidado dos animais - Foto: Incra/ES
Há muito tempo atividades "não agrícolas" ou de turismo rural têm sido significativas na geração e composição da renda familiar dos agricultores beneficiários de áreas da reforma agrária. Um exemplo disso, ocorre no assentamento Rosa de Saron – localizado no município de Águia Branca, região Noroeste do Espírito Santo e distante cerca de 200 quilômetros da capital Vitória -, onde a família Maciel dedica-se à equinocultura, para complementar os ganhos obtidos nas culturas de banana, café e cacau.
Filha do casal Antônio e Claudineia, Elisa, de 21 anos de idade, é estudante do 7º período de medicina veterinária e desde os 16 anos responsável por conduzir o empreendimento no lote. Com o apoio da irmã Aline, estudante do ensino médio, ela realiza um sonho inspirada na paixão por cavalos que herdou do pai. Atualmente, 17 animais recebem cuidados no sítio – hospedagem, manejos nutricional e sanitário, bem como adestramento –, dos quais cinco são de propriedade da família. O primeiro equino de particulares tratado por eles foi no ano de 2011.
Elisa obtém uma renda mensal entre R$1,5 mil e R$ 2 mil – valores suficientes para bancar suas despesas e da irmã, além de pagar os dois cursos de graduação. Acadêmica também de uma faculdade de administração, na modalidade ensino a distância, ela busca adquirir conhecimentos que possibilitem acompanhar de maneira mais eficaz a gestão do lote e dos processos produtivos.
Ao contar um pouco da história da família e como a criação de cavalos se tornou uma opção econômica, Elisa Martins Maciel destaca que o projeto surge da experiência do pai. De origem humilde, muito jovem ele ganhou um potro e a partir daí a paixão passou a ser um estilo de vida e ofício.
Por morarem com o avô paterno e seus vários filhos em uma pequena propriedade rural à época, havia pouco espaço para eles explorarem esse tipo de atividade. Realidade que se transformou com a chegada da família no assentamento Rosa de Saron, em 2008, permitindo iniciar o projeto de equinocultura. De lá para cá, dezenas de muares (mulas e burros) e cavalos – entre baios, tobianos (malhados), tordilhos, etc –, passaram pela coudelaria tocada pela família.
Pela estrutura que oferece, eventualmente são realizados no local cursos livres, dias de campo e oficinas sobre temas que envolvem o cuidado de equinos e muares. Enquanto o pai Antônio dedica-se a tarefas como a doma de montaria e o ensino de campo, Elisa prefere atuar no manejo diário dos animais em momentos de alimentação e de tratamento sanitário, empregando teorias que focam a docilidade na condução desses afazeres. Três vezes por semana ela realiza, ainda, trabalho de pista ou redondel para exercitar individualmente os animais e evitar o estresse do confinamento nas baias.
“É uma coisa que a gente não sabe explicar. Antes era uma atividade que eu e meu pai fazíamos juntos. O trato com os animais é uma coisa fantástica, pelo carinho que eles demonstram a você. É bonito de se ver’, declara Elisa sobre a paixão pelos cavalos. E perguntada sobre o futuro, ela afirma que não tem intenção de sair, pelo contrário, pretende abrir uma clínica e um centro de reprodução de equinos na propriedade da família: “Quando profissional formada, quero me especializar em reprodução de equinos e também clinicar na área de identificação e tratamento de problemas comportamentais dos equinos”.
Na casa da família Maciel as mulheres têm participação efetiva nas atividades produtivas do lote e se envolvem também em projetos sociais de interesse da comunidade local e de famílias carentes do município.
Produção do lote
As culturas desenvolvidas no lote que garantem a renda principal da família Maciel são de café, cacau e banana-prata, sendo que as duas últimas são desenvolvidas em sistema de consórcio.
Os 1,6 mil pés de café de cultivo mais antigo resultaram em 90 sacas (o que renderam 28 sacas piladas, beneficiadas) em 2021 – algo em torno de R$ 19,6 mil. Outros 10,5 mil pés foram plantados recentemente e os agricultores familiares esperam começar a colher em 2023 ou 2024.
Da mesma forma, os 250 pés de cacau cultivados há pouco devem produzir a partir de 2022. Em relação à produção de banana-prata, os 150 pés do fruto proporcionaram a colheita de 70 caixas e uma renda de aproximadamente R$ 3,1 mil no ano passado.
Ativismo social
Além dos estudos e de seu trabalho com os cavalos, Elisa medeia a participação das famílias do assentamento em ações promovidas por uma empresa nos projetos de restauração florestal e de empreendedorismo para reparar os danos ambientais causados à região do rio Doce e seus afluentes.
O projeto, cujo objetivo é diminuir os impactos decorrentes de desastre ambiental, pretende pela via de ações práticas recuperar nascentes, divulgar campanhas de conscientização e educação ambiental, bem como realizar cursos de gestão de negócios em prol do empreendedorismo local.
Já Claudineia Ana Marins Maciel, a Cláudia (mãe de Elisa), atua há nove anos em projetos sociais desenvolvidos pela Associação de Mulheres Rota das Paineiras, em apoio a ações assistenciais da Igreja Católica destinadas a famílias carentes do município. Atual presidente da entidade, ela afirma que a ideia é que em 2022 seja regularizada a situação jurídica da associação em busca de novos desafios e fontes de recursos na manutenção dos projetos.
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