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Entregas institucionais abrem nova linha de atuação para assentados
Horticultura ganhou espaço na região dominada pela cadeia leiteira. Foto: Incra/RS
A Cooperativa de Produção Agropecuária do Pampa Gaúcho (Coopampa) entregou duas toneladas de produtos na última semana via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Modalidade Compra com Doação Simultânea. A carga formada por moranga, abóbora, cebola, melão e uva foi cultivada por 14 famílias assentadas nos municípios de Hulha Negra e Candiota, no Rio Grande do Sul, dentro da proposta de diversificação agrícola impulsionada pela política pública.
Esta foi a segunda remessa (a primeira ocorreu em 31 de janeiro) coordenada pela cooperativa e teve como destino o Centro de Referência Caminho da Luz e a Apae, de Bagé (RS), além do Clube de Mães Mãe Cleci, de Candiota (RS). A ação faz parte do contrato de estreia da Coopampa com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que operacionaliza o PAA.
O pacto, assinado em outubro de 2023, inclui 29 variedades de verduras, frutas e panificados em entregas quinzenais até novembro de 2024. Ao final do período, 38 toneladas terão sido fornecidas ao valor de R$ 179 mil.
Segundo o presidente da Coopampa, Márcio Rogério dos Santos, a adesão ao PAA foi uma forma de abrir perspectivas de renda para os assentados. O trabalho começou pela identificação e apoio às famílias dispostas a desenvolverem horticultura em um contexto predominantemente leiteiro.
Até então, a cooperativa focava na cadeia do leite, proporcionando assistência técnica e veterinária, além de viabilizar escoamento da produção e aquisição de insumos como fertilizantes, ordenhadeiras e demais equipamentos. Dos 92 cooperativados, 56 estão ativos na entrega do produto – processado por uma grande indústria.
A proposta agora é incluir serviços e estabelecer parcerias para comercializar outros cultivos, gerando novas possibilidades para os agricultores. “A diversidade de alimentos entregues destaca o potencial produtivo da região e reforça a importância de investir na agricultura familiar como pilar para o desenvolvimento sustentável. Este compromisso coletivo contribui não só para a oferta de alimentos saudáveis, mas também para a construção de uma comunidade mais resiliente”, afirma Márcio.
De acordo com o dirigente, embora recente, a iniciativa traz reflexos positivos para os dois municípios envolvidos. Tanto que a prefeitura candiotense disponibilizou um entreposto para recebimento e distribuição dos itens enviados ao PAA.
Crescimento
Dentre as famílias participantes do projeto, os assentados Claudiomar Brusque da Rosa e sua mãe, Francisca de Souza Antunes, destacam-se pelo histórico de superação. Os dois moram na área de reforma agrária Estância do Fundo, em Candiota (RS), e não chegavam à produção mínima exigida para manter a atividade leiteira. Além de conseguirem atingir os requisitos para escala industrial no setor, eles aderiram ao PAA.
Durante esta segunda entrega, a dupla chamou a atenção com uma moranga de 23 quilos. “É por causa do jeito que a gente planta, com adubo orgânico”, explica a agricultora. Segundo ela, a lavoura começou a ser preparada em setembro usando experiência de décadas na produção. “Não dá para depender só de um meio de renda. Enquanto este projeto continuar, a gente prossegue também”, afirma Francisca, ao lado do filho.