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Diversificação produtiva potencializa renda de assentados no Espírito Santo
O agricultor Rodrigo Pandolfi é exemplo do que a diversificação pode trazer em termos financeiros - Foto: Incra/ES
As famílias que se dedicam à organização das atividades desenvolvidas nos lotes de áreas de reforma agrária no Espírito Santo, de modo a diversificar a produção, têm alcançado resultados satisfatórios com retorno financeiro e elevação da renda. Muitas vezes, os recursos obtidos com uma atividade também podem fomentar outras.
É o caso dos beneficiários Juliana Pandolfi Tomaz (34 anos) e Rodrigo Calmon Tomaz Pandolfi (38 anos) que, desde sua chegada em julho de 2013 no assentamento Novo Sonho, no município de Ecoporanga, trabalham em função de um objetivo: diversificar ao máximo a produção, para terem o retorno esperado e assim otimizar o orçamento mensal. O que já proporcionou conquistas e significativa melhoria na qualidade de vida da família Pandolfi, como a compra de carro de passeio e a construção de casa confortável.
Produção leiteira e piscicultura
Dentre as várias atividades produtivas desenvolvidas pelo casal e seus três filhos estão o leite e a piscicultura. A criação de gado leiteiro, especificamente em virtude da comercialização dos bezerros, já financiou inclusive a formação inicial da cultura do café e o pasto para o aumento do plantel. A partir da renda obtida na horta da família, foi possível a aquisição de três vacas em 2018. Em 2020, com acesso ao Fomento Mulher, Juliana conseguiu adquirir mais duas vacas (valor completado com recursos próprios), além de contribuir em outros processos produtivos do lote. Hoje, possuem 18 animais, sendo 12 vacas em lactação ou em descanso – que até julho deste ano produziam em média 50 litros diários e uma renda de R$ 3 mil mensais obtida do fornecimento do produto a um laticínio da região. Já chegaram a ordenhar 120 litros/dia em média.
Já o açude existente na propriedade, com 4,5 metros de profundidade, abriga uma coleção de espécimes como tilápias, carpas, tambaquis, traíras, lambaris e pintados. Com tarrafadas realizadas duas vezes ao ano, a despesca garante o consumo da família e o excedente agrega valor ao orçamento familiar. Em 2021, foram comercializados peixes com resultado de R$ 3 mil.
Café e apicultura
O cultivo do café e a apicultura também são fontes de renda para esses assentados do Novo Sonho. Após participar de um curso há cerca de cinco anos, o agricultor Rodrigo Pandolfi recebeu algumas caixas da empresa promotora da qualificação, com a tarefa de buscar enxames. Aos poucos, o conhecimento sobre a atividade com as abelhas foi sendo aprimorado e os resultados apareceram. Em 2021, foram coletados 55 litros e obtida uma renda de aproximadamente R$ 1,6 mil.
Contudo, o plantio de café continua sendo a força principal do lote, no sentido de produção e lucros. Em 2017, foram cultivadas as primeiras quatro mil mudas, adquiridas ao valor de R$ 2,8 mil. Hoje, são mais de 23 mil mudas plantadas, das quais seis mil estão produzindo – o que, em 2022, gerou 93 sacas do produto pilado (beneficiado) e cerca de R$ 65 mil de lucro. Entre os anos de 2024 e 2025, quando a cultura estiver em plena produção, a expectativa da família é que seja alcançada a marca de 500 a 600 sacas piladas - com expectativa de renda entre R$ 350 mil e R$ 420 mil de acordo com os preços atualmente praticados.
Nos planos do casal para os próximos anos está a retomada da horta. Segundo Juliana, a atividade “traz dinheiro todos os dias”. Até cinco meses atrás, a família chegava a arrecadar R$ 4 mil por mês na participação em feiras realizadas duas vezes por semana em Ecoporanga. “Eu quero melhorar a qualidade do gado, com aprimoramento genético e aumentar a produção, uma vez que oito bezerras estão para nascer”, comenta a agricultora. Já Rodrigo, diz que pretende plantar mais café e cacau,’ em sistema de agrofloresta.
Para o superintendente regional Fabrício Fardin, “a diversificação nos lotes, além de ampliar os horizontes em termos de possibilidades de produção, evita a mera sazonalidade de renda obtida com o café ou possíveis perdas decorrentes desse cultivo, embora ainda seja a principal cultura do Espírito Santo e a vocação agrícola da maioria das famílias assentadas”. Fardin destaca que, na diversidade produtiva, “a geração de uma renda pode se transformar em outra, ao influenciar positivamente o processo produtivo do lote".
Assessoria de Comunicação do Incra
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