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Geração de renda
Diferentes arranjos familiares impulsionam processos produtivos no Espírito Santo
Qualidade da produção leiteira do rebanho da família Cunha é destaque no assentamento Córrego da Lage, em Mucurici (ES) - Foto: Incra/ES
A família Cunha exemplifica bem o que apontam pesquisas demográficas feitas no Brasil. Entre os resultados, o fato de o país passar por uma transformação nos costumes e nas relações sociais, ressignificados também a partir de novos arranjos familiares.
Em 2000, Lourival Henrique da Cunha, de 68 anos, chegou ao assentamento Córrego da Lage, em Mucurici, no Espírito Santo. Ao se instalar, sofreu a perda da esposa, com duas crianças para cuidar. Logo depois, conheceu a atual companheira, Ruth Gomes dos Santos, que também tinha um filho pequeno. Da relação do casal, veio o caçula, e todos continuam convivendo em harmonia sob o mesmo teto.
Os irmãos Thiago Soares da Cunha e Filipe Soares da Cunha crescerem e atualmente administram o lote. Iniciaram a atividade produtiva na criação de gado de leite, seguindo a tradição do pai, Lourival. Em 2008, o patriarca concretizou junto ao Incra a sucessão familiar ao ceder os direitos aos filhos em virtude de problemas de saúde.
Sem muito capital, à época Thiago e Filipe começaram o rebanho com 18 vacas. Em 2009, fizeram a inseminação de nove vacas objetivando melhorar a genética do rebanho e conquistar a tão sonhada autonomia.
Porém, a sustentabilidade econômica do lote surgiu mesmo com o financiamento do Pronaf A, em 2013, no valor de R$ 50 mil. Com os recursos eles compraram seis vacas de boa qualidade e formaram quatro hectares de capineira com cana-de-açúcar, destinados a alimentar o gado. Para alegria da família, em 2019 foi realizada a primeira venda de bois nascidos na parcela a um frigorífico da região. Os 20 animais renderam R$ 62 mil.
Em outra operação de crédito, no ano de 2020, os irmãos acessaram R$ 35 mil do Pronaf Custeio. Utilizaram o dinheiro a fim de cobrir despesas diversas (aquisição de insumos, ração, remédios e vacinas).
O atual plantel da família Cunha é formado por 35 vacas (19 delas em lactação) e 70 bezerros em estágio de recria. A expectativa para 2022 é a de entregar nova remessa ao frigorífico, com pelo menos 60 bois, e renda estimada de R$ 324 mil. Das fêmeas em produção, a média diária individual é de 22 litros. No mês de junho deste ano, por exemplo, os produtores entregaram ao laticínio 6,3 mil litros, recebendo R$ 14,7 mil.
No auge da produção, os assentados esperam alcançar a marca de 500 litros/dia. Em razão dos índices de qualidade alcançados na propriedade, conseguem valor melhor pelo produto. Essa qualidade é atestada por laboratório do laticínio a partir da coleta mensal de amostras individuais dos animais em lactação. Profissionais especializados fazem testes de CCS (contagem de células somáticas), de CBT (contagem bacteriana total) e de sólidos totais (minerais, gorduras e proteínas).
Progressos
No início da atividade, Thiago e Filipe se deslocavam diariamente de moto por oito quilômetros até um vizinho para armazenar e conservar a produção, de apenas 30 litros. Desde 2016, essa realidade mudou. A partir da doação de um resfriador à propriedade
pela Secretaria Estadual da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) a tarefa foi simplificada.
Segundo Thiago, a informação e a tecnologia também são importantes aos pequenos produtores. “Muita gente não acredita que em uma pequena área você possa ter uma quantidade de gado com tamanha qualidade”, afirma. E completa: “com muito trabalho, utilizando as tecnologias disponíveis e seguindo as orientações dos técnicos isso é possível”.
De lá para cá, muitos progressos ocorreram no lote. Entre eles, a aquisição do equipamento de ordenha, em 2016, no valor de R$ 10 mil, e de um trator, em 2018, por R$ 25 mil. Compraram, recentemente, uma máquina de silagem, ao custo de R$ 10 mil.
O projeto de futuro dos irmãos é o de promover novas melhorias na estrutura do lote. A meta é facilitar ainda mais o trabalho e propiciar bem-estar animal, como a ampliação da ordenha e a autossuficiência na produção de alimentos ao rebanho (forragem).
Uma coisa da qual a família não abre mão é a formação dos filhos mais jovens, proporcionada pela renda advinda da produção de leite. Geovane estuda Direito, faz estágio na prefeitura de Montanha e pretende realizar concurso público na área. Já o caçula, Artur Henrique, formou-se técnico em Administração no Instituto Federal do Espírito Santo – campus de Montanha, e está se preparando para cursar Medicina.
Conforme destaca o superintendente regional do Incra/ES, Fabrício Fardin, a tecnificação dos processos produtivos em áreas da reforma agrária garante maior valoração dos produtos e racionaliza custos. “O uso de equipamentos e de técnicas facilitam o trabalho realizado e reduzem o tempo consumido nessas tarefas, possibilitando uma gestão mais assertiva das atividades desenvolvidas nas parcelas”, defende.
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