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Meio Ambiente
Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado com plantio de 10 mil árvores no Rio Grande do Sul
Cultivo de sementes de árvores para plantio em assentamentos no Rio Grande do Sul
Estudantes de Agronomia e profissionais da área formados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Incra, vão celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, de maneira prática no Rio Grande do Sul. A partir deste sábado (4), eles vão semear dez mil árvores, em uma ação distribuída ao longo da semana, para evitar aglomerações.
A atividade inaugura a segunda fase de implantação do viveiro florestal localizado na sede do Instituto Educar, no município gaúcho de Pontão. A instituição é parceira do Incra/RS na promoção do curso de Agronomia desenvolvido no estado com apoio da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A graduação passou a ser ofertada a partir de 2014 e está na terceira turma destinada a atender beneficiários da reforma agrária e do Programa Nacional de Crédito Fundiário, além de outros públicos reconhecidos pela autarquia.
A etapa de construção do viveiro e plantios iniciais ocorreu em fevereiro deste ano. A intenção agora é produzir 100 mil mudas anuais, aliando preservação ambiental, aprendizado sobre agroflorestas e aprimoramento profissional dos estudantes.
“É muita expectativa pensar que daqui a 20 anos essas árvores estarão grandes, contribuindo com a natureza e com o país. Elas podem gerar renda, servir de alimento e evitar que as pessoas derrubem mata nativa por causa da madeira”, projeta Wagner Luz Ferreira. Formado em 2018, ano de conclusão da primeira turma de Agronomia do Pronera-Incra/RS, ele coordena a produção vegetal do Instituto Educar e é um dos responsáveis pela iniciativa.
O agrônomo conta que a construção do viveiro mobilizou assentamentos do município. “As famílias nos ajudaram na coleta. Fizemos um mutirão com distanciamento em fevereiro e conseguimos semear oito mil mudas de 15 espécies, entre nativas, exóticas, frutíferas e de sombra.” Na ocasião, houve o transplante de variedades arbóreas até então cultivadas junto com hortaliças.
Já as 10 mil plantas direcionadas ao ato alusivo do Dia Mundial do Meio Ambiente em 2021 integram um montante de 30 mil sementes enviadas por assentados paranaenses para a segunda etapa do cronograma. São 20 variedades adaptadas ao clima do Sul do Brasil, como araucária, erva-mate, açoita-cavalo e cedro.
Prática educativa
A proposta é transformar o viveiro em instrumento pedagógico para os 48 acadêmicos da turma atual e posteriores. Parte das plantas fará uma barreira no entorno do Instituto Educar destinada a proteger a produção orgânica de contaminações por agrotóxicos. Outras serão consorciadas com lavouras anuais, pastagens, hortaliças e apicultura. Neste caso, o objetivo é promover sombra e conforto aos animais, além de permitir diversidade de colheitas em uma mesma área.
Conforme explica o idealizador do projeto, professor Jacir Chies, o sistema agroflorestal ainda auxiliará na implantação de corredores ecológicos e ajudará a ressignificar a importância das espécies nativas para os futuros agrônomos, suas famílias e o público em geral. A disseminação das árvores também deve facilitar a recarga dos aquíferos subterrâneos.
Até agora, esclarece, a maioria dos educandos participou da elaboração teórica do programa. “Por enquanto, o manejo está sendo feito por uma equipe mínima de voluntários. Assim que a pandemia permitir a volta dos encontros presenciais, todos vão acompanhar o dia a dia do viveiro em aulas de diferentes disciplinas e nas atividades de extensão”, ressalta Chies.
Fernanda Ribeiro Lisboa (foto à direita) cursa o terceiro semestre e faz questão de colaborar nos canteiros. “Sempre que tenho um tempinho venho ver como as mudas estão, quantas germinaram. É muito gratificante acompanhar as plantas crescendo”. Filha de agricultores do assentamento Nossa Senhora Auxiliadora, em Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, ela acredita na recomposição florestal a fim de amenizar queimadas, comuns em seu estado de origem.
Disseminação florestal
A meta do Instituto Educar é ter 100 mil mudas até março de 2022, quando as brotações começam a ser transplantadas aos locais definitivos. A produção anual deve ser estabilizada no mesmo patamar a partir dessa data.
A Cooperativa de Produção Agropecuária Cascata (Cooptar), formada por 40 assentados de Pontão, está entre as destinatárias do trabalho. De acordo com o agricultor Isaías Vedovatto, um dos cooperados, a entidade já adotou os sistemas agroflorestais por causa dos benefícios à sociedade e ao ambiente.
O assentado revela que este tipo de agricultura também desencadeia vantagens econômicas para a cooperativa: auxilia no aumento da produção leiteira, gera frutas voltadas à comercialização e garante lenha para as caldeiras do frigorífico. “Nós plantamos cerca de mil árvores todos os anos e sempre tivemos dificuldade para conseguir as mudas. Agora podemos contar com o viveiro (do Instituto)”, relata.