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Curso de Agroecologia do Pronera em Alagoas tem atividades a distância
Os alunos de bacharelado em Agroecologia realizado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) estão tendo atividades online, em virtude da suspensão dos encontros presenciais ocasionada pela pandemia do covid-19. Realizado por meio de convênio do Incra com a instituição de ensino, o curso tem 50 estudantes, que se reúnem virtualmente todas as semanas, às quartas-feiras à noite, como atividade complementar da formação.
O bacharelado é a primeira graduação pelo Pronera em Alagoas. Teve início em novembro de 2018 e baseia-se na pedagogia da alternância, com os chamados tempo-escola e tempo-comunidade - no qual o aprendizado é reproduzido nas localidades de origem dos discentes.
O ensino, interdisciplinar, é pautado no conhecimento técnico sobre práticas produtivas sustentáveis e processos ecológicos operados nos agroecossistemas onde o profissional atuará, objetivando selecionar os tipos de manejo agroecológico mais adequados ao contexto local.
Conforme explica o professor da Ufal e coordenador-geral do curso, Rafael Navas, como o calendário de aulas da universidade está suspenso, é possível dar continuidade às atividades complementares e de extensão. Ambas são obrigatórias e têm carga horária mínima de 150 horas, a serem cumpridas, por exemplo, com a participação em congressos. Ao final do período, será emitido um certificado atestando que a carga horária está completa.
A plataforma utilizada foi escolhida pelos alunos, a partir da aplicação de um questionário, com base na facilidade de uso e a possibilidade de gravação das aulas. Cabe a eles munirem-se de computadores, celulares ou tablets e buscar acesso à internet. A participação é de mais de 60% do total de inscritos na graduação, com uma média de 30 estudantes a cada suporte virtual.
Navas explicou que o número é considerado bom, levando em conta a dificuldade de acesso à internet de muitos matriculados. Cada encontro semanal tem um convidado abordando determinado assunto relacionado ao curso. ”O tema da última aula foi transição agroecológica em assentamentos e comunidades quilombolas, mas já falamos sobre o uso de biofertilizantes, pragas, técnicas de estudo e armazenamento de sementes. A ideia é terem um conteúdo para a aplicação em atividade de campo, no tempo-comunidade”, diz.
Teoria e prática
De acordo com Rita Ferreira, do assentamento Fazenda Paraíso, em Piaçabuçu, região alagoana do Baixo São Francisco, as aulas têm trazido recompensa na prática, mesmo a distância. Ela empregou os conhecimentos obtidos sobre pragas na propriedade de um vizinho.
“Ele estava tendo problemas com a mosca negra. Na aula, o professor deu a dica do uso do leite da vaca diluído em água na medida certa e eu apliquei. Quinze dias depois o agricultor me ligou e disse que deu certo”. Para ela, foi gratificante uma receita tão simples dar um retorno tão positivo.
Na comunidade quilombola Poços do Lunga, em Taquarana, região Agreste do estado, Francisco Rosendo assiste as aulas por meio do celular. Segundo conta, está fazendo uma calda com as folhas da catingueira e do angico para o controle de insetos. “Os aprendizados estão valendo a pena, pois a gente usa o que a terra está dando para resolver os problemas”.
Apoio institucional
Rafael Navas diz que a universidade vem conhecendo melhor a realidade dos estudantes nos diferentes cursos. Houve a recomendação de aplicação de questionários e criado um grupo de trabalho com a finalidade de discutir as atividades neste período de pandemia. O apoio está sendo dado na capacitação e aperfeiçoamento do uso das plataformas para a oferta de atividades complementares e de extensão.
Um edital foi publicado a fim de que estudantes em situação de vulnerabilidade possam receber auxílio financeiro. Os que têm bolsa permanecem recebendo os recursos.
O assegurador do Pronera pelo Incra em Alagoas, Ubiratan Santana, afirma que parte do orçamento do programa está garantida, mesmo sem a volta das aulas presenciais. Desde o início, foram viabilizados equipamentos e apoio para a continuidade do ensino. “A base do programa é o tripé formado pelo Incra, Ufal e estudantes. Neste momento, todos se ajudam mutuamente”, acrescenta.
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