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Auxílio
Cooperativas gaúchas são orientadas sobre o acesso a recursos emergenciais
Equipe recebeu as demandas dos representantes dos assentamentos afetados pelas chuvas no estado. Foto: Incra/RS
Nesta quinta-feira (11), no Incra/RS, agricultores assentados de 14 cooperativas da reforma agrária do Rio Grande do Sul receberam orientação de representantes da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. O objetivo do encontro foi articular a elaboração de projetos pleiteando recursos da linha Emergencial para o estado, disponibilizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O fundo dispõe de R$ 15 bilhões.
“Viemos entender com mais detalhes a situação de cada cooperativa, saber com quais agentes financeiros trabalham. Ver o problema como ele é, e como tratar, com o compromisso de trabalho conjunto para estruturar propostas para captar recursos junto ao BNDES”, explicou o integrante da secretaria, Carlos Guedes de Guedes.
Cada cooperativa presente expôs os principais impactos após a emergência climática que afetou o estado em maio de 2024. Na região metropolitana de Porto Alegre, que sofreu com inundações, a produção de arroz agroecológico foi muito impactada. A Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), por exemplo, teve sua área produtiva às margens do rio Caí submersa e não pode colher 60% da lavoura. A agroindústria que beneficia o grão parou e aguarda a próxima safra para operar.
O frigorífico – outra linha dos cooperados – também sofreu com questões logísticas: entregas foram prejudicadas e clientes da região metropolitana duramente atingidos.
Mas os efeitos da tragédia vão bem além da mancha de inundação. “Nossas casas estão intactas, mas a nossa produção está completamente comprometida”, afirmou o agricultor da Cooperativa de Produção Agropecuária do Pampa Gaúcho (Coopampa), Márcio Rogério dos Santos. “Tivemos 50% de quebra. Nossos produtores perderam a renda e o planejamento”, explicou. A Coopampa tem 99% de seus associados trabalhando na cadeia leiteira nos municípios de Candiota (sede da cooperativa) e Hulha Negra.
Em Santana do Livramento, esta linha produtiva também foi bastante afetada. Dados da Cooperativa Regional dos Assentados da Fronteira Oeste (Cooperforte) mostram uma queda de 40% na produção. Dias sem operação, dificuldade de escoamento em razão da situação das estradas, danos ao solo e às pastagens, perda de matrizes e prejuízo em estruturas de recolhimento e na fábrica de rações também foram contabilizados.
Encaminhamentos
Como um tema transversal a todas as cooperativas foi a questão dos endividamentos – não só das associações, mas individualmente, das famílias – uma primeira medida é identificar cada situação. O levantamento deve indicar quem renegociou e conseguiu pagar financiamentos antigos, mas segue com restrições de crédito, e quem ainda tem parcelas pendentes. De acordo com Guedes, o governo federal está atento à questão, para além da prorrogação dos débitos até 15 de agosto.
Também ficou acordado que cada cooperativa vai repassar suas demandas, seja de capital de giro, máquinas ou investimentos, para que a equipe da Secretaria Extraordinária e do Incra/RS auxilie na elaboração dos projetos e articulação com os agentes financeiros. A intenção é reunir com os representantes dos cooperados a cada 15 dias.
Outras medidas
O superintendente regional do Incra/RS, Nelson Grasselli, enumerou outras ações que a regional vem desenvolvendo para as áreas de reforma agrária em razão da situação de emergência no estado. Entre elas, a elaboração de projetos para estradas, com reforço de outras regionais da autarquia na equipe de engenheiros e capacitação de agentes das prefeituras, e a contratação de técnicos para laudos das habitações, já em andamento.
Segundo o integrante da Secretaria Extraordinária, Claudio Fioreze, presente na reunião, o órgão está trabalhando com ações emergenciais, mas também para encaminhar políticas de médio e longo prazo, que promovam recuperação e resiliência. Uma das propostas, por exemplo, é articular comunidade científica e territórios rurais.