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Assentamentos capixabas mostram amadurecimento dos sistemas produtivos locais
Renda obtida com café permite ao assentado Devair Andrade diversificar o leque de produtos - Foto: Incra/ES
O perfil da família assentada, associado à dedicação voltada para a produção de excedentes e acesso a créditos e incentivos produtivos são uma conjunção de fatores que normalmente levam ao desenvolvimento e progresso dos assentados em áreas de Reforma Agrária criadas ou reconhecidas pelo Incra.
No Espírito Santo, por exemplo, a ocupação regular de lotes e a realidade produtiva das famílias assentadas têm relação direta com o estágio atingido pelos assentamentos e o acesso a incentivos produtivos – como é o caso da liberação de créditos, da realização de obras de infraestrutura, investimento em tecnologia, agroindustrialização, etc.
Assentamento Ouro Verde
Devair Andrade, de 50 anos de idade, e Rosa Marta Max Andrade, de 49 anos, foram assentados em 2001, mesmo ano de criação do Projeto de Assentamento Ouro Verde - localizado no município de Muniz Freire, na região Sudoeste do Espírito Santo, e que abriga 30 famílias em uma área de 256,2 hectares.
Trabalhador da antiga fazenda que deu origem ao assentamento, nos primeiros dois anos ele concentrou sua atividade produtiva no cultivo de barata-baroa, a partir do acesso em 2002 aos recursos do Pronaf-A (no valor R$ 12 mil), quitados em 2013. Depois foram quatro anos plantando tomates – que chegou a obter cerca de R$ 5 mil de renda familiar por semestre ou roça colhida, como ele mesmo afirma.
Em razão de haver em seu lote duas mil covas, pés de café plantado ainda na fazenda anterior ao assentamento, com recursos próprios o agricultor resolveu intensificar a produção cultivando mais duas mil mudas entre 2003 e 2004. Em 2021, ele colheu 60 sacas do produto pilado, beneficiado – gerando algo em torno de R$ 70 mil de renda -, e aproveitou para plantar mais quatro mil pés de café, que em 2023 já terá produção. Para 2024, a projeção é que o café existente na propriedade renda pelo menos 120 sacas do produto maduro, que pode gerar cerca de R$ 120 mil de renda.
E os valores obtidos com a venda do café dão maior segurança à família Andrade, a ponto de, em 2010, ter adquirido um carro de passeio à vista. No futuro, Devair deseja retomar e intensificar a atividade de plantio de verduras, leguminosas e outros cultivos. que já são produzidos no lote para consumo e o excedente comercializado - a exemplo de alface, repolho, jiló, milho, feijão, mandioca, banana, laranja. Além disso, o agricultor pretende diversificar ao máximo seu leque de produtos, com o acréscimo do palmito e do abacate que, segundo ele, “são itens que o comércio está aquecido e bom pra se vender, porque com apenas dois pés de abacate no sítio atualmente consigo cerca de R$ 1 mil por ano”, defende.
Assentamento União
Criado em dezembro de 1998, o Projeto de Assentamento União localiza-se no município de Mimoso do Sul, região Sul do Espírito Santo, e conta atualmente com 56 famílias instaladas em uma área de 563,8 hectares. Nele encontra-se a família de Alcedino Alves Pinto, de 63 anos, e de Maria das Neves da Silva Alves, com 57 anos, que explora a atividade leiteira e o plantio de café em seu lote – no qual é beneficiária da reforma agrária desde 1998.
Quando começou a trabalhar na atividade leiteira, em 2006, o assentado contava com apenas três vacas e uma média diária de produção de 25 litros. Ele fazia queijos para conservar o produto e vendia o excedente. De lá para cá muita coisa mudou. Hoje são 13 vacas em lactação e um touro para orgulho do agricultor que atinge produção média diária de 80 litros de leite com seu plantel. Em períodos mais secos, como o mês de março de 2022 por exemplo, a média caiu para 70 litros / dia. No entanto, em períodos de chuvas a produção pode chegar a 100 ou 110 litros por dia. Em fevereiro de 2002, ao entregar pouco mais de 2,6 mil litros de leite à empresa para a qual vende o produto recebeu pagamento no valor de R$ 4,4 mil.
A boa condição alcançada pela família tem a ver também com os créditos destinados pelo Governo Federal, a exemplo do Instalação Apoio Inicial, em parcelas recebidas em 1999 e em 2000, perfazendo R$ 1,4 mil. Nesses mesmos anos, acessaram o crédito Aquisição de Material de Construção em duas parcelas, compondo o valor de R$ 2,5 mil. Já nos anos de 2006 e 2007, o Recuperação de Material de Construção, perfazendo R$ 5 mil.
Com a ajuda do filho Alessandro da Silva Alves, o casal produz também café. Os 3,5 mil pés renderam em 2021 cerca de 60 sacas piladas. beneficiadas do produto – o que corresponde a R$ 42 mil de renda. Em 2022, com a colheita de quase 65 sacas, a produção ultrapassou as expectativas. Como a família tem por costume vender a produção aos poucos, conforme as necessidades surgem, as sacas estão acondicionadas em um depósito de Mimoso do Sul.
Nos planos ao futuro do lote estão inclusos a instalação de sistema de irrigação que potencialize o plantio de milho e o processamento de silagem com fins a dispor de suplemento alimentar às vacas, que, aliás, o agricultor pretende aumentar o plantel e elevar a produção.
Silvio Franzagua dos Santos, de 47 anos, e a esposa Joziane Fernandes dos Santos, 43 anos, vivem situação confortável atualmente, alcançada graças a seu trabalho e esforços dedicados ao lote. Poucas famílias assentadas são como a Santos, que possui três carros (um deles na categoria utilitário) e quatro motos - inclusos os filhos, o irmão e a mãe que exploram juntos a parcela e são proprietários desses veículos.
Instalada desde o início do assentamento, a família Santos tem no cultivo de café sua atividade principal. Os cerca de 14 mil pés renderam, em 2021, cerca de R$ 80 mil, somente com a comercialização de parte da produção. Os resultados alcançados são fruto também de investimentos da família e acesso a recursos advindos de políticas públicas direcionadas a agricultores familiares, caso do Pronaf e de financiamentos subsidiados do Banco do Brasil - utilizados na expansão da cultura de café, na aquisição de adubo, na instalação do sistema de irrigação, no trato da plantação e na própria colheita. Por exemplo, o acesso ao Pronaf-E, em 2013, no valor de R$ 28 mil, foi utilizado na irrigação da lavoura, com três anos de carência e última parcela prevista em contrato, no valor de R$ 5,2 mil, a ser paga este ano de 2022.
A construção da tuia ou depósito para guardar os grãos colhidos (paiol), no valor de R$ 2,5 mil, e do terreiro para secagem do café, no valor de R$ 3,4 mil, ocorridas em 2022, são alguns dos investimentos realizados na melhoria dos processos produtivos no lote da família. Já a casa em que vivem Silvio, Joziane e os dois filhos foi construída e diversas vezes reformada, com recursos do Governo Federal e próprios da família obtidos com a comercialização de café: em 1999 e 2000, as parcelas do crédito Aquisição de Material de Construção, perfazem o valor de R$ 2,5 mil; enquanto o Recuperação Material de Construção, em 2007, destinou mais R$ 5 mil.
Segundo Silvio, a Associação do assentamento também oferece boa estrutura aos filiados, com uso coletivo de trator, caminhão, secador, máquina de pilar e máquina de silagem – muitos desses equipamentos oriundos de emendas parlamentares. Já sobre os projetos da família para o futuro, ele afirma que “este ano pretende comprar um carro de passeio, renovar o restante da lavoura de café e fazer nova reforma da casa”.
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