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Assentamento catarinense produz álcool para prevenção do coronavírus
Em tempos de enfrentamento à pandemia do coronavírus, um alambique (destilaria artesanal) localizado no assentamento Primeiro de Maio, em Curitibanos, no Meio Oeste catarinense, tem mostrado que a solidariedade dos pequenos produtores pode fazer a diferença quando há escassez no interior do Brasil.
Na instalação erguida há 16 anos na área de reforma agrária para preparo de cachaça, licores e outros destilados, os irmãos assentados Lulis e Antônio Girotto estão produzindo álcool com concentração de 70% para abastecer hospitais, centros de saúde e outros ambientes públicos que necessitem de higienização na cidade.
A iniciativa acontece graças à parceria com o professor de química Cristian Soldi, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), - que já realizava projetos de extensão no assentamento - e conta com a supervisão da engenheira agrônoma Adriana Francisco, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
A ideia nasceu pela falta do produto no mercado e prevê a aquisição de álcool a 46° INPM pela Prefeitura de Curitibanos para transformação em 70° INPM - o único com concentração eficaz para inativar micro-organismos, de acordo com especialista. O grau INPM (Instituto Nacional de Pesos e Medidas) é um padrão de graduação alcoólica muito utilizado no Brasil.
Trinta litros já foram produzidos, aprovados em laboratório e estão sendo utilizados na prevenção. A produção ocorrerá de acordo com a demanda. “A gente se sente orgulhoso por poder contar com a estrutura que a gente tem e colaborar com um momento difícil. Hoje a gente vê o valor que está um álcool para quem precisa e sabemos que é um absurdo, porque mesmo na nossa mini-industriazinha dá para fazer por um valor muito abaixo do que o mercado está praticando”, argumenta Lulis Girotto.
Alimentos contra o desabastecimento
Além da ajuda dos irmãos com o álcool na destilaria, os 125 agricultores assentados em quatro projetos no município de Curitibanos contribuem com seus alimentos, para que estes não faltem a ninguém durante o estado de calamidade pública. “Numa região em que você só vê soja e milho, é um momento interessante para ver a importância da presença dos assentamentos e da pequena agricultura, onde se produz de tudo, e se garante que não haverá desabastecimento de alimentos”, destaca Girotto.
Segundo ele, doações estão sendo feitas pelas comunidades a famílias carentes da cidade. “Para quem trabalha de dia para comer de noite já está faltando comida”, diz o assentado, provando que a empatia pode ser praticada mesmo quando se recomenda o isolamento social. Em tempos de crise, o que é vital é o mais importante.
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