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Educação do Campo
Assentados pernambucanos formam-se em Técnico em Agropecuária pela UFRPE
Formação dos estudantes tem ênfase em Agroecologia. Foto: Incra/PE
O curso Técnico em Agropecuária, com ênfase em agroecologia, voltado para jovens e adultos de áreas da reforma agrária na região do Sertão do Pajeú, em Pernambuco, forma turma com 27 assentados.
No período de 20 a 23 de abril de 2021 ocorreram as últimas atividades do grupo, com as apresentações dos trabalhos de conclusão de curso dos 27 educandos, por transmissão via plataforma de videoconferência, devido à pandemia de covid-19.
A qualificação cumpriu o Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o Incra e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), por meio do qual a viabilizou a formação dos alunos seguindo o modelo de Educação do Campo, com uso da Pedagogia de Alternância. O curso é um dos diversos oferecidos em todo o país aos públicos beneficiários das políticas públicas executadas pelo Incra, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
Para o superintendente regional do Incra em Pernambuco, Thiago Ângelus, o curso amplia a qualificação dos assentados e pode gerar desenvolvimento na região. “A parceira entre o Incra e Universidade Federal Rural de Pernambuco tem alcançado resultados bastante satisfatórios com a formação de Técnicos em Agropecuária, com ênfase em Agroecologia. Isso contribui para inserção no mercado de trabalho de mão de obra qualificada, geração de oportunidade de emprego para esses profissionais e melhoramento das atividades do campo, com a assistência que será dada aos produtores pernambucanos. Parabéns aos novos profissionais!”, disse.
Curso
Iniciadas em 2015, as aulas foram ministradas no campus da UFRPE, no município de Serra Talhada (PE). O curso, que teve carga horária de 1815 horas-aulas, está no nível subsequente, seguinte ao Ensino Médio. Em 2020 e 2021 as aulas e atividades do curso foram desenvolvidas de forma remota, em respeito às orientações dos especialistas em saúde pública e como forma de minimizar contaminações pelo novo coronavírus.
Em termos técnicos, o curso foi desenvolvido por meio da Pedagogia de Alternância - com três semanas de aulas teóricas e uma semana de aplicação do conhecimento nos assentamentos, constituindo o tempo-escola e o tempo-comunidade, respectivamente. Com essa Pedagogia, se buscou a formação de jovens e adultos agricultores dentro de uma concepção integradora com as várias atividades que se realizam nas unidades de produção e nas comunidades rurais. Isso, possibilita aos estudantes confrontarem a teoria das aulas com a prática do dia a dia nas suas comunidades / assentamentos, lhes proporcionando questionar os conhecimentos repassados na qualificação com as situações reais que se deparam no seu próprio meio rural.
A formação dos profissionais na área de Agroecologia, voltada para o bioma Caatinga, se deu por meio do contato do aluno assentado com o seu próprio meio rural e, assim, constituindo-se numa das etapas mais importantes na construção do seu referencial, a fim de que ele melhor possa conhecer a sua realidade, bem como a agricultura e pecuária desenvolvida na região.
O curso visou formar assentados para atuarem dentro de uma perspectiva de fortalecimento da Agricultura Familiar e na sustentabilidade ecológica, econômica e social dos assentamentos do Sertão do Pajeú - que abrange uma área de 13.350 quilômetros quadrados e é composto por 20 municípios, com uma população total de cerca de 400 mil habitantes, dos quais pouco mais de 150 mil vivem na área rural. Na região do Sertão do Pajeú estão inseridos aproximadamente 34 mil agricultores familiares, com 1.810 famílias assentadas, 16 comunidades quilombolas e uma terra indígenas. A maioria dos alunos deste curso é oriunda de assentamentos do Pajeú, mas há também assentados e filhos de assentados vindos de outras regiões do Estado.
Segundo o professor doutor Antônio Henrique Cardoso do Nascimento, coordenador do curso, o Pronera representa uma nova proposta educacional para o meio rural da região, dentro de uma concepção integradora, com atividades realizadas nas salas de aulas e nas comunidades. “Esse conjunto de fatores possibilita ao estudante um perfil dinâmico preparado a observar e conhecer o seu ambiente de trabalho. Com isso, estamos mudando vidas e gerando novas perspectivas. Tanto na academia, pois vários dos nossos educandos, por meio do Pronera, conseguiram entrar no ensino superior em Agronomia, Engenharia de Pesca, Zootecnia e Sistema de Informação. Quanto em atuações no mercado de trabalho, na produção de hortaliças ou na criação de ovinos-caprinos e de peixes”, afirma.
Entre as áreas de conhecimento estudadas e desenvolvidas durante o curso estão: Apicultura, Aquicultura (Ranicultura, piscicultura e carcinicultura), Cunicultura, Suinocultura, Avicultura, Ovino-caprinocultura, Produção orgânica de hortaliças, Fruticultura, Manejo e conservação de Forragens, Culturas tradicionais (feijão, milho e mandioca), Manejo e conservação da Caatinga, Tecnologia de processamento de produtos de origem animal e vegetal, Construções rurais, Irrigação, Mecanização, Fitossanidade, Manejo e conservação dos solos, Gestão e extensão rural, Cooperativismo e associativismo, Planejamento de projetos.
De acordo com a agora técnica em Agropecuária, Gilda Santos Pereira, diferenciais que podem ser ressaltados na capacitação foram a boa qualidade do curso e a importância desta formação para a sua comunidade. “A experiência que tive durante este tempo de curso foi de grande valor para a minha formação, trazendo melhoria para a minha comunidade. Apesar das dificuldades encontradas, principalmente com as aulas remotas, devido a pandemia”, disse.
Assessoria de Comunicação Social do Incra/PE
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