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Assentados participam da 46ª Expointer no Rio Grande do Sul
Família Zago, do assentamento Capivara, em Hulha Negra (RS), participa pela primeira vez do evento. Fotos: Incra/RS
A mais conhecida e tradicional feira agropecuária do Rio Grande do Sul iniciou em 26 de agosto (sábado), com uma presença expressiva de agricultores familiares. A 46ª Expointer ocorre até 3 de setembro no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, situado em Esteio (RS), distante 25 quilômetros da capital, Porto Alegre.
Neste ano, o evento tem 372 expositores no pavilhão dedicado à agricultura familiar. Entre eles, 12 são empreendimentos da reforma agrária, comercializando produtos dos assentamentos em 11 bancas (relação completa ao final da matéria). São vendidos sucos, embutidos, laticínios, arroz, sementes agroecológicas, entre outros.
A reforma agrária também está presente na praça de alimentação do Pavilhão da Agricultura Familiar, onde a cozinha, operada por agricultores da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), serve, diariamente, arroz de carreteiro feito com o grão agroecológico produzido em assentamentos gaúchos.
Divulgação
No primeiro final de semana do evento, os estandes e a cozinha da reforma agrária comercializaram um total de R$ 95,2 mil. Segundo a Emater, o valor integral alcançado pelos expositores do pavilhão no período foi recorde: R$ 1,9 milhão.
Mas a participação na Expointer é motivada para além das vendas. Assentado no Conquista da Fronteira, em Hulha Negra (RS), Fidel da Cruz Vogel está na banca da Bionatur, rede de produção e comercialização de sementes agroecológicas. “A feira é uma oportunidade de divulgação, para falar do nosso papel no resgate de sementes crioulas e da certificação participativa”, afirma.
Com 26 anos, a Bionatur é uma iniciativa de agricultores assentados da reforma agrária com sede em Candiota (RS). Hoje, reúne produtores do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte e é mantenedora de 32 variedades de sementes. É também uma participante antiga da Expointer.
Neste ano, levaram ao evento 23 variedades de sementes, de acordo com Liliane Martins, atuante no setor de comercialização e também atendente na banca. Uma curiosidade: tanto ela quanto Fidel são beneficiários do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), executado pelo Incra e que completou 25 anos em 2023. Liliane é formada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e ele cursa Agronomia pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
Estreantes
Já no estande 212, o casal de agricultores Sueli e Zair Zago inaugura sua participação na Expointer com a expectativa de comercializar 700 quilos de queijo (de diversos tipos) e 45 potes de doce de leite. Toda produção é fabricada na agroindústria da família, instalada há três anos no assentamento Capivara, em Hulha Negra (RS).
“Nossa esperança é vender tudo. O primeiro final de semana foi muito bom e estamos muito animados”, afirma Sueli. O queijo colonial e o doce de leite foram inscritos no concurso que escolhe destaques entre os produtos da agricultura familiar em cada edição da Expointer.
Assentados da reforma agrária há 23 anos, os Zago criaram as duas filhas (de 25 e 17 anos) e o caçula de 10 anos próximos à pecuária leiteira. “A agroindústria foi uma forma de agregar valor ao preço do leite, antes muito baixo. E também como incentivo para os filhos permanecerem na terra”, justifica Sueli.
Atualmente, o rebanho da família produz 400 litros de leite por dia: metade é comercializada em laticínio da região e a outra parte direcionada à agroindústria. A produção de queijo colonial, muçarela, requeijão, doce de leite e leite condensado ocorre mediante a demanda das feiras e das vendas para mercados e restaurantes da região. Os assentados também entregam o produto a quartéis e escolas, via programas institucionais de aquisição de alimentos.
A família Piazza - assentada em Candiota - também é estreante na Expointer, e trouxe para o público suco de uva integral e vinho colonial. "É uma oportunidade para apresentar nosso produto e vender o estoque", comenta Milton Zanatto Piazza.
Nessa primeira participação, a agroindústria familiar disponibilizou 260 litros de suco e 270 litros de vinho. Segundo ele, a maior procura no final de semana foi pelo suco.
Ele, o pai e um primo, todos do assentamento Boa Vista do Butiá, iniciaram o projeto de vitivinicultura há cinco anos, com o objetivo de diversificar a produção. Juntos, possuem um hectare e meio de parreiras das espécies: bordô, niágara branca e rosa, isabel e francesa preta.
A atual safra rendeu 2,5 mil litros de suco e 2 mil litros de vinho. O registro das bebidas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) foi finalizado em janeiro, e a Expointer é a primeira experiência em eventos de grande circulação de pessoas.
"Está sendo bem interessante porque as pessoas procuram, levam nosso cartão e perguntam se podemos enviar por transportadora", diz Milton. Além do contato direto com os consumidores, ocorre a troca de experiência com colegas do setor - ele descobriu impressões de rótulo de garrafas mais em conta com o vizinho de banca de Bento Gonçalves.
Confira os estandes da reforma agrária na 46ª Expointer:
55 – Cooperativa de Produção Agropecuária Cascata (Pontão)
56 – Sucos Zatti e Sucos Camargo (Nova Santa Rita)
182 - Associação dos Agricultores Assentados Produtores de Leite e Derivados Mãe Natureza (Pedras Altas)
183 – Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Nova Santa Rita)
184 – Cooperativa dos Produtores Orgânicos de Reforma Agrária de Viamão (Viamão)
212 – Agroindústria Zago (Hulha Negra)
216 - Agroindústria Piazza (Candiota)
232 – Bionatur (Candiota)
249 – Produtos Coloniais Fioresi (Tupanciretã)
250 – Agroindústria Camponês (Jóia)
251 – Sorvetes Camponês (Jóia)
Cozinha C – Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Nova Santa Rita
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