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Crédito Instalação
Assentados melhoram renda com a produção de café no Espírito Santo
Marinalva e Agnaldo apostam na elevação da qualidade do grão nos próximos anos. Foto: Incra/ES
A produção de café é responsável por impactar a realidade socioeconômica da maioria das famílias assentadas no Espírito Santo. Especialmente quando, a partir dos recursos advindos da comercialização de excedentes, buscam melhorar a qualidade do produto ao otimizar processos e/ou inserir novas alternativas de renda familiar que tragam a tão sonhada independência financeira.
A área de reforma agrária Lírio dos Vales, localizada no município de Ecoporanga, na região Noroeste do estado, a aproximadamente 310 quilômetros da capital, Vitória, foi criada em 2009 e conta com 443,3 hectares de terra. Desde o começo no assentamento, o casal Marinalva e Agnaldo Souza espera elevar a produção do café para qualificar ainda mais o produto e organizar o lote onde moram.
Com a liberação do Crédito Instalação pelo Incra, em 2011, eles adquiriram ferramentas de trabalho e arame para cercar o espaço de produção, bem como as primeiras duas mil mudas de café, plantadas em 2019, e o sistema de irrigação do cultivo. Os incrementos foram possíveis com o acesso ao investimento nas modalidades Apoio Inicial, no valor de R$ 3,2 mil, e Fomento, de R$ 6,4 mil, em 2018.
Em maio de 2021, os agricultores haviam realizado o plantio de outras duas mil mudas e a instalação do sistema de irrigação com recursos próprios, além das mais de mil mudas cultivadas, mediante o acesso ao Fomento Mulher, em novembro de 2020, no valor de R$ 5 mil. Em 2022, o retorno do trabalho começou a aparecer com a colheita de 84 sacas e renda de R$ 14,3 mil. E para 2024 ou 2025, a expectativa da família é produzir pelo menos 250 sacas de café maduro – hoje algo em torno de R$ 35 mil.
Segundo Agnaldo, o casal planeja plantar mais cinco mil mudas no lote nos próximos anos. “Um sonho é o assentamento adquirir, em breve, um secador de café para o produto ser beneficiado no local e ganhar mais valor em termos de preço no mercado”, declara. Para Marinalva, o lote da família é o lugar ideal para criar raízes. “Um filho nasceu aqui e os netos também nasceram depois que chegamos no local”, comenta.
Tradição
Na Santa Rita, a maioria das 50 famílias beneficiárias optou por seguir a tradição agrícola de cultivar café. A área de reforma agrária com 594 hectares foi criada em dezembro de 1996 e está situada nos municípios de Bom Jesus do Norte e Apiacá, na região Sul do estado.
Adilino e Maria Aparecida Freitas dispendem esforços para produzir o melhor café possível em seu lote. O plantio de, aproximadamente, seis mil pés de arábica e oito mil pés de conilon na parcela destinada ao casal propiciou, ao longo do tempo, uma boa condição de vida à família. Eles não cogitam deixar o lote: “É muito bom e daqui não saio. Demorou para construir e agora que está pronto não posso abandonar”, comenta o assentado.
Embora com menor performance nos últimos anos, a produção de 50 sacas piladas (beneficiadas) de café arábica, em 2020 e em 2021, rendeu em torno de R$ 15 mil por ano. Para 2022, a estimativa de ganhos obtidos com as 70 sacas do produto chegou bem próxima de R$ 70 mil. Já em relação ao café conilon, a produção de 2020 atingiu 90 sacas piladas e renda aproximada de R$ 27 mil. Em 2021, foram 170 sacas piladas e renda de quase R$ 80 mil – valor estimado em razão dos vários preços de cotação do produto, conforme o período de venda. Em 2022, com as 150 sacas produzidas, a expectativa é obter cerca de R$ 120 mil ao longo do ano, conforme a necessidade de venda para suprir as demandas da família.
De acordo com Adilino, entre os planos para o lote está a busca por orientação de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RJ), de modo a potencializar o cultivo e transformar o café plantado em produto especial, elevando tanto o preço do produto quanto a renda familiar. Outra meta para 2022 é a compra de um automóvel de passeio para uso da família.
Organização
Criado em 2012 e localizado no município de Montanha, na região Norte do estado, a cerca de 330 quilômetros da capital capixaba, o assentamento Verino Sossai conta com 11 beneficiários em 111 hectares – o que facilita a organização social e produtiva das famílias. Entre elas está a do casal Maria das Graças e Manoel Dias.
Tudo começou com uma roça de mandioca em 2015, gerando mais de 24 toneladas e rendendo R$ 12 mil à família. Com o dinheiro da primeira comercialização obtida do lote foi possível adquirir 4,8 mil pés de café e instalar o sistema de irrigação. Em 2018, a partir do acesso ao crédito Fomento Mulher (R$ 5 mil), realizaram o plantio de mais 1,1 mil mudas. Neste ano, a produção de 90 sacas piladas do grão rendeu cerca de R$ 60 mil.
Em 2021 foram plantadas, aproximadamente, 600 mudas de pimenta-do-reino como alternativa para gerar outra fonte de renda ao casal. Além disso, a ordenha de duas vacas produz em média cinco litros de leite/dia para o consumo da família, sendo o restante da produção destinado a alimentar os bezerros.
“Com parte dos recursos advindos da comercialização do café conseguimos adquirir, em 2022, um carro de passeio seminovo. E, para os próximos anos, o plano é investir em um projeto de hortaliças, ampliando aos poucos os negócios da família”, declara, confiante, o agricultor Manoel.
Assessoria de Comunicação do Incra no Espírito Santo
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