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Assentados encerram colheita de arroz agroecológico no Rio Grande do Sul
Encerra-se até o fim de abril a colheita de arroz produzido sem uso de agrotóxicos em 14 assentamentos do Rio Grande do Sul. A estimativa dos agricultores é colher 312 mil sacas em 3.215 hectares cultivados em 11 municípios gaúchos.
Considerada pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga) a maior produção deste gênero na América Latina, a atividade envolve 364 famílias assentadas nas regiões Sul, Centro-Sul, Metropolitana e Fronteira Oeste do estado.
O assentamento Viamão, situado em município homônimo na região metropolitana de Porto Alegre, concentra uma das grandes áreas de orizicultura orgânica entre os projetos de reforma agrária: aproximadamente 980 hectares.
Agroecologia
O local está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande e teve uma parte cedida pelo Incra à Secretaria Estadual de Meio Ambiente para a criação do Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, de uso restrito para a conservação ambiental. Neste contexto, a adoção da agroecologia é obrigatória para todos os tipos de produção.
“Desde que chegamos aqui temos o compromisso de produzir de maneira orgânica para preservação deste lugar. Fomos adquirindo conhecimento ao longo dos anos, acertando estratégias de produção e hoje temos um espaço limpo para se viver e produzir alimentos saudáveis”, avalia Osmar Moisés de Moura, assentado em Viamão.
Dos 15 hectares do lote no assentamento, ele dedica 12 hectares da chamada “parte baixa” (irrigada) para o plantio do grão, onde colheu 1,2 mil sacas nesta safra.
O modelo agroecológico de produção de arroz em assentamentos gaúchos completa duas décadas em 2020, e se fortaleceu como fonte de renda às famílias inseridas e meio de desenvolvimento social e econômico.
Beneficiamento e comercialização
Além das lavouras, o sistema produtivo conta com infraestrutura de recebimento, armazenagem e beneficiamento da produção.
Sob a organização do Grupo Gestor (formado por entidades, técnicos e assentados), oito cooperativas integram a rede e o processamento do grão é realizado em quatro unidades industriais - implementadas no decorrer do período com apoio do Incra, por meio de programas de fomento à agroindustrialização.
Entre os principais tipos cultivados estão o agulhinha e o cateto, que após tratamento, se transformam em arroz branco polido, parboilizado e integral, e cateto branco e integral. O produto – que possui certificação da qualidade orgânica – é comercializado em mercados institucionais (60%) e convencionais (feiras e estabelecimentos do RS e de outros estados).
A suspensão temporária das compras institucionais em decorrência do coronavírus impactou as relações comerciais. Segundo o representante do Grupo Gestor, Emerson Giacomelli, os estoques precisam ficar reservados aos compradores, em sua maioria, prefeituras que destinam o produto para alimentação escolar. “Os contratos para o primeiro semestre foram assinados entre dezembro e janeiro. Estabelecemos cronograma de entrega, tudo programado para escoar a produção, que agora fica parada”, observa.
Planejamento
A colheita do arroz agroecológico teve início em meados de março, e à medida que foi sendo finalizada, profissionais especializados do Grupo Gestor orientam o manejo da lavoura para a próxima safra.
Em parceria com o Irga e com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o Grupo instalou, no último dia 24, a terceira unidade demonstrativa de observação em um lote no assentamento Viamão. Outras duas, implantadas anteriormente, se localizam em assentamentos de São Jerônimo e Nova Santa Rita.
O objetivo é realizar testes em diferentes tipos de solo e mapear os territórios da orizicultura agroecológica, segundo o engenheiro agrônomo do Grupo Gestor, Edson Cadore. “Acompanhamos o trabalho na unidade por três anos para verificarmos todo o processo e podermos traçar práticas que possam ser ampliadas para as lavouras”, conta o agrônomo.
A etapa pós-colheita inclui, ainda, a manipulação da palhada (resteva), acelerando a chegada dos restos das plantas até o nível do solo, para facilitar a decomposição a ser feita por microorganismos vivos. “Um hectare de arroz colhido produz de seis a 10 toneladas de palha no chão. Com um ‘picador’ na colheitadeira isso vai se espalhando pela terra e os microorganismos fazem a mineralização desta resteva e do solo”, explica Cadore. Ele acrescenta que é preciso cuidar, também, da drenagem de áreas alagadas e limpeza dos canais de irrigação.
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