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eletrificação rural
Assentados de Esmeralda (RS) recebem energia elétrica
A energia elétrica começa a chegar no assentamento Dom Orlando Dotti, em Esmeralda (RS), após a articulação do Incra/RS com a empresa responsável. O serviço foi disponibilizado nesta terça-feira (04) para 20 famílias, e outras 17 unidades devem ser contempladas nos próximos dias. A previsão é completar o fornecimento aos 120 lotes em etapas posteriores.
Serão construídos 29 quilômetros de rede necessários para a iluminação das residências. As obras iniciaram em fevereiro, mas o esforço da autarquia vem desde o ano passado, com a autorização da operação para a distribuidora, acompanhamento da liberação de licenças junto aos órgãos ambientais e o fornecimento da documentação dos beneficiários regularmente cadastrados no Incra.
“A chegada de energia elétrica ao Dom Orlando Dotti trará melhores condições para o desenvolvimento econômico dos assentados e contribuirá para a melhora da qualidade de vida das famílias. Nosso objetivo, além da titulação, é trazer dignidade ao público assentado levando infraestrutura e desenvolvimento aos assentamentos”, pontua o superintendente regional do Incra, Gilmar Tietböhl.
As primeiras famílias a receberem a luz elétrica optaram pela ligação monofásica, sendo incluídas no programa de “Eficiência Energética” da concessionária, o qual viabiliza os padrões medidores gratuitamente.
Na opinião do assentado José Rosalvo Nunes, a mudança de vida e de rotinas será significativa. “Dificultava muito conservar os alimentos perecíveis. Tínhamos de fazer charque ou salame para conservar a carne por mais tempo, por exemplo. Não podíamos planejar nada a longo prazo porque dependíamos dessa estrutura. Agora já dá para pensar em projetos”, afirma.
O primeiro plano é investir na produção leiteira para fins de comercialização, atualmente voltada somente para o consumo próprio. “Estávamos no escuro, hoje o sonho se torna realidade por completo”, comemora Nunes, que está no local desde a formação do assentamento.
O outro grupo de moradores adquiriu os medidores por conta própria. Eles vão acessar redes bifásica ou trifásica, conforme a carga de equipamentos declarada por cada família.
Sebastião Roberto Marques já possui um resfriador para leite e, recentemente, comprou uma centrífuga para extração de mel, pensando na expansão comercial de suas atividades produtivas.
“O nosso maior problema era a falta de luz. A gente fazia tudo manual e acabava tendo de produzir apenas para o consumo. Eu tenho 10 caixas para criação de abelhas, que eu mesmo construo. A gente tirava o mel manualmente para a família, agora vou poder ampliar para a venda", planeja o agricultor.
Ele também pretende incrementar a lavoura com sistemas de irrigação de água para minimizar efeitos dos frequentes períodos de estiagens. Marques comercializa o excedente da produção de milho, feijão, cebola roxa e ervilha, entre outros itens.
História
O assentamento Dom Orlando Dotti foi criado pelo Incra em 2015. As famílias foram homologadas na Relação de Beneficiários do instituto a partir de 2019 - anteriormente a ação estava suspensa pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão 775/2016).
Parte dos assentados se dedica à produção de hortigranjeiros (especialmente feijão, mandioca e batata-doce), frutas e demais produtos coloniais para comercialização nas proximidades. Também há no assentamento bovinocultura de corte e de leite.