Notícias
Produção
Assentados celebram primeira safra de arroz agroecológico após enchentes no Rio Grande do Sul

Lavoura de Viamão, onde ocorre o evento, é a maior entre os assentamentos gaúchos - Foto: Incra/RS
A 22ª Festa da Abertura da Colheita do Arroz Agroecológico no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão (RS), vai celebrar a primeira safra após as enchentes de maio do ano passado, que devastaram várias áreas de lavouras na Região Metropolitana de Porto Alegre.
O já tradicional evento, promovido pelo Grupo Gestor do Arroz Agroecológico – entidade organizada pelas famílias assentadas –, nessa 22ª edição acontece na quinta-feira, 20/03/2025.
A expectativa é colher cerca de 14 mil toneladas, cultivadas em 2.850 hectares – um resultado considerado pelo Grupo como muito positivo para a retomada. “Voltamos a produzir e com excelência”, comemora Nelson Krupinski, da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) e do Grupo Gestor do Arroz. Ele lista três fatores que contribuíram para esta produtividade: o clima favorável, o manejo tecnológico adotado pelo Grupo Gestor e o uso de bioinsumos.
O manejo das lavouras tem sido qualificado com pesquisa junto às famílias e parceria do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Aliadas ao uso de bioinsumos na preparação dos solos, no plantio e pós-plantio, as técnicas têm favorecido a produção, o desenvolvimento das plantas e o controle de insetos e fungos.
Auxílio
Fundamental também foi a organização das famílias por meio das cooperativas, do Grupo Gestor do Arroz e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Diante da destruição com as enchentes no ano passado, a resiliência das famílias foi determinante. “Perdemos 30% da produção. Tivemos vários danos na parte da infraestrutura. Pensamos: vamos ver o que tem e o fazer o que gente sabe fazer”, lembra Kruprinski.
Bombas, canais, rede elétrica, entre outros, foram afetados nas áreas de produção inundadas. Para esta safra, as famílias providenciaram o que foi possível. “Teve área bombeando água de trator, canais feitos na última hora”, conta o agricultor.
Dois convênios celebrados entre o Incra/RS e as prefeituras municipais de Eldorado do Sul e Nova Santa Rita vão apoiar a reconstrução da infraestrutura para as próximas safras. As parcerias foram celebradas em dezembro de 2024 e vão destinar ao todo R$ 4,3 milhões - recursos abertos pelo Governo Federal em crédito extraordinário pela Medida Provisória 1.260, de 30 de setembro de 2024.
Em outra frente de auxílio do Governo Federal, Krupinski ressalta a doação de 718,8 toneladas de sementes de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em outubro de 2024, que viabilizou a safra. Para além do apoio após a tragédia, o agricultor pondera: “falta política pública de enfrentamento da crise climática”.
Dados
A produção do arroz orgânico envolveu, nesta safra 2024 / 2025, 290 famílias de 17 assentamentos em onze municípios gaúchos. O grão é beneficiado pelas cooperativas dos agricultores assentados e comercializado por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e também em feiras, supermercados e na rede de lojas Armazém do Campo.
A festa acontece no maior assentamento do Rio Grande do Sul, onde está a lavoura mais extensa de arroz orgânico da reforma agrária. Criado em 1998, em uma área de 9,5 mil hectares com 375 famílias, o projeto Filhos de Sepé tem uma condição especial. Está localizado integralmente dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande. Além disto, 2,5 mil hectares do assentamento foram cedidos pelo Incra ao estado do Rio Grande do Sul para a criação do Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos – uma unidade de conservação de uso restrito.
Por esta configuração, a produção sem a utilização de venenos é também exigência da legislação ambiental. O cuidado constante com a agroecologia e a sustentabilidade foi reforçado pela inauguração, em 2023, da Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi - a primeira biofábrica do Grupo Gestor do Arroz para produção de fertilizantes biológicos.
Histórico do arroz
O grão livre de veneno é uma forte marca da reforma agrária no Rio Grande do Sul. Os primeiros plantios ocorreram em 1998 / 99, em assentamentos da região metropolitana de Porto Alegre.
O Incra/RS participou ativamente da implementação desta cadeia produtiva por meio da oferta de crédito, de assistência técnica e de infraestrutura, especialmente. Reforma e ampliação de Unidades de Beneficiamento (em Nova Santa Rita e em Tapes), aquisições de silos e equipamentos, implantação de Unidade de Beneficiamento de Sementes e de unidades de recepção/controle, secagem e armazenamento (em Eldorado do Sul) foram viabilizadas, nas últimas décadas, por meio do Programa Terra Sol.
Historicamente, a autarquia também investiu em infraestrutura, como, por exemplo, a pavimentação de estrada vicinal para escoamento da produção em Nova Santa Rita, realizada em 2017.
Contratação de horas-máquina para preparação de solo e sistematização de lavouras, e de serviços de limpeza de canais foram ações pontuais também executadas pelo Incra/RS que beneficiaram a consolidação do arroz agroecológico em assentamentos gaúchos.
Serviço
O que: 22ª Festa da Abertura da Colheita do Arroz Agroecológico
Onde: Assentamento Filhos de Sepé, Viamão (RS)
Data / hora: 20/03/2025, a partir das 9h
Acompanhe também as notícias e os comunicados do Incra pelo WhatsApp.
Assessoria de Comunicação Social do Incra/RS
imprensa.rs@incra.gov.br
(51) 3284-3311 / 3309