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Assentados aumentam renda qualificando a produção no Espírito Santo
Nilson Matieli utiliza a apicultura como atividade extrativista. Foto: Incra/ES
Pensando na qualidade de vida de suas famílias, muitos beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) buscam alternativas para garantir a viabilidade econômica e a sustentabilidade de seus empreendimentos no Espírito Santo.
O empenho para tornar os resultados mais evidentes, a partir da qualificação dos processos produtivos e das escolhas acerca do que desejam produzir, transformou a realidade social e a história de vida de agricultores familiares em assentamentos criados pelo Incra localizados na região Sul capixaba, como é o caso do Cachoeira das Garças, no município de Mimoso do Sul.
Lá, o assentado Nilson Matieli Dias, com o apoio da esposa Rânglidia da Silva Romão Matieli, pelo fato de ter nascido e trabalhado na fazenda que originou a área de reforma agrária, sempre focou em diversas frentes produtivas para dispor o melhor à família. O assentamento, criado em 2011, conta com 70 famílias distribuídas em mil hectares.
Eles começaram sua trajetória com alguns bois para levantar capital e comprar bezerras. Hoje, uma das atividades desenvolvidas pelo casal é justamente a pecuária leiteira: um plantel de nove vacas e 11 bezerras. Mesmo com apenas cinco vacas em lactação, no mês de setembro do ano passado foram entregues a uma cooperativa da região cerca de 950 litros – o que resultou em uma renda mensal de mais de R$ 2,7 mil.
Parte do rebanho e a construção do curral têm origem no acesso a investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em 2019, no valor de R$ 25 mil, com vencimento da primeira parcela em 2023. E a fim de otimizar a produção, instalaram uma capineira no sítio que fornece silagem suficiente para alimentar o gado; e conforme o plantel seja expandido pretendem aumentar a área de pastagem.
A extração do látex (borracha) é outra atividade produtiva do local. São cerca de mil pés de seringueira plantados em dois hectares do lote da família, cultivados desde 2015 e com início de produção previsto para 2024 ou 2025. Além disso, os mil pés cultivados em sistema coletivo rendem por volta de R$ 1,3 mil por mês à família.
A apicultura é outra fonte de renda existente no assentamento. Explorada desde os tempos da fazenda, a atividade passou a ser melhor conduzida conforme a experiência adquirida. Foi intensificada em 2019 e 2020 até chegar aos atuais 15 enxames. Com a florada silvestre disponível entre os meses de setembro e outubro de 2022, foram coletados aproximadamente 100 litros de mel, rendendo R$ 6 mil. Nas melhores coletas, o mel e seus subprodutos chegam a gerar uma receita de R$ 15 mil a R$ 18 mil ao ano.
Matieli tem motivos de sobra para justificar a permanência no assentamento: “Quando agarra o pé fica difícil de sair. Aqui é um lugar muito bom, porque a localização é excelente, o acesso é fácil e a proximidade com as principais rodovias da região facilita bastante o escoamento de nossa produção”, defende o agricultor. Para 2023, eles esperam financiar a compra de um resfriador próprio e melhorar a qualidade do leite entregue à cooperativa, com o objetivo de reduzir os custos e elevar o preço de mercado.
Fruticultura
Os agricultores José Antônio da Silva Fernandes e Genair Tim, morando desde o início no assentamento, preferiram intensificar seus esforços no cultivo de frutas destinadas à produção de sucos, no plantio do café e na criação de animais.
De 80 pés de maracujá chegaram a colher mais de 500 quilos em apenas uma safra e, em 2022, de 120 pés de acerola foram colhidos cerca de 800 quilos, rendendo uma média de R$ 1,6 mil na entrega do produto a uma empresa fabricante de polpa em Mimoso do Sul.
O aipim e o milho plantados no lote são destinados ao consumo da família e à alimentação dos porcos e galinhas. Só a venda dos leitões gera uma renda anual de mais de R$ 4 mil. Além disso, o pequeno cultivo de cana-de-açúcar existente no sítio da família é transformado em garapa (suco) ou em aguardente no alambique instalado no local.
O café passou a fazer parte do espectro produtivo do casal a partir de 2017, quando foram plantadas as primeiras 1,6 mil mudas. De lá para cá, com o acesso ao Crédito Instalação, aplicado pelo Incra, na modalidade Fomento, em dezembro de 2018, no valor de R$ 6,4 mil, foram sendo cultivadas novas mudas e, atualmente, esse número beira os 3 mil exemplares. Com produção ainda pouco expressiva, o agricultor espera bons resultados à safra de 2023 com a adubação realizada no último ano e melhoria conforme o amadurecimento do cultivo.