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Assentados ampliam autonomia sobre o comércio de sementes orgânicas
Localizada no assentamento Estância do Camboatá/Roça Nova, em Candiota (RS), a 412 quilômetros de Porto Alegre, a Cooperativa Agroecológica Nacional Terra e Vida (Conaterra) tornou-se a mantenedora de 33 hortaliças – antes era de 19. Isso significa que ela está apta a produzir material genético básico e disponibilizá-lo aos agricultores. As sementes – que recebem a marca Bionatur – estão em fase de comercialização juntamente as com as demais variedades nas quais a entidade atua com multiplicadora.
O incremento foi autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em julho de 2020. Os plantios de verão – como mostardas, couves, cenoura e abóboras – iniciaram em outubro. Com o final da estação, eles passaram pela colheita e beneficiamento e agora entram no catálogo de vendas formado por espécies alimentícias, grãos e plantas recuperadoras do solo.
O material é livre de química sintética e de transgenia. Possui qualidade orgânica assegurada por auditoria externa e pelo sistema participativo de garantia da Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs). “Este tipo de insumo é requisito para implantação de hortas orgânicas”, comenta a engenheira agrônoma da Conaterra/Bionatur Nizieli Cazarotto Barbosa. Além disso, o fato das sementes terem origem varietal (selecionada dentro da mesma linhagem) e não híbrida (que gera descentes estéreis), permite aos compradores reproduzirem as plantas indefinidamente em casa.
Para os assentados, a nova condição evita que a Conterra/Bionatur precise adquirir material genético básico a fim de multiplicar as sementes e vender somente as gerações subsequentes. Agora está autorizada a atuar em todos os ciclos. A conquistada veio após um processo no qual a entidade comprovou estabilidade das características genéticas, aptidão para o cultivo orgânico e potencial germinativo das sementes ao longo de cinco anos.
Rede de cultivo
Até o momento, o trabalho envolve 264 campos de produção entre verão e inverno. Os terrenos são cultivados por 120 famílias assentadas em 13 municípios do Rio Grande do Sul.
Em Capão do Cipó, Afonso da Silva implantou um hectare da atividade no assentamento Nova Esperança. O espaço é ocupado por feijão, milho pipoca, abóboras e morangas ao lado de plantas recuperadoras do solo como mucuna, aveia preta e crotalária - também escoadas via Bionatur.
Aos 56 anos, Silva – conhecido como Nenê – explica que o manejo agroecológico é uma opção para proteger a saúde e o solo. Segundo ele: “É assim que vamos cuidar da terra e deixar uma vida de qualidade para nossos netos”. Além disso, o agricultor costuma trocar plantas e mudas, criando uma espécie de banco genético colaborativo. “Produzir o próprio alimento é segurança alimentar para o camponês. Se eu perder uma semente, em algum lugar alguém está produzindo para me devolver”, justifica.
Perspectivas
A Conaterra/Bionatur é formada por 350 agricultores e integra a Rede de Sementes Crioulas Agroecológicas Sul junto com outras entidades.
As bases do projeto coletivo são a produção de sementes e a implantação de pomares – dois segmentos com potencial para gerar alimentos e renda. Outra prioridade é resgatar as sementes crioulas como forma de manter a biodiversidade local.
Além do Rio Grande do Sul, a proposta busca incorporar famílias de Santa Catarina e de Minas Gerais para ampliar a diversidade e o volume disponibilizado. No exemplo da Campanha Gaúcha, onde fica a sede da cooperativa, as sementes surgiram como alternativa para dar resposta às características do solo e superar a distância entre os assentamentos e os centros consumidores, que dificultava a comercialização de produtos in natura.
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