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Assentadas criam associação de mulheres em Arroio Grande(RS)
Primeira reunião da Associação aconteceu em outubro, no galpão do lote de assentada - Foto: Incra/RS
Em Arroio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul, agricultoras de assentamentos estão se unindo formalmente para buscar melhorias e alternativas produtivas. A Associação de Mulheres Assentadas (AMA) já tem diretoria eleita e está elaborando seu estatuto e regimento.
“Temos um grupo só de mulheres no whats. Lançamos a ideia lá e já teve apoio”, conta a presidente da AMA, Juliana Silveira Souza. Na primeira reunião, em 23 de outubro de 2024, 20 agricultoras dos assentamentos Chasqueiro / Santa Rosa (Novo Arroio Grande), Potreiro da Torre e Santana participaram. “Nosso objetivo era unir os três assentamentos, conseguimos”, diz a agricultora, comentando que a diretoria eleita contempla esta representação.
O encontro aconteceu no galpão do lote de Juliana Souza, pois a sede do assentamento Chasqueiro foi danificada em um temporal há dois anos. Sua recuperação é um dos primeiros objetivos da AMA.
Outra prioridade definida em reunião é montar uma cozinha industrial, ampliando as linhas produtivas da região – onde a criação de gado de corte e leiteiro, ovelhas, hortas e lavouras da agricultura familiar predominam. “Queremos fazer pães, biscoitos, bolos. Gerar renda, diversificar. Nossos assentamentos são antigos. Precisamos de ideias novas, para que nossos jovens não vão embora”, afirma Juliana. Na próxima reunião, marcada para 15 de dezembro de 2024, as sócias vão inclusive levar as filhas, para que participem desde o início. “Queremos aproveitar as ideias delas, da juventude”.
A formalização da AMA está recebendo apoio do escritório local da Emater/RS e da experiência de uma associação das famílias do assentamento Santana. O próximo encontro acontecerá novamente no galpão e é aberto a mais assentadas do município interessadas. “Será uma confraternização de final de ano. Quem se interessar, pode comparecer”, diz Juliana.
Para a agricultora, a união das mulheres vai abrir possibilidades. “Toda mulher tem o sucesso dentro de si. As mulheres não precisam ficar à sombra de ninguém. A gente tem que se juntar, se apoiar. Confiar uma na outra. Aí conseguimos crescer. Somos multifuncionais”, afirma Juliana.
Inspiração
A criação da AMA foi motivada por outra experiência de mulheres assentadas, desta vez no Centro Ocidental Rio-Grandense, no município de Itacurubi. Em uma conversa por telefone, foi o relato de outra Juliana – a Silva de Vargas -, que inspirou a movimentação em Arroio Grande. “Eu falei para ela: olha, por que vocês não se juntam, não organizam uma associação de mulheres, para conseguirem mais coisas, recursos. Ter um CNPJ. E fui contando que nós aqui temos associação, que já tínhamos conseguido bastante coisas”, disse.
Em Itacurubi, Juliana Silva de Vargas integra a Associação das Mulheres do Assentamento Conquista da Luta, que reúne cerca de 30 agricultoras. Formalizada em janeiro de 2022, a entidade já conquistou recursos por meio de emendas para a implantação de uma cozinha, ainda não executada pela Prefeitura Municipal de Itacurubi, e aquisição de um trator – que vai auxiliar na produção das mulheres que pretendem ingressar no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Além disso, a articulação possibilitou oficinas e capacitações às assentadas e a organização de ações e festividades. Neste ano, foram destaque o curso de confeitaria que durou seis meses, e a participação em projeto produtivo de quintais do sindicato local, com reuniões mensais com as mulheres, entre outras ações.
“Além de criar associação, a gente tem que criar um lugar bonito para se viver. O assentamento é o nosso lugar. Tem que ter uma academia, uma praça, uma padaria. Tem que ter espaço de lazer e espaço de trabalho. Para conquistar estes espaços, tem que ter o CNPJ, é muito importante, para ir atrás de recursos”, afirma Juliana Vargas. Ela lembra que em Itacurubi o assentamento tem várias associações, além da das mulheres – que segundo a agricultora, é a primeira exclusivamente feminina formalizada em assentamentos gaúchos. “Tomara que a gente consiga motivar mais mulheres a se organizar”.
Para a reforma agrária, a união das mulheres pode significar ainda mais avanços. Dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalhados em estudo realizado por técnico do Incra/RS revelam que 51,9% dos estabelecimentos da reforma agrária no estado são dirigidos por mulheres. Além de serem a maioria, nestes estabelecimentos a Renda Familiar Bruta Média é mais alta.
A superintendente substituta do Incra/RS, Karina Piccoli, encoraja o protagonismo feminino nos assentamentos: “Não esperem que os homens façam isso por vocês. Façam acontecer”, afirma.
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