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Tragédia Climática
Alunos do Pronera mapeiam problemas após enchente em assentamentos do RS
Professor Tommasino (de preto) coordenou a elaboração coletiva dos mapas (Foto: Instituto Educar)
Durante a última semana, 40 educandos de Agronomia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) percorreram três dos assentamentos mais afetados pelas cheias de maio na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Lote a lote, auxiliaram na limpeza de espaços coletivos, na recuperação de hortas, pastagens e estufas, ouviram as famílias atingidas e identificaram seus principais impactos. Depois, elaboraram um “Mapa de Problemas” para a região, com auxílio de professores da Universidad de La República Uruguay (UDELAR).
“É uma ação de construção de conhecimento acadêmico para fins práticos”, afirma o professor da universidade uruguaia, Humberto Tommasino, responsável pela atividade juntamente com Jacir Chies, da coordenação do Instituto Educar – o curso de Agronomia é uma parceria entre o Instituto e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFs) por meio do Pronera. UDELAR e Educar mantêm ações acadêmicas e de extensão sobre Diagnósticos de Sistemas Agrários desde 2016.
Foram visitados os assentamentos Itapuí e Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita, e Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul. O professor uruguaio, José Luis Protti Rei, explicou que o trabalho utilizou dois métodos: construção de problemas e cartografia participativa. “Cada grupo trouxe a informação de sua experiência em cada lote, e compartilhou esta informação. Juntos, localizamos geograficamente estes problemas em um mapa, uma síntese geográfica dos problemas de onde estão trabalhando”.
Experiência
Mikael Lucas de Lima Souza, educando do curso de Agronomia, esteve no grupo que visitou o assentamento Integração Gaúcha. “Foi muito impactante ver os estragos causados pela enchente, ver as perdas das famílias. Mas uma das coisas que mais me chamou atenção foi ver que mesmo perdendo tudo, a família que eu visitei, não desistiu. Querem continuar produzindo”, relata.
Perguntado sobre os problemas que encontrou, ele enumerou: “traumas psicológicos, impacto ambiental extremo, contaminação de áreas com metais pesados, danos nas áreas produtivas e residenciais, ausência de políticas públicas, mudança endo-climática, perda da biodiversidade, contaminação dos animais que sobreviveram, saúde, falta de vacinas e apoio, perda de bancos de sementes, de máquinas e equipamentos, endividamento”.
Para ele, a questão da saúde mental deve fomentar novas atividades na parceria entre Instituto e a universidade uruguaia. “Avaliamos dar sequência nesta questão. Uma possibilidade é ter um grupo de auxílio na área da saúde mental, a partir das experiências em inundações no Uruguai”, informa Tommasino. Os colegas da universidade Matias Belbey e Diego Dombronsley, que trabalham com o tema, propõem uma abordagem de saúde coletiva como estratégia para situações críticas como a vivenciada no território gaúcho.
Ação
Para além do componente curricular, com experiência prática e reflexão coletiva em aula, a atividade é uma ação de extensão com possibilidade de direcionar políticas públicas. Os professores da UDELAR e o coordenador do Instituto Educar visitaram também, no dia 20 de junho, a sede do Incra/RS, em Porto Alegre, relatando a experiência ao superintendente regional, Nelson José Grasselli.
Para quem participou, como Mikael, o aprendizado foi grande. “Olhar para a situação do local atingido, fazer uma análise do problema como um todo, poder discutir em grupo, saber que dessa discussão pode sair uma solução para as famílias atingidas é muito gratificante. Ajudar uma família a voltar a produzir e ver um sorriso no rosto deles, já é muita coisa pra mim. Como estudante de agronomia, passar por esses processos é muito bom, a gente sente se preparando para qualquer situação”, afirma.
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