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Agroindústria de laticínios muda vida de assentados do Curimataú e do Brejo paraibanos
Nutrilê produz leite, iogurte, bebida láctea e queijo de caprinos e bovinos - Foto: Nutrilê divulgação
Um ano após ser inaugurada, a primeira agroindústria de produção de laticínios da reforma agrária da Paraíba garante renda e melhor qualidade de vida a dezenas de famílias assentadas e de pequenos produtores rurais das regiões do Curimataú e do Brejo paraibanos. A Nutrilê – Unidade de Beneficiamento de Leite foi instalada no assentamento Ernesto Che Guevara, no município de Casserengue, a aproximadamente 150 quilômetros da capital João Pessoa, e atualmente tem oito produtos registrados, incluindo leite, iogurte, bebida láctea e queijo de caprinos e bovinos.
A agroindústria é fruto do trabalho da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Caprinocultores e Ovinocultores do Curimataú Paraibano (Coopac), que reúne cerca de 90 sócios cooperados dos municípios de Casserengue, Barra de Santa Rosa, Picuí, Sossego e Guarabira. A entidade atua, desde 2019, na organização da rede de produção de leite de caprinos e de bovinos nas regiões do Curimataú e do Brejo.
“Saímos do nada para uma produção de mais de mil litros de leite por dia”, disse a presidente da Coopac e da Nutrilê, Josilene da Silva, 37 anos, da comunidade de agricultores familiares Santa Clara, também localizada em Casserengue.
Atualmente, os criadores ligados à Coopac possuem um rebanho de aproximadamente 715 matrizes e reprodutores caprinas, que produzem em média 2,29 litros por matriz, totalizando 1.640 litros diários.
Além do leite produzido em pequenas propriedades da agricultura familiar, a Nutrilê processa a produção de criadores de caprinos e bovinos de quase uma dezena de assentamentos da região.
As 13 famílias do assentamento Ernesto Che Guevara, onde está instalada a agroindústria, também produzem milho e possuem rebanhos de bovinos e de suínos de corte.
Josilene, que cria galinhas para corte e produção de ovos, contou que foi após a criação da Coopac que passou a se interessar pela caprinocultura e teve oportunidade de fazer cursos de manejo e de administração de medicação em caprinos. Começou com 25 cabras. Teve que vender os animais, mas em breve vai formar novo rebanho.
O dinheiro que conseguiu fornecendo leite e agora participando da administração da Coopac vem sendo utilizado por Josilene para promover melhorias na infraestrutura do lote onde mora com a família e para equipar a cozinha de casa com itens como panelas e xícaras. “Agora tenho um dinheiro a mais todo mês para ajudar nas despesas de casa. Estamos ajeitando o sítio. E já construímos um galpão e uma sala de ordenha para as cabras”, disse. “Não só eu, mas outras mulheres agricultoras estão tendo uma renda extra e se desenvolvendo desde que a cooperativa foi criada”, conclui.
Vendas
Parte da produção da Nutrilê é adquirida pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma ação do Governo Federal por meio do Ministério de Desenvolvimento Social (MSD), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estados e municípios. Os produtos da agroindústria também alimentam crianças da rede escolar pública por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Os contratos institucionais vigentes são da ordem de R$ 2 milhões.
Outra parte é comercializada nos mercados local e regional. Recentemente, os produtos da Nutrilê chegaram à capital paraibana, no Armazém do Campo do MST, inaugurado em 22 de junho deste ano - no bairro Castelo Branco III, bairro da zona Sul de João Pessoa.
A divulgação é feita principalmente por meio das redes sociais, como o Instagram, o Facebook e o WhatsApp.
Para o futuro, os cooperados da Coopac que fornecem à Nutrilê planejam comercializar seus produtos em todo o mercado privado da Paraíba.
Cooperativismo e profissionalização
Apesar de ter iniciado a produção de leite em 2019, a cooperativa foi registrada apenas em 2022. A Coopac realiza reuniões com os sócios cooperados todos os trimestres e segue os princípios do cooperativismo, com as sobras (ou o lucro obtido) sendo dividido entre os associados ao final de cada ano fiscal, de forma proporcional à participação de cada membro na cooperativa.
O trabalho na Nutrilê vai de segunda a sábado, com 12 funcionários nas áreas administrativa e de fabricação.
Quando atingiram a produção diária de mil litros de leite por dia, a Coopac buscou recursos junto ao Governo da Paraíba para a construção da sede da Nutrilê – Unidade de Beneficiamento de Leite, no valor de R$ 149 mil. Uma verba de R$ 400 mil destinada por uma deputada estadual garantiu a aquisição dos equipamentos para a fabricação dos laticínios.
Para dar mais profissionalismo aos produtos da Nutrilê, os agricultores recorreram ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que ofereceu duas consultorias, sendo uma voltada à construção da identidade visual e marketing dos produtos e outra voltada à área administrativa. Outra parceria com o Sebrae permitiu a fabricação das embalagens.
Uma outra parceria com o Campus III da Universidade Federal da Paraíba, em Bananeiras, distante 30 quilômetros de Casserengue, proporcionou a realização de cursos de capacitação para os cooperados para a produção de iogurte, queijo coalho e ricota.
Melhoramento genético
Em abril deste ano, os rebanhos de 54 produtores ligados à Coopac receberam um reforço de 648 matrizes caprinas de aptidão leiteira, por meio de parceria com ao PB Rural Sustentável - projeto executado pelo Projeto Cooperar do Estado da Paraíba, financiado com recursos oriundos de empréstimo ao Banco Mundial e com contrapartida dos beneficiários. Cada produtor cooperado participante do projeto receberá 12 matrizes caprinas com produção diária de leite estimada em quatro litros.
O projeto para ampliação e melhoria genética do rebanho caprino dos agricultores ligados à Coopac envolveu recursos da ordem de R$ 1,24 milhão, incluindo uma contrapartida de R$ 200 mil em equipamentos e infraestrutura e R$ 100 mil em dinheiro por parte dos cooperados, com contribuição de R$ 2 mil de cada cooperado beneficiado.
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Assessoria de Comunicação Social do Incra/PB
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