Dia Mundial da Atividade Física: INCA destaca a prática do exercício como aliada na prevenção e controle do câncer
Dois estudos internacionais recentes, publicados entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, corroboram as orientações trabalhadas pelo pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), por meio do guia Atividade Física e Câncer: recomendações para Prevenção e Controle, sobre a importância da atividade física na prevenção e controle do câncer. Esses documentos internacionais mostram que a prática regular de exercício está associada a uma redução significativa do risco de desenvolvimento da doença, bem como melhora na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes.
Um deles, é uma pesquisa sueca, liderado por Kate Bolam e publicado no Jornal Britânico de Medicina do Esporte, abordou o câncer de próstata. Os dados de mais de 57.600 homens empregados, com idade média de 41,4 anos, revelaram que o aumento da aptidão cardiorrespiratória reduzia o risco de desenvolver câncer de próstata. Segundo os pesquisadores, quando comparados os homens com capacidade cardiorrespiratória aumentada com aqueles nos quais a aptidão diminuiu, houve redução de 35% de risco de incidência de câncer de próstata. Por isso, afirmam que melhorias na predisposição cardiorrespiratória em homens adultos devem ser incentivadas.
Já em relação ao câncer de mama, o estudo conduzido por Iain Timmins, do Instituto de Pesquisa em Câncer do Reino Unido, e publicado no Jornal de Oncologia Clínica, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), concentrou-se em mulheres na pré-menopausa. Ao analisar dados autorrelatados de 547 mil mulheres, foi identificado que níveis mais altos de atividade física no lazer estavam associados a uma redução de 6% a 10% no risco de câncer de mama. Segundo os pesquisadores, as evidências de que o exercício no lazer protege contra o câncer de mama na pós-menopausa são bem estabelecidas na literatura. Contudo, essa relação é menos clara para o câncer de mama na pré-menopausa, e é nessa fase da vida que ocorrem a maior parte dos diagnósticos em âmbito global.
Assim como nos estudos, para o INCA, ser fisicamente ativo é um passo valioso para prevenir o câncer. É importante lembrar que qualquer tempo e intensidade trarão benefícios para a saúde, como a prevenção de diferentes tipos de câncer. A recomendação, que faz parte do guia, de alcançar 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada é significativa, mas não é o único objetivo. O mais relevante é que as pessoas encontrem modalidades e tipos de exercícios que gostem e/ou se encaixem na sua realidade cotidiana. Assim, ao indicar a atividade física, é necessário que se considere preferências, disponibilidade de tempo e local apropriado para a prática. As possibilidades são muitas, desde aquelas feitas no dia a dia (como caminhar, andar de bicicleta, dançar, passear com o animal de estimação e praticar esportes recreativamente) até aquelas mais organizadas, como ginástica e musculação em academias ou estabelecimentos similares.
“Todo movimento conta. Mesmo que não atinja o tempo recomendado, o hábito de se movimentar reduz o risco do desenvolvimento e da mortalidade por câncer, além de trazer outros benefícios para a saúde e para a qualidade de vida”, explica o profissional de educação física Fábio Carvalho, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA, que alerta ainda sobre as particularidades para cada tipo de câncer, contraindicações e possíveis efeitos adversos causados pelo tratamento. “É importante salientar, que a atividade física deve fazer parte do plano de cuidado e por isso é fundamental conversar com a equipe de saúde que acompanha o caso”, complementa.
O guia, produzido por meio de parceria institucional entre o INCA e as Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica (SBOC) e a de Atividade Física e Saúde (SBAFS), tem o objetivo de fornecer subsídios técnicos para fundamentar a prática clínica de profissionais de saúde, em especial aqueles envolvidos nas áreas de oncologia e de promoção da atividade física para pessoas maiores de 18 anos que têm ou tiveram câncer. Ele ratifica que, de maneira geral, se exercitar durante o tratamento oncológico é segura e tolerável, e apresenta baixo risco de eventos adversos e tem como benefícios a redução da fadiga. O informativo é o primeiro material de recomendações em língua portuguesa.
Além disso, o INCA, em conjunto com representantes da gestão estadual e municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), também mantém ativa uma rede de multiplicadores por meio da qual temas como a promoção da atividade física para a prevenção e controle de câncer são debatidos e ações são desenvolvidas em todo o Brasil.
Dicas para recomendar atividade física para pessoas que têm ou tiveram câncer
Segundo o guia, a prática de atividades físicas durante o tratamento oncológico melhora o estado psicossocial e a qualidade de vida, e evita o comprometimento funcional, além de promover a melhoria e prevenir distúrbios do sono. Além disso, o hábito de se movimentar potencialmente está associado à redução da dor, melhora da função cognitiva e sexual, cardiovascular e a redução da cardiotoxicidade. E ainda auxilia no controle de mudanças importantes de peso corporal e massa muscular, como excesso de peso e caquexia do câncer.
Cuidados, contraindicações e motivos para interromper a prática de atividade física
A prática de atividades físicas é contraindicada na presença de infecções, incluindo celulites; hérnia ou infecção relacionada à ostomia; febre, dor intensa ou qualquer dor no peito ainda não investigada. Pessoas com sintomas de desequilíbrio devem evitar atividade física mais intensa e de maior risco de queda. Pessoas com metástase óssea, osteoporose ou ostomia devem evitar atividades de contato físico (futebol, handebol e basquetebol, por exemplo).