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Dia Nacional de Combate ao Câncer 2024
Pesquisadores defendem cuidado integral no SUS a pacientes com câncer hereditário
“A identificação de uma pessoa com predisposição hereditária ao câncer é uma oportunidade ímpar para otimizar tratamentos e também para identificar familiares em risco e ainda sem câncer que irão se beneficiar de ações preventivas”. A análise é da professora associada do Departamento de Genética e do núcleo permanente dos programas de Pós-Graduação e Biologia Molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Patricia Ashton-Prolla, durante evento no INCA que marcou o Dia Nacional de Combate ao Câncer 2024.
Ela proferiu a conferência “Oncogenética: importância da criação de uma linha de cuidado integral do paciente com câncer hereditário no SUS”. Ashton-Prolla lembrou que no contexto conhecido de que entre 30 e 50% dos cânceres são preveníveis, “praticamente todos os cânceres hereditários seriam passíveis de prevenção”.
Miguel Moreira, pesquisador da Coordenação de Pesquisa e Inovação do INCA, enfatizou que aproximadamente 10% (anualmente, 50 mil ocorrências no País) dos casos de câncer têm como fator principal a predisposição hereditária. Por outro lado, o indivíduo que apresenta essa variante hereditária possui risco muito maior do que a população em geral para o desenvolvimento de câncer, e bem jovem.
Até mesmo por isso, lembrou Patricia Ashton-Prolla, é importante identificar quem, apesar de parentes terem desenvolvido algum câncer, não é suscetível à doença, porque a alteração que causa o risco a pessoas de uma mesma família não é herdada por todos os seus membros. “Isso faz uma diferença enorme não só para essas pessoas, mas também para o sistema de saúde que está pagando essa conta – porque deixar de fazer o que não é necessário é muito importante também.”
Ela explicou ainda que o conhecimento da oncogenética para o controle do câncer resulta em ações preventivas e de reduções de risco que são exemplificadas em vários estudos internacionais. Para isso, o teste genético é ferramenta inicial de identificação do câncer hereditário, mas não o suficiente para atingir os maiores objetivos da oncogenética. A professora argumentou que a tradução desse conhecimento para a criação de uma linha de cuidado integral da pessoa com câncer hereditário no SUS contribuirá para o controle do câncer no Brasil.
O coordenador substituto de Pesquisa e Inovação do INCA, Luiz Felipe Ribeiro Pinto, defendeu o incentivo a cada vez mais pesquisas nacionais em função das características únicas do povo brasileiro. “Quem importa dados acaba com as mãos vazias”, resumiu.
O diretor-geral do INCA, Roberto Gil, reafirmou o papel da instituição no enfrentamento ao câncer hereditário: “Temos um compromisso muito grande com essas pessoas que foram, infelizmente, determinadas geneticamente com uma potencialidade maior de desenvolvimento [do câncer], e que a gente tem que oferecer soluções para que isso não aconteça; e se acontecer, que aconteça numa fase da doença em que ela seja curável”.
A conferência de Patricia Ashton-Prolla foi seguida de debate sobre o tema mediado por Luiz Ribeiro Pinto. Além da professora, os debatedores foram Miguel Moreira e a diretora substituta do Hospital do Câncer III do INCA, Maria Fernanda Barbosa. O evento foi apresentado por Mônica Torres, da Coordenação de Pesquisa e Inovação.
Veja a íntegra do evento na TV INCA.